A nova experiência
Experiencias hiperpersonalizadas estão no centro da economia da experiência este ano, com os consumidores a preferirem experiências memoráveis em vez da compra de produtos.
O Van Alen Institute lançou um leilão online onde os aficionados do design podem fazer uma oferta por experiências raras com nomes conhecidos da indústria. Nas viagens, a Icelandair acrescentou um toque pessoal com um programa de estadia com um serviço gratuito que deu aos passageiros a possibilidade de acompanhar um funcionário, que agiu como uma espécie de guia.
Os consumidores querem ter uma influência maior nas suas experiências. «As marcas terão de trabalhar duramente para responder à procura do consumidor pelo único e irrepetível», aponta o WGSN.
O toque
2017, decreta o gabinete de tendências, é o ano do toque e do tato. No ano passado, a exposição da Academia de Design de Eindhoven no Salão do Mobiliário foi batizada Touch Base. Thomas Widdershoven, diretor criativo, explicou que «a tatilidade é uma declaração política, humana e social».
Na tecnologia, os ecrãs táteis estão a tornar-se ainda mais reativos ao toque, com os investigadores a criarem uma biblioteca de texturas para mimetizar o que experienciamos ao toque na vida real. No design, a Studioilse usou uma técnica da Unesco para criar mobiliário que provoca uma resposta tátil.
A revolução da empatia
O ano de 2017 será igualmente o ano do design compassivo, centrado no ser humano. Como explica a designer Helena Kjellgren ao WGSN, «é irrelevante perguntar como podemos desenhar, se não começarmos por desenhar para compreender».
A designer Doremy Diatta é uma pioneira nesta área. A empatia está no centro do seu trabalho, que explora como é que o design pode melhorar a condição humana. Cofundadora do Matter-Mind Studio, foca-se no design que cria empatia com a experiência emocional da pessoa.
O Museum for Healing é um exemplo desta revolução da empatia. Albergando uma série de eventos, está a criar um espaço de partilha e cura para a comunidade aprender, ouvir, criar empatia e partilhar. Como afirma um orador citado pelo WGSN, «não precisamos de ter um curso em compaixão, é algo que na verdade é acessível e começa com o outro, independentemente de quem seja o outro».
Reparar o mundo
O design está cada vez mais vocacionado para um bem maior, com a sustentabilidade a tomar a dianteira na lista de preocupações.
A Suécia introduziu uma redução dos impostos sobre as reparações para encorajar as pessoas a pagar para arranjar as coisas e combater a cultura de deitar fora. Uma ideia que tem a ver com pensar mais “verde” e fazer com que as coisas durem mais.
A Design for Progress é uma plataforma de angariação de fundos lançada no seguimento da eleição presidencial de 2016 nos EUA. Descrita pela Vice como «uma loja humanitária de uma paragem só», pretende proteger as questões que mais necessitam de apoio sob uma presidência Trump – como igualdade de raça, mudanças climáticas, direitos de homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais e imigração.
O designer francês Maxime Benvenuto propõe o Ministério do Humanismo, que tem como meta criar um mundo em que queiramos viver. Baseado na igualdade e tolerância, este projeto representa a busca pela paz mundial.
Em 2017, acredita o WGSN, este tipo de design vai crescer, tornando-se «uma força para a mudança positiva».
Tempo a sós
O bem da humanidade pode estar na mente dos designers e consumidores, mas há igualmente uma revolução a solo em curso. O Quiet Revolution é um movimento que criou uma comunidade para introvertidos. Já existem os introji – os emojis para os introvertidos – assim como design de escritório que serve aqueles que procuram isolamento. Susan Cain, cofundadora do Quiet Revolution, explica que «a solidão é um ingrediente crucial na inovação».
Este tempo a sós está igualmente a invadir o turismo e a restauração, com uma pesquisa da OpenTable a dar conta que as refeições a solo aumentaram 110% entre 2013 e 2015.
«Estar só, em silêncio, sem distrações, é um luxo, e as marcas irão tentar dar exatamente isso», acredita o WGSN.
A nostalgia está aí
Em 2017, as marcas vão visitar as memórias, com o design retro a ser catapultado para o século XXI. As marcas vão explorar os seus arquivos e voltar aos logótipos de 1960, como fizeram a Co-op, a Shell e a MasterCard.
Estamos a viver numa era de nostalgia e cada ano está ainda mais nostálgico. O crítico de cinema Charlie Lyne considera que «a Internet concentrou a nossa perceção do que é novo, mas também nos deu inúmeras formas de revisitar o antigo. A nostalgia já não é algo que nos apanhe de surpresa. Agora é algo que nós conscientemente procuramos».
Do regresso da série Twin Peaks ao sucesso de Stranger Things em 2016, a nostalgia está a tornar-se numa força cultural. Familiar e calmante, o design nostálgico permite às marcas responder à ideia dos “bons velhos tempos”. «Depois da agitação política em 2016, esperamos que esta nostalgia se intensifique, com mais marcas a romantizarem o passado», aponta o WGSN.
Techtopia
A tecnologia vai ser usada para relaxar, desde apps que ajudam a descontrair a retiros digitais, que vão impulsionar uma nova era de intimidade através da Internet. O Camp Calm, por exemplo, é um workshop virtual de 30 dias para meditação. Já o artista na Internet Rafaël Rozendaal criou o website Blank Windows, onde os utilizadores rearranjam um número infinito de janelas brancas – a ideia é acalmar.
A Techtopia marca a capacidade emocional do mundo virtual, mostrando o lado mais suave da tecnologia.
Fuga de cérebros
Com uma pesquisa da Microsoft a mostrar que a capacidade de atenção está a diminuir devido à sobrecarga digital, estamos a ficar com cérebros esgotados. E com a brevidade a dominar, a reduzida capacidade de atenção está a mudar os hábitos de consumo.
63% das pessoas estão agora dispostas a pagar mais por uma experiência mais simples, com menos a tornar-se menos e a significar ainda mais. As marcas já estão a reagir a estas alterações, reduzindo as escolhas. A PER/se cria apenas um casaco a cada dois meses. O foco está em fazer uma coisa bem feita, oferecendo um antídoto ao excesso de opções.
A realidade, indica o WGSN, é que demasiada oferta pode prejudicar a performance da marca. É por isso que a Ikea reajustou o seu website recentemente, passando de mais de 10 categorias na barra de cima para apenas quatro. A Tesco também decidiu retirar 30 mil produtos das suas prateleiras em 2016, numa tentativa de tornar as compras mais fáceis.
Com 68% dos cestos online a serem abandonados, a paralisia para análise é um problema crescente. «Parece que o que precisamos não é de mais escolha, mas de menos. A atenção do consumidor está fragmentada e as marcas têm de se lembrar disso», sublinha o WGSN.
Inteligência poética
Este é o ano em que os computadores se tornam criativos. A Berlin Quarterly já publicou poesia escrita por um computador na primavera de 2016, enquanto a Machina é a primeira revista com curadoria de uma máquina. O Magenta está também a avançar o estado da arte gerada por máquinas. Este projeto de investigação da Google está a desenvolver algoritmos para que os computadores possam criar arte e música sozinhos. Além disso, os investigadores criaram inteligência artificial que consegue desenhar e gerar objetos físicos em 3D sem intervenção humana.
Lembranças, lembranças
Formas emergentes de recordar estão a assumir protagonismo. O Memorials for the Future é um concurso de design que explora o que o futuro pode trazer para os memoriais. Também a An Occupation of Loss está relacionada com esta ideia – uma instalação de arte com enlutados profissionais que fazem rituais de luto de todo o mundo, numa ode à forma como lidamos e lembramos a perda.
O aumento de vídeos testemunhais nos EUA também sugere uma nova abordagem ao luto e à recordação de quem partiu, refletindo um enquadramento mental em que os consumidores querem ter mais controlo sob a forma como são lembrados.
A memória coletiva é outro tema emergente. A Palimpsest é uma experiência de realidade virtual que junta o passado, o presente e o futuro no mesmo local, com o objetivo de criar uma memória coletiva de um espaço urbano.
«Em 2017, o design comemorativo será mais explorado, à medida que procuramos novas formas de recordar e refletir», conclui o WGSN.