Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Leandra Francischett

Foto do site Profissão Moda
Policiais militares de Porto Alegre também estão autorizados a
usar bermudas para amenizar o calor. 

 O dress code (código de vestir) rende algumas polêmicas, ainda mais quando contraria a ordem vigente. As questões culturais pesam bastante e as opiniões se dividem. Homem de saia pode? Na Escócia é permitido.

E bermuda no trabalho? Na Índia, em geral, os homens não saem de casa de calção ou bermuda porque não se sentem bem, mesmo com o calor de mais de 40º C.

E no Brasil, como fica? Neste verão, o movimento “Bermuda Sim”, lançado pelos amigos cariocas Ricardo Ruliere, Vitor Damasceno e Guilherme Anchieta, surgiu praticamente como uma brincadeira e rendeu proporções nacionais. “Verão, a estação em que a temperatura varia de calorzinho ao inferno na terra. Agora imagine pegar ônibus, trânsito, andar na rua ou respirar nesse calor. Pior, de terno! Pensando neste problema de saúde pública surgiu o #BermudaSim! Um movimento nacional pelo uso da bermuda no trabalho. Também apoiamos o abandono do terno, da gravata e dos tecidos pesados”, escreveram.

Até mesmo no Sul, onde o calor é um pouco mais ameno, foi grande a adesão. Em Curitiba, desde o dia 30 de janeiro, motoristas e cobradores de Curitiba podem usar bermudas no trabalho. Conforme reportagem divulgada na Rede Paranaense de Comunicação (RPC), a medida foi tomada após a constatação de que a sensação térmica dentro das estações-tubo pode chegar a 57 graus.

Em Porto Alegre, os policiais militares de Porto Alegre também aderiram ao movimento e o novo uniforme é composto por bermudas, camisetas e sandálias.

 

Um refresco para os funcionários da Kaco Pneus

Na Kaco Pneus, o uniforme adotado no verão é uma bermuda comprida para os homens, o que também facilita o

Na Kaco Pneus, o funcionário opta entre bermuda 
e calça. Neste dia, Alexsandro Lazario 
estava de bermuda, por causa do calor.

trabalho. Melissa Faust, consultora empresarial, inclusive da Kaco Pneus, considera que tudo depende do ramo da empresa e do trabalho que o colaborador presta. “Acho que a bermuda é aceitável nesses dias de calor exagerado. Mas com alguns ambientes de trabalho definitivamente não combina, pois passa uma imagem de informalidade. Depende de cada empresa, do tipo de trabalho que realiza e do perfil de clientes que atende. Se houver ar condicionado, não há necessidade de adotar bermuda.”

Melissa relata que a Kaco Pneus tomou esta medida a pedido dos colaboradores e optou por usar a bermuda como uniforme para manter o padrão. O funcionário pode escolher se deseja trabalhar de calça ou bermuda.

ffMarcello Tomasi, vendedor, não trabalha de bermuda, mas gostaria. “Acho que existem várias maneiras de usar bermudas no trabalho sim, mas infelizmente quem decide são os patrões. Cada caso é um caso, mas bermudas jeans e de sarja são sempre curingas, lembrando sempre de usar o bom senso na questão do comprimento.”

“Como é para opinar aquilo que sente, minha resposta é sim. Acredito que quando estão mais confortáveis (é claro que depende do lugar e da ocasião), as pessoas se sentem melhor, rendem mais, são mais simpáticas, enfim, acredito que não é a roupa que faz a pessoa”, defende Valdenice Silva, diretora de escola.

“Aliás, com o calor que vem fazendo nos últimos meses, este tipo de roupa nos dá mais liberdade e também ânimo no desempenho das funções, pois nos locomovemos com mais facilidade, principalmente sem aquele insuportável calor”, completa Wagno Antônio da Silva, professor.

 

Os sem-terno

Glória Kalil, consultora de estilo e negócios, referência quando o assunto é moda, postou o texto “Os sem-terno”, no seu site (chic.ig.com.br), no qual comenta que, há 14 anos, o banqueiro carioca Jorge Paulo Lemann, um dos brasileiros mais ricos do mundo segundo a lista da revista Forbes, aboliu para o mundo financeiro o uso de terno e gravata.

“A partir de uma resolução pessoal de que só usaria roupas esportivas e leves – o que faz todo sentido numa cidade alucinantemente quente como o Rio –, JP Lemann mudou os hábitos dos altos executivos da cidade, que imediatamente adotaram a ideia. Hoje em dia, como disse um funcionário de uma corretora financeira, “só usa terno no Rio quem não chegou a milhão na poupança”. Pois a coisa está ficando mais democrática e mais radical e os menos milionários também estão reivindicando o direito não só de usar roupas esportivas no dia a dia de bancos, repartições e outras entidades institucionais, como estão até querendo usar bermudas! (...) O #bermudasim vai pegar? Depende só de uma coisa: vontade dos homens - e um João Paulo Lemann rico e poderoso puxando a fileira”, escreveu Glória.

As altas temperaturas, características de um país tropical como o Brasil, são marcantes também em Beltrão. Aline Mara, psicóloga, vê esse movimento como algo inovador dentro das empresas, uma mudança que traz o bem-estar ao funcionário, podendo até melhorar o desempenho de suas atividades. “Acredito que aqui em Beltrão as empresas que têm uma política de funcionamento mais flexível, bem como uma visão focada nos seus funcionários, adotariam sim. Existindo regras, limites, padrões de uso e momentos, por que não?”

 

Tudo depende

A questão gera polêmica e há quem defenda que a escolha depende da profissão e do setor. “Depende do local, no escritório, na rua sim, mas em hospitais, trabalhos que dependem das calças para ser seguro, não”, destaca Neli Borba Villwock

“As pessoas têm que aprender a se adaptar com o ambiente, por isso existem regras e regras devem ser seguidas ou o que vocês acham se um sacerdote ou padre ministrar uma missa com camiseta e bermuda? O ser humano reclama demais. Há lugares e lugares”, opina Jaqueline Cruz, locutora da Rádio Anawin.

Marizete Busatta, empresária, também acha que bermuda no trabalho não combina. “Em nenhum setor público. Estou me referindo a qualquer trabalho, pois a impressão é de desleixo para com o outro. Acho que a bermuda é a mesma coisa das havaianas. Isso se usa nas horas de folga ou na praia, temos que nos portar no trabalho com responsabilidade, postura de pessoas qualificadas, e a bermuda não mostra isso. Se eu for a algum lugar e alguém me atender assim, não acredito no que a pessoa fala.”

 

Confira alguns “bermudamentos”

O site bermudasim.com.br apresenta os mandamentos da bermuda. O “Bermudamentos” nada mais é do que regras bem-humoradas para evitar gafes na hora de escolher esta peça.

1 - Bermuda só a partir dos 29,8°C.

2 - Tamanho da bermuda: três dedos acima ou abaixo do joelho.

3 - Short de surfe não é bermuda.

4 - Uniforme de time não é bermuda.

5 - Samba-canção... ah toma vergonha na cara.

6 - É proibido usar floral. Proibido! Em qualquer lugar!

7 - Dia de reunião, nada de bermuda!

8 - Não é porque está de bermuda que pode usar regata.

9 - Se mais de duas pessoas zoaram sua bermuda, é porque ela não é apropriada. Não repetir a bermuda mais de duas vezes na semana.

Não força, vai...

 

Dica

Tenha sempre uma calça na gaveta. Vai que surge um compromisso importante.

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