Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Nesta primavera-verão, o homem abraça o seu lado feminino ao incluir no guarda-roupa masculino a sensibilidade da renda. O material delicado que domina muitas das criações de alta-costura chegou à ala masculina, tendo sido uma presença regular nas passerelles dedicadas a esta estação quente. Porém, este não é um exclusivo das montras do luxo e começa a chegar ao retalho.

Para aqueles que ainda questionam a ideia de que o reinado da fluidez de género na sociedade em geral teve as suas raízes no mundo da moda (ver Acordes andróginos), o trabalho de Christopher Bailey dissipa todas as dúvidas. O diretor criativo e CEO da Burberry há muito que tem lutado contra o conservadorismo tradicional da marca, providenciando atualizações de moda a cada estação.

Como tal, o designer é uma espécie de termómetro da moda, tendo apresentado propostas que vagueiam do estampado animal às paletas de cor estilo David Hockney, passando mesmo pelos acabamentos metálicos que lembram o papel dos rebuçados.

Não obstante, para a primavera-verão 2016, Bailey levou as coisas para uma direção mais delicada, nomeando a coleção de homem “Strait-Laced”, o designer estava a referir-se à abundância de renda e não ao puritanismo (a expressão “straitlaced” está relacionada com a moral e bons costumes).

burberry3A utilização de rendas no vestuário masculino é, porém, uma tradição antiga, considera Astrid Andersen, que tem recorrido ao material em coleções que, no entanto, virtualmente dialogam com o machismo. «A renda foi originalmente criada para os homens porque o bordado era muito feminino. Acho interessante como a nossa sociedade e papéis de género mudaram isso», referiu a designer dinamarquesa de moda masculina ao The Independent. «Quero retratar sempre um look que reflete tanto o lado masculino, como o lado sensível do homem e jogar com tecidos femininos sempre esteve na minha identidade de design», acrescenta.

E quando se trata de rendas, a designer sabe do que fala, tendo vindo a colaborar com a Sophie Hallette, uma casa de renda francesa criada em 1887. «Trabalho em estreita colaboração com a Sophie Hallette para usar apenas os materiais mais premium e preciosos», destaca Andersen. «A renda é um material impressionante. Adora trabalhar com ela. E a cada temporada quero mostrar isso de formas novas e interessantes».

Andersen afirma ainda que a «fragilidade emocional» do tecido harmoniza com os homens que a inspiram, mas não é, reconhecidamente, um tecido para todos.

«É ousado», reconhece Darren Skey, responsável de moda masculina na Harvey Nichols. «A renda parece incrível na passerelle, especialmente na Gucci, onde as cores fortes e os embelezamentos florais representam o trabalho artesanal na coleção. Mas pode ter dificuldades em traduzir-se em vendas comerciais», admite. Skey conhece o sector. Recentemente, os grandes armazéns londrinon criaram um novo departamento de moda masculina depois de nove meses de transformações, uma prova da atual importância do segmento (ver Moda para eles).

«Pode ser complicado, para este tipo de peças, funcionar no guarda-roupa de todos os dias», advoga Skey. «A chave é escolher uma peça declaração e garantir que o restante look é mais discreto, para balançar», acrescenta Skey, aconselhando, por exemplo, uma camisa de renda combinada em camadas com uma t-shirt branca.

 


Fonte: The Independent 

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