Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Indústria têxtil do Brasil pede na OIT ação contra dumping social

Indústria têxtil do Brasil pede na OIT ação contra dumping social

Por Assis Moreira | Valor

 

GENEBRA  -  A indústria têxtil brasileira defendeu na Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomendações firmes da entidade para evitar o dumping social no comércio internacional, principalmente por grandes produtores como a China, do setor que alcança US$ 700 bilhões por ano.

Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), admitiu no Fórum Global de Diálogo sobre têxteis, confecções, couro e calcados as diferenças no desenvolvimento de países produtores, mas insistiu que regras básicas sobre condições de trabalho e salários precisam ser seguidas por todos.

“Não se pode exigir a mesma coisa de Bangladesh, mas não se pode perder mercado para países com condições medievais (de trabalho) e tem que haver progressão”, afirmou. “Há que se respeitar as diferenças de economias, mas é preciso que gigantes como China e Índia sigam toda essa base regulatória.”

O executivo brasileiro lembrou que a China sozinha produz metade da oferta mundial de têxteis e detém 30% do comércio global. E agora parte de seus produtores está transferindo fábricas para outros países ainda mais baratos, como Vietnã.

A negociação tripartite, entre governos, empregadores e empregados, na OIT, envolveu recomendações para reforçar a aplicação de regras de trabalho, salários e horas extras, fortalecer negociações coletivas e ampliar o pagamento para mulheres, que são predominantes na área de confecções.

Para Fernando Pimentel, o Brasil está com padrões acima de outros países. Exemplificou que o máximo de hora extra por dia é de duas horas, com pagamento adicional de 20%. E a hora noturna no Brasil é de 53 minutos.

Mas vários países, grandes produtores, mesmo com compromissos internacionais não respeitariam um comércio leal. Para Pimentel, é especialmente importante que a OIT examine junto com a Organização Mundial do Comércio (OMC) as condições de trabalho na indústria têxtil e o impacto no comércio global.

“Às vezes, países não ratificam (as regras da OIT) ou ratificam mas não praticam. Um terço da produção é comercializada no mercado mundial. Há oferta excessiva, e cadeias globais de valor comandadas pelo grande varejo. O comando do mercado (de têxteis e confecções) se dá na ponta e não na indústria, como há vinte anos”, afirmou o executivo, apontando a situação da indústria.

A OIT divulgará nos próximos dias um texto consensual de recomendações, mas cada país acaba agindo como quer. Existe a esperança de a pressão internacional funcionar de algum modo, pelo menos sinalizando que as práticas de cada um vêm sendo monitoradas e que o consumidor está cada vez mais atento ao modo de produção.

 

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Sim... façam o que digo...mas não façam o que eu faço e fiz durante muito tempo.

Ande nas ruas do bairro do Brás, na rua Bresser aqui de São Paulo... durante anos utilizamos e ainda usamos a mão de obra mais barata dos bolivianos, chilenos,  nossos irmãos paranaenses, mineiros, goianos, e mais recentemente os mato grossenses.

Não usemos o argumento de que estamos combatendo veementemente a exploração, blá,blá,blá...

Caminhe nas ruas, veja como as roupas são enviadas e retiradas de oficinas e facções...as condições de trabalho.... não só das grandes marcas... não façamos propaganda...deixemos isso para os políticos... (ou  vamos nos candidatar como o  presidente de instituições de nossa classe ? aí tudo bem... sinalizamos o caminho que estamos procurando para resolver os problemas....

A indústria de confecção é usuária de mão de obra intensiva, tornou-se nômade na década de 80 do século passado. O mundo se globalizou, e a busca interna que os países como o nosso fazia por mão de obra barata tornou-se mundial. Nós que não aceitamos isso e ficamos recolhidos , e ainda estamos, debaixo do protecionismo de nosso mercado, e continuamos a coisa de mão de obra barata internamente até então.

Lógico que ninguém defende a exploração, escravidão, mas temos que entender o contexto econômico mundial e sua natural evolução econômica através do trabalho (único fator gerador de riqueza). Como nações pobres irão desenvolver-se economicamente senão houver trabalho? A evolução econômica ocorrida em toda sociedade industrial (lembra-se como eram as relações trabalhistas no passado de nosso país? dos EUA? De países europeus?) também se fará nesses países. Uma vez a riqueza gerada pelo trabalho ,  a evolução social e política fará essa riqueza gradualmente ser distribuída ao nível humanitário de vida. O único sistema que distribui riqueza sem que a mesma seja gerada é o socialismo e o comunismo que retira de quem tem mais (não sendo do partido) e dá para quem tem menos....(O problema com o comunismo-socialismo é que um dia o dinheiro dos outros acaba - M. Thatcher). Veja a evolução do consumo de carne, leite, proteínas da China nos últimos 30 anos. Porque eles aprenderam comer insetos, ratos no passado?

O que quero dizer que o instrumento capitalista se encarregará de fazer essa justiça social e econômica a esses novos países que sem dúvida se elevarão econômica e socialmente. Imagine um trabalhador do Brasil ganhar como se ganha um americano? Já pensou no impacto disso ? Veja que no Brasil estamos tentando aumentar a renda sem a contrapartida da produtividade, e olhe o que está acontecendo. Até onde o petróleo do pré-sal irá sustentar o país?

E não sejamos puritanos. Olhe o aparelho celular que está em seu bolso, ou no computador que você está lendo...quantos componentes não são feitos na Malásia, na China? Porque então queremos que quem compre roupa seja patriota?

O mundo mudou e nós temos que mudar. Fazer política não é a solução. Veja o exemplo de Portugal....eles estão tentando uma saída... sentaram na calçada choraram uma década, mas como nada mudou, levantaram e começaram a trabalhar e planejar e estruturar o futuro de seu segmento industrial da cadeia de confecção.

Vamos continuar chorando mais quanto tempo?

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