Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Depois de seis meses – de fevereiro a julho – de quebras homólogas no valor das exportações mensais de têxteis e vestuário, os efeitos da pandemia de Covid-19 eram já evidentes nos mais diversos níveis do setor, conforme evidenciavam os índices de conjuntura publicados mensalmente pelo INE.


Entre janeiro e agosto, de acordo com os dados preliminares do INE, o valor das exportações portuguesas de têxteis e vestuário acumulou uma descida de 13,5% relativamente ao período homólogo de 2019, para 3.063,16 milhões de euros. Este resultado surge na sequência de uma descida de 12,9% nas exportações destinadas ao mercado Intra-UE27 (totalizaram 2.274,98 milhões de euros), enquanto as exportações destinadas ao mercado Extra-UE27 registaram uma descida de 15,0% (totalizaram 788,17 milhões de euros).

5 principais mercados de exportação

Entre os cinco principais mercados de destino das exportações portuguesas de têxteis e vestuário não se registam alterações nos primeiros oito meses de 2020 em comparação com o período homólogo de 2019, mas verificam-se algumas alterações ao nível da representatividade e do desempenho.
A alteração mais evidente é a perda de representatividade de Espanha, que nos primeiros oito meses de 2019 era responsável por 30,7% das exportações portuguesas de têxteis e vestuário e, em igual período de 2020, caiu 4,7 p.p., para 26,0%.

Enquanto o mercado espanhol evidencia uma quebra de 26,8%, o mercado francês aumentou 6,4% e o germânico permaneceu praticamente inalterado. Por sua vez, tanto o mercado britânico como o americano evidenciam quebras, de 6,2% e 8,2%, respetivamente.

No caso do mercado espanhol, a quebra ocorre fundamentalmente na sequência da descida no valor das exportações de vestuário, que perdeu 275,21 milhões de euros, com o vestuário de malha a cair 29,6% e o vestuário em tecido a cair 38,0%.

Com base nos dados preliminares do Eurostat, nos primeiros oito meses do ano as importações espanholas desceram 20,6% no vestuário de malha e 25,0% no vestuário em tecido. De facto, as importações espanholas caíram em praticamente todos os capítulos, com a exceção do capítulo 63 (outros têxteis confecionados), associada fundamentalmente à importação de máscaras de proteção.

Segundo os dados preliminares do INE, Portugal exportou, de janeiro a agosto de 2020, aproximadamente 17,28 milhões de euros de produtos da posição 6307 90 98 para Espanha, representando um crescimento de 372% em relação a igual período do ano anterior.


Fonte: Análise do CENIT com base nos dados do INE


5 principais produtos exportados

Com base nos dados do INE para as exportações portuguesas de produtos têxteis e de vestuário, nos primeiros oito meses de 2019 as primeiras cinco posições (com uma quota conjunta de 83%) foram ocupadas por vestuário de malha (capítulo 61), com uma proporção de 41%; vestuário exceto malha, normalmente referenciado como vestuário em tecido (capítulo 62), com uma proporção de 19%; outros têxteis confecionados, que inclui a grande parte dos têxteis lar (capítulo 63), com uma proporção de 12%; tecidos impregnados e revestidos (capítulo 59), com uma proporção de 6%; e pastas, feltros, falsos tecidos e cordoaria (capítulo 56), com uma proporção de 5%.

Considerando os dados preliminares, há duas alterações significativas ao nível da representatividade das exportações dos cinco principais capítulos de produtos: a quebra de representatividade do vestuário em tecido, que perdeu cerca de 2,7 pontos percentuais (p.p.) após registar uma descida de 25,8%; e o aumento dos outros têxteis confecionados, que conquistaram cerca de 4,0 p.p. de representatividade.

Para além dos principais mercados de destino do vestuário em tecido terem sido particularmente afetados pela pandemia, com particular destaque para Espanha, as posições mais representativas do vestuário em tecido (6201 a 6206) estão fundamentalmente associadas ao vestuário formal (normalmente utilizado em contexto de trabalho e social) e de inverno, precisamente os tipos de produtos mais afetados pela atual pandemia.

Por seu lado, as exportações de outros têxteis confecionados (capítulo 63, que representa atualmente cerca de 16% das exportações) registaram uma subida homóloga de 16,2% nos primeiros oito meses de 2020 (para 479,34 milhões de euros). O desempenho desta categoria resulta principalmente do comércio externo de máscaras de uso pessoal (produtos da posição 6307 90 98), que aumentou mais de 700% em termos homólogos, para 116,30 milhões de euros de janeiro a agosto. Efetivamente, isolando as quatro subcategorias de produtos associadas aos têxteis-lar (i.e., posições 6301 a 6304), verifica-se uma descida de 13,5% no valor das exportações.

De destacar também o ganho de representatividade das pastas, feltros, falsos tecidos e cordoaria (capítulo 56), cujas exportações cresceram 5,8% e elevaram a quota destes produtos para os 6,7%.


Fonte: Análise do CENIT com base nos dados do INE


5 principais regiões exportadoras

Com base nos dados do INE relativos a 2019, destacam-se em Portugal cinco regiões NUTS III exportadoras de têxteis e vestuário, que em conjunto foram responsáveis por 82,4% das exportações: Ave (com uma quota de 33,2%), Área Metropolitana do Porto (20,6%), Cávado (17,0%), Tâmega e Sousa (7,7%) e Região de Aveiro (3,9%).

Apesar do desempenho em todas estas regiões ser negativo nos primeiros oito meses de 2020, em algumas verifica-se uma variação menos negativa.

É o caso da região do Cávado, onde a quebra ficou nos 2,1%, um desempenho menos negativo do que a queda de 13,5% verificada a nível nacional. No caso do Cávado, o desempenho negativo verificado ao nível dos tecidos de malha e do vestuário de malha (cujas exportações conjuntas diminuíram 40,89 milhões de euros) foi parcialmente compensado pelas exportações de outros têxteis confecionados (capítulo 63), que aumentaram 28,26 milhões de euros em termos homólogos – um desempenho que poderá ser explicado pelo facto das máscaras de proteção estarem incluídas nesta categoria.

A região NUTS III mais afetada ao nível das exportações foi a do Tâmega e Sousa, que viu as suas exportações diminuírem 27,9% entre janeiro e agosto, com uma perda de 76,05 milhões de euros em relação ao mesmo período de 2019. A região foi afetada pela quebra nas exportações de vestuário em tecido (capítulo 62), com um peso de 55%, que perderam 41,0%, equivalente a 74,98 milhões de euros.

A região do Ave foi também afetada, com descidas na grande maioria das categorias de produtos, acumulando 184,13 milhões de euros de perdas. De ressalvar o desempenho dos tecidos especiais e tufados (capítulo 58), com uma subida homóloga de 44,5%.



Fonte: Análise do CENIT com base nos dados do INE


5 principais mercados de importação


O desempenho positivo verificado nas importações de origens extracomunitárias e, em particular, o crescimento nas importações de produtos do capítulo 63 resultam principalmente do comércio externo de máscaras de uso pessoal (produtos da posição 6307 90 98), cujas importações aumentaram 1.344%, em termos homólogos, para os 250,11 milhões de euros de janeiro a agosto de 2020, com 76% destas importações a originarem na China.

Entre as cinco principais origens das importações portuguesas, o único país que evidenciou um crescimento no valor foi a China, cujas importações aumentaram 139,50 milhões de euros nos primeiros oito meses do ano. De referir que esta evolução resultou predominantemente do crescimento de 4.579% registado nas importações dos produtos da posição 6307 90 98, na qual estão incluídas as máscaras de proteção e cujas importações aumentaram 185,85 milhões de euros.

Este desempenho colocou a China na 2.ª posição entre as principais origens das importações portuguesas de têxteis e vestuário, ultrapassando a Itália, que passou a ocupar o 3.º lugar entre os principais fornecedores nacionais.


Fonte: Análise do CENIT com base nos dados do INE


5 principais produtos importados

De janeiro a agosto e com base nos dados preliminares do INE, observou-se uma descida homóloga de 15,6% no valor das importações portuguesas de têxteis e vestuário (para 2.422,12 milhões de euros), resultado conjunto da descida de 24,2% registada nas importações de origem intracomunitária (para 1.517,93 milhões de euros) e da subida de 4,3% nas importações de origem extracomunitária (para 904,19 milhões de euros).

Considerando em particular agosto, verificou-se uma quebra de 10,1% no valor das importações, aliviando assim a quebra de 20,7% verificada em julho e afastando-se da quebra verificada em abril, em que foi registada uma diminuição de 33,0% no valor das importações, quando comparado com igual período de 2019. De salientar que, relativamente ao corrente ano e em termos de comparação homóloga, Portugal conta com oito meses consecutivos de quebra nas importações de têxteis e vestuário.

Nos primeiros oito meses do ano, observa-se uma alteração significativa ao nível da representatividade das importações entre os cinco principais capítulos de têxteis e vestuário: o aumento nas importações de outros têxteis confecionados (capítulo 63), as quais quase triplicaram em relação ao período homólogo de 2019. Com efeito, a quota deste tipo de produtos cresceu dos 4,4% entre janeiro e agosto de 2019 para os 14,5% em igual período do corrente ano.



Fonte: Análise do CENIT com base nos dados do INE


5 principais regiões importadoras


Encabeçadas pela Área Metropolitana de Lisboa com uma quota de 35,3% do total, as cinco principais regiões NUTS III importadoras de têxteis e vestuário representaram uma proporção de 77,6% das importações nacionais deste tipo de produtos registadas em 2019. Nas posições seguintes ficaram as regiões de: Área Metropolitana do Porto (17,5% das importações), Ave (16,2%), Tâmega e Sousa e Cávado (ambas com 4,4%).

Os primeiros oito meses do ano não trouxeram alterações a esta listagem, que permanece encabeçada pela Área Metropolitana de Lisboa com uma proporção de 31,9% do total de produtos têxteis e de vestuário importados por Portugal.

Em termos de evolução no valor das importações, a região do Cávado foi a que evidenciou a menor quebra, com uma descida de apenas 4,4% de janeiro a agosto. Esta quebra foi menos acentuada devido ao efeito do crescimento nas importações de vestuário de malha (subida de 35,9%) e de outros têxteis confecionados (subida de 613,2%). De referir que 88% destas importações de vestuário de malha foram provenientes de origens intracomunitárias.


Fonte: Análise do CENIT com base nos dados do INE

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