Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A indústria brasileira, que ensaiava uma retomada no início deste ano, começou a sentir os efeitos da pandemia do novo coronavírus. O tamanho do estrago ainda é difícil de quantificar, mas negócios de pequeno, médio e grande porte têm sentido queda na demanda, dificuldade para conseguir insumos e matérias-primas, além de uma diminuição na oferta de crédito para capital de giro.

Segundo levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 734 empresas no fim de março, 92% das companhias estão sofrendo um impacto negativo por causa da pandemia – apenas 3% sentem um efeito positivo. “O consumidor desapareceu, está em casa. O impacto atual está sendo bastante violento”, resume Renato da Fonseca, gerente-executivo de pesquisa e competitividade da CNI.

 

 

 

Trata-se de crise sem precedentes, que tende a se espalhar por diversos segmentos do setor industrial, avaliam economistas e especialistas ouvidos pelo Valor. Um dos principais ramos afetados é o de bens de consumo duráveis e semiduráveis, prejudicado pela queda na demanda interna e externa, assim como a falta de insumos importados de países como a China.

No setor de eletroeletrônicos, 24% das empresas operam com paralisação total ou parcial da produção, conforme sondagem da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Em fevereiro, a produção da indústria elétrica e eletrônica caiu 7% em relação ao mesmo mês de 2019, quando a principal preocupação era receber materiais e componentes da China.

Na indústria têxtil, 97% das companhias já sofreram impacto, com cancelamento de pedidos de clientes e receio sobre o abastecimento de insumos, de acordo com pesquisa da Abit, entidade que representa o setor. “O desafio das indústrias é sobreviver sem receita, com a fábrica sem ter como produzir. Também temos reclamações de problemas de transporte de produtos e insumos”, aponta Fonseca.

O impacto ainda é pequeno comparado com o cenário provável para abril, prevê Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Isso porque o Brasil não chegou ao auge da epidemia, o que dificulta mensurar os efeitos negativos na produção do setor industrial

Pesquisa divulgada na semana passada pelo Ibre/FGV mostra que 43% das empresas do setor perceberam que a atividade foi afetada. Além disso, 68,5% dos industriais acreditam que serão impactados pelo surto de coronavírus nos próximos meses. Entre os ramos menos prejudicados estão alimentos e indústria farmacêutica que, mesmo assim, estão preocupados com o fornecimento de matéria-prima, diz a economista.

Entre os especialistas, é consenso de que a recuperação da atividade no setor depende do período de distanciamento social e do conjunto de ações propostas pelo governo federal para aliviar o caixa das empresas e ampliar o acesso a linhas de capital de giro. “A recuperação vai ser muito lenta. A indústria estava começando a ganhar fôlego, e agora demos um passo atrás”, observa Viviane.

Para João Mauricio Rosal, economista-chefe da Guide Investimentos, o cenário torna difícil o planejamento de curto prazo, tanto de pagamentos quanto de recorrer a modalidades de empréstimo. Segundo ele, o foco agora deve ser a gestão da crise, com o objetivo de minimizar os impactos, como redução da capacidade produtiva, possíveis demissões de funcionários e encerramento de operações de fornecedores. “Num segundo momento, quando essa travessia for cumprida e comece a se deslumbrar um horizonte um pouco mais longínquo, aí as empresas vão precisar reconstruir essa cadeia”, afirma.

Rosal lembra que alguns setores, como logística e transportes, são estratégicos para o quadro atual, garantindo o suprimento de produtos e serviços necessários. A tendência é que segmentos ligados a itens básicos e de subsistência, tenham capacidade de absorver o choque de maneira menos dolorosa. A velocidade da retomada como um todo, diz ele, vai depender da manutenção das relações com os empregados e com o sistema financeiro para acesso a crédito. “Conseguir empregar a mão de obra demora muito tempo, ainda mais se isso ocorrer de maneira massiva.”

Para os especialistas, a obtenção de empréstimos para capital de giro não tem sido tarefa fácil entre os industriais, principalmente negócios de pequeno e médio porte. “O dinheiro chega ao banco, mas não sai. O risco é grande, então o banco não empresta”, diz Fonseca.

FONTE: Valor Econômico – Jornal impresso – Especial pág.:F2

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