Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Inditex, dona da Zara, expande a sua marca Lefties para competir com a Shein

A Inditex, proprietária da Zara e a maior empresa de fast fashion cotada no mundo em volume de vendas, expande a sua marca Lefties, focada na geração Z e nos preços baixos, para fazer frente à rival chinesa Shein.

O rápido crescimento da Shein, uma plataforma de vendas digital sem lojas físicas, está forçando varejistas como Inditex e a sueca H&M a procurar formas de responder aos seus preços acessíveis.

A Zara tornou-se menos competitiva em termos de preços desde que a Inditex começou a aumentar os preços da sua marca principal para proteger as suas margens de lucro da inflação e como parte de uma estratégia para atingir um público mais seleto. Mas, a empresa espanhola também está expandindo discretamente a sua linha econômica.

A expansão da Lefties, que vende jeans por 17,99 euros (aproximadamente R$ 97,00), vestidos por apenas 7,99 euros e malas por 5,99 euros, é uma parte fundamental dessa estratégia.

A Lefties, que começou como uma espécie de outlet da Zara, já conta com lojas em 17 países, incluindo Egito, México, Romênia, Arábia Saudita, Turquia e Emirados Árabes Unidos.

O seu crescimento mostra que a Inditex quer estabelecer-se no segmento de valor do mercado, embora tenha conseguido aumentar os lucros da Zara, que é muito maior do que a Lefties em termos de vendas e número de lojas.

A Lefties está crescendo na Espanha e Portugal, numa altura em que muitos consumidores estão reduzindo as suas compras e os preços muito baixos da Shein estão exercendo grande pressão sobre os seus concorrentes.

Na Espanha, onde segundo o seu site a Lefties tem 25 lojas, passou de cerca de 3,5 milhões de clientes em 2019 para 5 milhões de clientes em 2023, ficando logo atrás da Shein, que tem 5,2 milhões, segundo estimativas da empresa de estudos de mercado Kantar.

A presença da Lefties em vários mercados emergentes sugere que, para a Inditex, é uma forma de satisfazer os consumidores que estão menos dispostos a gastar mais na Zara, disse Swetha Ramachandran, gestora de carteira da Artemis Fund Managers, em Londres, cujo fundo investe na Inditex.

O impacto da Shein no mercado da fast fashion e qual é a melhor forma da Inditex lhe fazer frente são temas recorrentes nas reuniões com a direção da Inditex, disse Ramachandran.

A Shein, que não está cotada em bolsa, é a maior varejista de fast fashion do mundo, com uma participação de mercado estimada em 18%, segundo a Coresight Research.

No Instagram e no TikTok, a Lefties emprega estratégias semelhantes às da Shein, apresentando micro influenciadores na maioria das suas publicações, ao contrário da estética de alta costura que a Zara usa nas suas campanhas de marketing nas redes sociais.

Uma concorrência formidável

A Lefties continua agrupada sob a Zara nos relatórios financeiros da Inditex, o que significa que os seus resultados não são públicos.

A Inditex não respondeu às perguntas da Reuters sobre as vendas e a estratégia da Lefties. A empresa afirma que a marca oferece coleções próprias para mulheres, homens e crianças há mais de duas décadas.

Patricia Cifuentes, analista sénior da Bestinver Securities, disse: “Não temos muita visibilidade sobre ela, mas acho que está funcionando maravilhosamente bem porque é a única no segmento de baixo custo com um bom serviço online.”

“Na Espanha, a sua rival Primark não oferece entrega ao domicílio e a Shein demora entre 10 a 12 dias a entregar as encomendas, o que torna a Lefties uma proposta mais forte”, explicou Cifuentes, acrescentando que “a Inditex está à espera do seu momento e mantém privados os resultados da marca”.

“Normalmente, demora para um varejista atingir a massa crítica e, portanto, a rentabilidade adequada. Além disso, o fato de os concorrentes não conhecerem os resultados neste momento é uma vantagem”, disse.

O número de compradores da Shein na Espanha aumentou para 5,2 milhões em 2023, contra 421 mil há cinco anos, mas o grupo chinês continua muito atrás da Zara e da Primark, de acordo com as estimativas da Kantar sobre o mercado.

Quando questionada sobre a Lefties, a Shein disse que não faz comentários sobre outras empresas. A varejista disse também que abrirá “várias” lojas pop-up em toda a Europa este ano, após ter inaugurado pop-ups em cidades como Berlim, Londres, Paris e Roma no ano passado.

A Primark também não comenta as suas concorrentes.

Em Portugal, a Lefties atraiu ainda mais compradores do que a Zara no ano passado, de acordo com estimativas anteriormente não publicadas da Kantar.

“O conjunto de concorrentes continua a ser bastante formidável para preços tão baixos”, disse Grace Su, gestora de portfólio com sede em São Francisco da Clearbridge Investments, cujo fundo possui ações da Inditex.
 
“Se [a Lefties] conseguir impulsionar um negócio com resultados adequados, isso terá um impacto positivo no lucro, desde que não canibalize o resto das marcas.”

No ano passado, a Lefties abriu as primeiras lojas na Romênia e na Turquia, e adicionou outras nos Emirados Árabes Unidos, onde opera através de franchising.

Tudo isto enquanto a Zara e outras marcas da Inditex, como a Bershka e a Pull&Bear, reduzem o seu número de lojas em todo o mundo. No total, a Inditex tinha menos 585 lojas a 31 de outubro de 2023 do que no ano anterior.

Na Espanha, assim como a Zara, a Lefties ocupa grandes lojas nas principais cidades, e a sua maior flagship abriu em Madrid no final de 2022.

Eduardo Cristian, Embaixador das Confecções, argumenta “como se posicionar para concorrer de igual para igual neste mercado competitivo? Bom como bons brasileiros que somos precisamos estar alertas e sempre prontos para novas adaptações e sobre tudo alinhados com o novo: Real Time Fashion”.


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