Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Incubadora de moda dá suporte para a criação de novas marcas e ideias

Projeto foi criado pelos estilistas Beto Neves e Vanessa Rivera.

Os estilistas Beto Neves e Vanessa Rivera, fundadores da empresa CompleXcidade - Fabio Rossi / Agência O Globo

Criada em 2016 pelos estilistas Beto Neves e Vanessa Rivera com o objetivo de dar suporte para a criação de novas marcas e para moldar ideias, a incubadora de moda CompleXcidade fez tanto sucesso que se desdobrou em pop-up. Assim nasceu a Complex, aberta há dois meses no Boulevard Rio Shopping, em Vila Isabel, reunindo uma série de novos talentos da área da moda, inclusive nomes de instituições como Senai Cetiqt e estilistas da região. Entre os novos talentos e empresários da área de moda que se beneficiaram dos ensinamentos da incubadora estão Julia Macedo, da Vila da Penha; e Sabrina Ramos, de Del Castilho, proprietárias, respectivamente, das marcas Hey Jules e Sebastiana. Julia tinha acabado de se formar quando conheceu a CompleXcidade:

— Terminei o curso de moda no Senai Cetiqt no ano passado. Tinha começado a desenvolver uma roupa para usar à noite, mas acabei não conseguindo concluí-la. Então resolvi realizar o projeto na incubadora. Minha inspiração foram os sites estrangeiros, roupas com bastante preto, sendo a peça principal um vestido reversível entre o prata e o preto — detalha a estilista. — A incubadora foi essencial para isso. Sem ela, eu não conseguiria desenvolver a marca. Não saberia nem como começar. Todos me ajudaram muito. Consegui espaço para divulgação em eventos e feiras de moda. O Beto (Neves) já tem clientela própria, que compra diretamente com ele. E em seus eventos temos a oportunidade de mostrar nosso trabalho para esses clientes — completa.

Neves diz que Julia cumpriu bem o papel de sua intenção original.

— São roupas com brilho e transparência para a noite. A Julia criou as peças pensando em usar com as amigas, e fez um belo trabalho — comenta.

Também formada pelo Senai Cetiqt, Sabrina Ramos começou a trabalhar com vestidos de noiva. Até desenvolver uma peça que mudou o rumo de sua carreira.

— A minha marca, Sebastiana, surgiu depois que terminei o curso. É uma homenagem a São Sebastião. Antes, trabalhei no mercado como coordenadora de estilo de uma indústria têxtil. Assim que passei a investir no negócio próprio, produzia peças exclusivas e, principalmente, vestidos de noiva. Até que um dia, em meados de 2015, quando me sentia acima do peso, quis fazer uma saia que coubesse em mim no momento, mas também que servisse mais para a frente, pois estava em processo de dieta. Algo flexível, versátil, slow fashion, para o corpo inteiro. Quando minhas amigas viram a peça, surtaram — brinca.

Sabrina Ramos criou um vestido para sua marca, Sebastiana, em diversos manequins - Gabriel Santos / Divulgação

Sabrina, então, resolveu investir na novidade. No fim daquele ano, já entrara de cabeça em sua criação:

— Em dezembro, tinha todos os meus casamentos planejados para 2015 e, ao programar o ano seguinte, pensei em dar um gás nas saias. Quando eu vi, as noivas não tinham mais espaço na minha agenda. Só mesmo alguns vestidos para as amigas. Aproveitei e melhorei a matéria-prima e o acabamento das saias, tornando-as mais duráveis — explica.

Sabrina usa conceitos sustentáveis ao desenvolver sua coleção, sem desperdício, voltada para causas solidárias.

— Toda vez que nasce uma saia, utilizamos os restos de tecidos para produzir bolsas, que acompanham o vestido; e turbantes para serem doados a mulheres com câncer do Hospital da Lagoa. Não geramos nada de lixo têxtil, nem um mísero pedacinho — garante a estilista.

Beto Neves é fã:

— A peça virou um case. É uma saia que vira vestido, tomara que caia, ombro só, além de ser saia. Mas é uma saia de mil e uma utilidades, para magras e gordinhas. Modela, se adapta ao corpo — elogia.

Sabrina diz que a incubadora foi fundamental para o desenvolvimento do negócio:

— Depois que comecei a participar, passei a enxergar o que eu precisava para fazer a marca crescer. Eu me formei estilista, não aprendi a ser empresária. E isso a CompleXcidade me ensinou a ser. Eu havia trabalhado em uma empresa enorme, mas só tinha aprendido parte do processo — diz Sabrina. — Hoje tenho uma equipe que me ajuda e trabalha comigo. Temos uma mídia social bacana e até site.

Beto Neves explica que é fundamental que os participantes da incubadora acreditem em seus sonhos:

— Todas essas marcas aqui expostas têm por trás o sonho de divulgar o seu trabalho. Têm as suas etiquetas e seus CNPJs. Damos vida às ideias das pessoas. Queremos ajudar a criar novos negócios. Mostrar-lhes que essas ideias podem virar negócio. Trabalhar a ideia e as possibilidades. Além disso, o cliente está comprando produtos nacionais, ajudando a estimular a moda carioca e brasileira — acrescenta.

O projeto CompleXcidade capacita pessoas que desejam abrir ou já têm negócio envolvendo moda, vestuário ou ateliê de figurino. Ele é dividido em três módulos: criação, produção e comercialização. E conta ainda com uma equipe de conselho consultivo composta por profissionais do mercado que colaboram com a orientação profissional dos inscritos e o desenvolvimento do próprio negócio.

Vanessa Rivera diz que o projeto surgiu na Faculdade de Administração:

— Eu e Beto já éramos estilistas, mas não nos conhecíamos. Então ingressamos no curso de Design de Superfície, do Senai Cetiqt do Riachuelo, que acabou não acontecendo por falta de alunos. Decidimos fazer Administração, pois queríamos voltar a estudar. E nos conhecemos no primeiro dia de aula. Dois estilistas caídos de paraquedas ali. E adoramos o curso. Percebemos o quanto a administração era necessária para as pessoas ligadas à moda. Esses profissionais passam por diversos problemas de gestão diariamente porque não têm a formação necessária.

Julia Macedo, moradora da Vila da Penha, criou a marca Hey Jules, de peças feitas para sair à noite, com as amigas - Gabriel Santos / Divulgação

O projeto da incubadora foi o trabalho de conclusão de curso de Neves que, desta forma, materializava a ideia da CompleXcidade, como explica Vanessa:

— Esse é o grande lance do projeto. Trazer para a moda a parte dos negócios. Não trabalhamos só com criação, modelos, produção. Mostramos como gerir isso de maneira saudável, para que um trabalho tenha início, meio e fim.

Para Neves, as contribuições da Zona Norte para a moda da cidade vão além da Hey Jules e da Sebastiana.

— A região influencia muito a moda no Rio. Tem a pegada afro, os bailes. Madureira é um exemplo, com seus camisões de hip hop e o Mercadão como referência. O Parque Madureira e a Quinta são locações. A moda não sai apenas da Zona Sul — opina.

POP-UP LEVA MARCAS AO CONSUMIDOR

Aberta em novembro, no segundo piso do Boulevard Rio Shopping, a pop-up (espécie de loja temporária que dá oportunidade para pequenos estilistas venderem suas marcas) Complex está fazendo sucesso. O projeto é da incubadora CompleXcidade, que funciona na Lapa, e a loja só deve funcionar até o meio deste mês.

— Estamos tentando conversar com a diretoria do shopping para ver a possibilidade de continuarmos. Não é certo ainda se sairemos ou ficaremos. Normalmente essas pop-ups estão mais concentradas na Zona Sul. Já atuamos em outros pontos de venda, tais como feira

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