Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Fábricas investem em tecnologia para diminuir a dependência dos escassos recursos hídricos atuais Fernando Granato
fernando.granato@diariosp.com.br

Gustavo Epifanio/Diário SP Fábrica da Bonfio conseguiu reduzir em dez anos 90% do consumo de água Fábrica da Bonfio conseguiu reduzir em dez anos 90% do consumo de água

Na mira da Sabesp em tempos de seca, os maiores consumidores de água da região metropolitana de São Paulo, quase todos do ramo industrial, investem em tentativas de reduzir a dependência dos recursos hídricos. A Sabesp visitou os 300 maiores consumidores e ministrou palestras sobre o uso racional de água.

No total de consumo, a indústria responde por apenas 2% do que é retirado os rios. O setor residencial fica com 87% e o comércio, com 9%. Os outros 2% ficam com o setor público. Ainda assim, a indústria preocupa pelo grande volume dispensado a poucos clientes. Para se ter uma ideia, o setor têxtil, por exemplo, consome cerca 20 bilhões de litros por ano apenas com tingimentos
 
Alegando sigilo contratual, a Sabesp não quis fornecer a lista dos maiores consumidores. Mas sabe-se que os segmentos da indústria que mais consomem água são: alimentos e bebidas, indústria têxtil, mineração e siderurgia. Papel e celulose, petróleo e derivados químicos e automóveis são os demais no ranking de grandes usuários de recursos hídricos.

No caso das indústrias de alimentos e bebidas, um litro de cerveja consome por exemplo 155 litros de água na sua preparação. No setor têxtil, um quilo de malha tingida necessita de 110 litros de água. Já na área de celulose,  a produção de um quilo de papel consome 540 litros de água.
 
Se todas as indústrias brasileiras reutilizassem a água que compram das concessionárias, liberariam cerca de 1,65 bilhão de litros por dia, suficientes para abastecer constantemente 8,2 milhões de pessoas. Estimativa feita pela Hidrogesp, empresa especializada em geração, captação e tratamento de água, entretanto, informa que apenas 1% das indústrias faz o reaproveitamento.

Setor têxtil investe na reutilização da água
O setor têxtil, um dos  que mais consomem água em seus processos, especialmente no acabamento dos tecidos, que envolve etapas como tingimento e o preparo do linho, saiu na frente no reaproveitamento dos recursos hídricos. Segundo Alfredo Bonduki, presidente do Sinditêxtil-SP, o sindicato da categoria, a reutilização da água fez com que o consumo diminuísse cerca de 90% nos últimos dez anos.

No tingimento, muitas fábricas que chegavam a gastar 110 litros de água na produção de um quilo de tecido agora não utilizam mais do que dez litros. Ainda assim, o gasto é muito alto em consequência do grande volume de produção: no Brasil, são produzidos por ano mais de 2 milhões de toneladas de tecidos.

“Os indicadores do setor ainda podem melhorar, especialmente entre as empresas de pequeno e médio porte, com menor capacidade de investir em tecnologias ambientais”, disse Bonduki. Sua empresa, a Bonfio, investiu mais de R$ 1,3 milhão em equipamentos e gasta R$ 43 mil mensais com tratamento de água.

Entrevista

Rubem Porto, Professor da USP

Planejamento estava certo se não fosse a seca

Professor da USP, Rubem Porto é uma das maiores autoridades do país em engenharia hidráulica e acredita que os investimentos feitos pela Sabesp não serão suficientes para atender a demanda por água gerada por uma seca completamente atípica em São Paulo.

DIÁRIO_ Alguns críticos têm dito que o último grande investimento da Sabesp para o abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo foi em 1974, com a construção do Sistema Cantareira. Isso é verdade?
RUBEM PORTO_ Não é verdade. Muito foi feito de lá para cá. Por exemplo a expansão do Sistema Rio Grande, o  sistema de bombeamento do Rio Juquiá, o programa de controle de perdas e o programa de reutilização da água nas feiras livres. Isso só para citar alguns casos. O problema é que essa seca foi completamente atípica, a pior desde 1953.

E o sistema não será capaz de atender a demanda gerada pela seca?
O planejamento de médio e longo prazo da Sabesp seria suficiente não fosse essa situação atípica. Diante desse fato, o que tem de ser feito é tentar diminuir o consumo e isso eles vêm tentando fazer.

Mas não podiam ter investido mais?
Sempre se pode investir mais. Mas isso não é feito em todos os setores do país, sobretudo em obras de infraestrutura. Ninguém quer antecipar obras milionárias antes que elas sejam realmente necessárias. Por isso não se investiu mais.

E continuamos com os mesmos recursos hídricos de 1974, apesar de a população ter aumentando?
Não. Isso não aconteceu. No Sistema Cantareira, por exemplo, a captação era de 11 metros cúbicos por segundo em 1974. Hoje é de cerca de 15 metros cúbicos por segundo.

MAIS

Sabesp suspende consumo mínimo
Consumidores que usam mais de 500 mil litros de água por mês, da indústria e comércio, foram chamados pela Sabesp a ajudar na tentativa de evitar o racionamento generalizado na região metropolitana por causa da seca histórica do Sistema Cantareira. Em razão disso, a Sabesp suspendeu a exigência de consumo mínimo para esse grupo, chamado de clientes de demanda firme.

500 mil litros de água por mês é o que define um grande consumidor

Empresa orienta para economia da água
Com isso, as empresas e indústrias que mantêm esses tipos de contratos, que têm duração de um ano e são renováveis, podem diminuir o consumo de água para um volume abaixo do mínimo acordado sem ter prejuízo financeiro. Além disso, a Sabesp informou que fez campanha para redução de consumo e  visitou pessoalmente todos eles com palestras de uso racional de água.

http://www.redebomdia.com.br/noticia/detalhe/66256/Industria+rema+c...

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