Observa-se um fluxo crescente das importações de produtos têxteis no Brasil, normalmente oriundos da China. De uma lado, varejistas e importadores em busca de margens maiores de lucros, ou as vezes buscando alternativas para o sistema atual de venda no atacado de grandes marcas e confecções, e de outro a indústria têxtil buscando reconquistar o espaço perdido.
Se por um lado as importações abrem espaço para ganho de maior lucro e alternativa de quantidade e valor mínimo de compra. Para que o leitor possa ter uma ideia melhor, o sistema de venda de produtos têxteis, em especial na China, permite que micro empresários possam fazer compras regulares e frequente com o pedido mínimo de 1 (uma) peça, enquanto que no Brasil a grande parte da indústria de confecção exige um valor mínimo ou quantidade mínima de compra que as vezes, em momentos de não qualificação de comprar a prazo, deixam de vender quantidades menores, ou quando atendem, atendem com o saldo de estoque.
Contudo, não irei entrar no mérito da sistemática de venda da indústria, porém, aponto que a importação de produtos têxteis é uma mão dupla, onde importamos o produto e enviamos o capital e a mão de obra, portanto, uma mão dupla que pune o sistema da cadeia produtiva têxtil como um todo. Se alguns defendem que a cadeia produtiva têxtil deve "quebrar" por "falta de competência", estes que assim pensam, não conseguem ter a visão sistemática da cadeia, não conseguindo visualizar que a quebra de uma microempresa que empresa 2 funcionários, impacta diretamente sobre 8 postos de trabalho que participem desta cadeia. Ou seja, a quebra de um empresário brasileiro representa, de forma bastante simplificada, menos empregos, que refletem em menos pessoas com renda, que reflete em menos dinheiro disponível para compra de produtos finais e consequentemente, a retração financeira do varejo que cada vez irá demandar menos produtos... ou seja, um ciclo vicioso e não virtuoso.
Sabemos que o governo não possui uma política real e efetiva, contudo, defendo que a indústria precisar repensar o modelo adotado atualmente, focado no perfil sócio-econômico dos Brasileiros e dos novos empreendedores/varejistas de forma a conseguir virar o jogo. Somente a união de toda cadeira produtiva têxtil permitirá uma contra-ofensa em dois "drivers": 1) contra a importação focando o aumento da qualidade, diferenciais e preço; e 2) contra a atual forma de tributação e gestão tributária do governo em cima da indústria têxtil.
Se importar, inicialmente é a solução, certamente, em breve, poderá ser o início de uma crise sem precedentes que poderá trazer prejuízos incalculáveis a cadeia produtiva têxtil.
Leandro CD Silva - MsC. Administração, Coordenador do curso de Relações Internacionais, Administração (EaD), Processos Gerenciais (EaD) e sócio proprietário da empresa GRIFFE SA.
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Perfeito! Temos que abandonar a autofagia, urgentemente. Todo confeccionista tem que saber dos problemas dos cotonicultores e vice versa.
Antonio, se não mudarmos o nosso modo de pensar e ver as coisas. Se persistir o modo atual de enxergar a cadeia produtiva, em breve seremos apenas uma vaga lembrança da potência que podemos ser!
Não concordo que os segmentos têxtil e de confecção devam "quebrar" mas é que por falta de competência, conforme mencionado acima, estamos caminhando nessa direção. Em termos de gestão muitas de nossas empresas e empresários ainda estão em estágio embrionário. Temos muito o que aprender e implementar em nossas organizações. Nesse meio tempo muitas empresas irão desaparecer do mercado e as mais bem preparadas irão permanecer.
Robinson
Robinson, concordo que a má gestão (ou a falta de gestão) é algo que impacta de forma nociva na melhor competitividade de nossa cadeia, mas é impossível pensar que lá fora as cadeias estão alinhadas com os governos e as "FIEMGS, FIESPS, FIERJS, associações de classe e de comércio" no intuito de concorrerem de forma mais efetiva, e aqui, por enquanto, não vejo esta reação, já que ainda somos regidos por questões políticas e não por compromissos econômicos-empresariais. Abordei isso de forma mais direta em meu última livro "Manual para empreendedores sem dinheiro" onde mostro que não há uma política para financiamento de produção e muito menos política pública para incremento da gestão de todos os elos participantes da cadeia!
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