Indústria têxtil indiana transforma resíduo do algodão em biomassa e acende debate sobre oportunidades para o Brasil

A Índia inaugurou sua primeira planta industrial de torrefação de talos de algodão, iniciativa da Arvind Limited em parceria com a Peak Sustainability Ventures, com capacidade para processar 40 mil toneladas anuais de biomassa. O projeto, que visa substituir progressivamente o carvão utilizado nas caldeiras da empresa até 2030, transforma um resíduo agrícola abundante — geralmente queimado ou descartado — em combustível de maior eficiência energética. A estratégia dialoga com a crescente pressão global por fontes renováveis e por processos industriais mais limpos.


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A iniciativa indiana, embora restrita ao setor têxtil local, repercute internacionalmente por demonstrar como resíduos agrícolas podem ser convertidos em soluções energéticas de impacto imediato. A Arvind estima substituir, de início, 20% do carvão empregado em suas operações, sem necessidade de modificar suas caldeiras atuais. Além da biomassa, o projeto abre portas para a produção de biochar, material capaz de melhorar a qualidade do solo e estocar carbono, contribuindo para uma agricultura mais regenerativa.

Para o Brasil, maior produtor de algodão em pluma fora da Ásia, o anúncio reaviva um debate ainda incipiente: apesar da ampla disponibilidade do talo de algodão, o país não explora comercialmente esse subproduto em escala significativa. A baixa dependência do carvão industrial e a matriz elétrica majoritariamente renovável reduzem a urgência econômica por soluções semelhantes. Contudo, especialistas apontam que, mesmo sem pressão energética, a conversão de resíduos agrícolas em biomassa poderia ampliar a competitividade do agronegócio brasileiro, diversificar fontes de energia térmica e fortalecer iniciativas de descarbonização em cadeias produtivas exportadoras.

Em um cenário em que grandes compradores internacionais pressionam fornecedores por metas ambientais mais ambiciosas, o avanço indiano funciona como alerta: soluções para redução de emissões em etapas agrícolas e industriais tendem a ganhar peso nas negociações globais. 

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Fernanda Baldioti

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