Indústria Têxtil e do Vestuário - Segundo Round com Obama

[Textile Industry]

O segundo mandato de Obama na Casa Branca terá de lidar com várias questões relacionadas com a indústria têxtil de vestuário, desde as medidas afetadas pelo chamado “abismo orçamental” ao acordo comercial Trans-Pacífico e o recente levantamento de proibição das importações da Birmânia. 

A recém-eleita Administração dos EUA vai enfrentar várias questões relacionadas com o comércio de vestuário, têxteis e calçado, incluindo o “abismo orçamental” (o chamado “fiscal cliff”) e as conversações para expandir o acordo comercial Parceria Trans-Pacífico (PTP).

Questões significativas estão a ensombrar a vontade da recém-eleita Administração dos EUA para defender os interesses americanos nos têxteis nas próximas conversações para expandir o acordo comercial PTP. Em breve serão necessárias decisões importantes sobre os termos para incluir o Vietname no PTP e a sua associada regra de origem a partir do fio.

David Trumbull, vice-presidente de comércio internacional na National Textile Association (NTA), a organização de comércio para a indústria têxtil, tecidos, tinturaria, estamparia e acabamentos, afirmou que esta «é, de longe, a principal questão que temos de enfrentar agora».

O PTP irá ligar os EUA com a Austrália, Brunei, Chile, Malásia, Nova Zelândia, Peru, Singapura, Vietname, México e Canadá num acordo de comércio livre abrangente e numa zona de investimento. «A questão é como os EUA vão lidar com as regras de origem, a eliminação gradual de taxas e como toda a questão de empresas detidas ou apoiadas pelo Estado é gerida num acordo de comércio livre – é algo que nunca tivemos antes», explicou Trumbull.

A NTA apoiou o rascunho das regras de que «na maioria dos casos, quando uma peça de vestuário vinda de um dos países parceiros entra nos EUA sem taxas, sob os termos do acordo tem de cumprir a regra de origem e isto contempla que geralmente tem de ser feito num dos países parceiros, de tecido feito num dos países parceiros, de fio feito num dos países parceiros, e apoiamos fortemente a manutenção dessa regra se vamos entrar no PTP».

Em relação ao acesso ao mercado, «é uma questão difícil para nós porque realmente não vemos qualquer oportunidade para as exportações», afirmou. «Há mercados dentro dessa região que têm muito interesse, mas já temos acordos comerciais com eles». Por outro lado, «vemos o PTP potencialmente como uma abertura do nosso mercado a ainda mais penetração de importações e a questão aqui é, claro, o Vietname que, mesmo sem um acordo de comércio livre, é já o segundo maior fornecedor de vestuário para os EUA».

Recuperação da economia
A American Apparel and Footwear Association (AAFA), a associação nacional de empresas de vestuário, calçado e outros artigos confecionados, cujos interesses muitas vezes divergem do sector têxtil, indicou que o resultado da eleição significa que o Presidente Obama recebeu a confiança para «fazer um melhor trabalho a guiar a nação numa recuperação económica mais sustentável».

A AAFA está preocupada que o presidente faça um acordo sobre «o muito falado e muito sério abismo orçamental» – um pacote de medidas fiscais que já expiraram ou estão a expirar, cortes automáticos na despesa e provisões que termina a 1 de janeiro de 2013.

Apenas um acordo entre os Democratas de Obama e os Republicanos que dominam a Casa dos Representantes irá impedir este corte na despesa, que, segundo os economistas, pode «levar a economia de volta à recessão».

Mas a AAFA está otimista, afirmando que é mais provável que o «Congresso aprove medidas para temporariamente lidar com estas questões até ao início de 2013, quando uma “grande negociação” possa ser trabalhada». Acrescentou ainda que se Obama e os líderes do Congresso forem capazes de trabalhar em conjunto, «os primeiros meses de 2013 podem ser uma era de atividade produtiva pouco comum».

Medidas comerciais
Entretanto, várias medidas comerciais que afetam as importações e exportações de vestuário, têxteis e calçado estão em lista de espera para aprovação, revelou a associação aos seus membros, a começar pela legislação há muito adiada que garante relações comerciais normais permanentes com a Rússia e a Moldávia, que pode receber aprovação até 31 de dezembro.

«O Congresso pode também pegar num pacote de várias leis fiscais que consistem em novas propostas para diminuição de taxas, assim como extensões de centenas de provisões a expirar», todas a poderem reduzir ou aumentar as taxas sobre os produtos têxteis e de vestuário.

A AAFA sublinhou que o processo MTB «foi apanhado nos últimos anos por uma ligação infeliz a earmarks [marcadores congressionais que designam fundos ou isenções de taxas para projetos específicos]». Desligar o processo «pode envolver uma combinação de reformas ao programa ou uma extensão temporária aos programas a expirar», afirmou.

Várias outras medidas apoiadas pela AAFA estão também previstas ser tratadas na mesma sessão em janeiro, incluindo o Affordable Footwear Act, que elimina as taxas de importação sobre calçado, e uma medida para reforçar o acordo comercial entre os EUA e as Filipinas.

Enquanto os retalhistas e outros podem terem acolhido bem a continuação de um segundo mandato de Obama, o facto da Secretária de Estado Hillary Clinton e o Representante do Comércio dos EUA Ron Kirk saírem deu uma certa incerteza às previsões para o futuro.

Numa perspetiva mais positiva, a AAFA recentemente deu as boas-vindas à decisão do Presidente Obama de começar a levantar as sanções contra a Birmânia, que incluíam uma proibição de importações dos EUA daquele país.

A associação indicou estar ansiosa «por trabalhar com os birmaneses para assegurar que o vestuário e calçado produzido na Birmânia é feito sob condições socialmente responsáveis, onde os trabalhadores têm oportunidades e são tratados com justiça e respeito».

Esta esperança terá sido reforçada com a visita do Presidente à Birmânia este mês, na sua primeira viagem ao estrangeiro desde a reeleição.

Fonte:|http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/41833/xmview/...

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