Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Investigadores criam revestimento impermeável com resíduos

Os têxteis descartados podem ser usados, segundo a pesquisa realizada por investigadores da Universidade de Cornell, para criar revestimentos à prova de água para vestuário, reduzindo a necessidade de usar PFAS.

[©Cornell University]

As conclusões do estudo sugerem que a utilização de têxteis em fim de vida, que poderiam ser incinerados ou acabar em aterros é mais segura para os seres humanos e para o meio ambiente do que os revestimentos produzidos com os chamados “químicos eternos”.

A equipa de investigação, liderada por Juan Hinestroza, professor de ciências de fibras e design de vestuário, desenvolveu uma técnica de baixa temperatura para sintetizar revestimentos superhidrofóbicos.

«Se pudermos salvar uma peça de vestuário de parar em aterro, isso será um sucesso», considera o professor, que sublinha que os americanos descartam entre 36 e 45 quilos de vestuário.

As redes metalo-orgânicas (MOFs) usadas no revestimento podem ser sintetizadas à temperatura ambiente, recorrem a solventes menos poluentes (água e etanol) e podem ser produzidas sem a separação ou purificação dos têxteis descartados, que são processos intensivos em energia.

O estudo é uma extensão do trabalho publicado em 2023, que demonstrou que o vestuário descartado pode ser desconstruído para reutilizar os compostos de poliéster para criar partículas MOF com aplicações potenciais na resistência à chama, propriedades antibacterianas ou resistência às rugas. A nova investigação está a usar esta prova de conceito e a aplica-la de forma direta.


[©Cornell University-Yelin Ko]

Neste trabalho, que tem como autor principal Yelin Ko, doutoranda na área das fibras, redes metalo-orgânicas – estruturas únicas desenvolvidas na década de 1990 pelo químico Omar Yaghi, com quem Juan Hinestroza colaborou numa bolsa do Departamento de Defesa no final dos anos 2000 – foram sintetizadas pela decomposição química de tecidos de poliéster descartados numa sopa heterogénea contendo moléculas de poliéster e seus monómeros, corantes, aditivos e lixo geralmente associados a vestuário usado.

Os investigadores expuseram tecidos descartados a um processo de despolimerização alcalina e fizeram experiências com diferentes quantidades de etanol. Concluíram que, com uma pequena quantidade de etanol, a MOF UiO-66 colocada sobre um substrato de poliéster e elastano exibiu um comportamento super-hidrofóbico.

Os fragmentos de elastano modificaram a estrutura da MOF, que de outra forma seria hidrofílica, tornaram-na hidrofóbica. Além disso, a UiO-66 foi submetida a repetidas lavagens e abrasões e manteve sua resistência à água.

A tecnologia, acreditam os investigadores, pode ser uma forma de reduzir a dependência mundial de produtos químicos nocivos na produção têxtil.

«Devemos encontrar alternativas aos acabamentos fluorados, também conhecidos como “produtos químicos eternos”», sustenta Tamer Uyar, professor associado de ciência das fibras e coautor do estudo. «Este trabalho demonstra como podemos obter acabamentos funcionais, incluindo propriedades repelentes de água e autolimpantes, reciclando resíduos têxteis em vez de depender de “produtos químicos eternos”», conclui.

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