Uma nova investigação está a explorar como é que a extração de celulase de bagaço de cana, um subproduto da indústria da cana-de-açúcar, pode ser uma fonte sustentável de enzimas para o biopolimento do algodão.
A utilização de enzimas de hidrólise como as celulases, que provocam uma reação na qual a água é sobretudo usada para quebrar as ligações químicas, é uma prática estabelecida na indústria têxtil. O estudo “Eco-friendly biopolishing of cotton fabric through wasted sugarcane...” procurou encontrar uma fonte alternativa e sustentável de enzimas de celulase no bagaço de cana-de-açúcar.
«A celulase atraiu muita atenção nas últimas duas décadas como uma enzima com importância industrial significativa e muitas aplicações comerciais», descreve o estudo, que acrescenta que o aumento na procura está a gerar a necessidade de encontrar «alternativas económicas e ambientalmente sustentáveis».
O bagaço da cana-de-açúcar é rico em celulose (45%), hemicelulose (32%) e lignina (17%), sendo que quimicamente, tem cerca de 50% de α-celulose, podendo ser, por isso, usado como alternativa «económica e disponível» para a produção de enzimas microbianas, destacam os investigadores da Universidade de Têxteis do Bangladesh, de Daca.
No Bangladesh, 15 empresas públicas produtoras de açúcar geraram 255.162 toneladas de bagaço de cana entre 2015 e 2016. Habitualmente, este resíduo é incinerado para se tornar num resíduo sólido e ser colocado em aterros, poluindo o ar e o solo com várias substâncias tóxicas.
O estudo permitiu extrair uma solução, obtida em meio aquoso, que foi usada com variações no pH e no tempo para avaliar a atividade enzimática, com a condição ótima do biopolimento a remover quase 100% das fibras salientes. Durante o processo, foram observadas reduções no peso do tecido (até 5,26%) e na resistência (até 10,54%), «o que validou a eficácia deste processamento enzimático», apontam os investigadores.
Os testes, que foram realizados à escala laboratorial, podem ser melhorados, reconhecem os investigadores, que acreditam que pode ser feita mais investigação «para melhorar a praticidade e sustentabilidade de todo o processo», nomeadamente com experiências a grande escala.
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