Retrato de Jacques de Bascher em 1978. (Phelippe Marillon/Reprodução)
Se você assistiu aos filmes que saíram em 2014 sobre a vida de Yves Saint Laurent (Saint Laurent de Bertrand Bonello e Yves Saint Laurent de Jalil Lespert), deve se lembrar de um personagem muito importante na vida do estilista chamado Jacques de Bascher. O gigolô parisiense ganhou recentemente uma biografia que pretende colocar luz sobre a história que, até então, vivia à margem dos homens que o desejavam.
A jornalista francesa responsável pela reconstituição de sua trajetória (que perpassa históricos bares e boates de Paris bem como as festas regadas à luxúria em seu apartamento) chama-se Marie Ottavi que, à princípio, até chegou a pensar que Jacques seria, na verdade, um mito do círculo fashion.
“Como contar a história de uma pessoa que passou por sua vida sem deixar rastros, que não fez nada da vida?”, indaga a francesa à versão local da revista i-D. “Foi um desafio enorme porque, de cara, ninguém queria falar sobre ele por medo de que Karl Lagerfeld ou Pierre Bergé pudessem reagir mal.
O receio existe porque Jacques, quando vivo, foi disputado por ninguém menos que o atual diretor criativo da Chanel e o próprio Yves Saint Laurent (que, na verdade, tinha um relacionamento de longa data com Pierre Bergé, o homem que o ajudou a construir e administrar o seu império na moda).
Que tal os ternos floridos à la Alessandro Michele que ele já usava em seu tempo? (Alex Chatelain/Reprodução)
“Ele era o homem mais chic que eu já conheci”, diz Karl Lagerfeld no livro, em raríssima conversa sobre o assunto. “Ninguém se vestia como ele, estava à frente de seu tempo. Era capaz de me fazer rir por horas ao mesmo tempo que era o meu oposto exato. Ele era perfeito e, não à toa, gerava casos inacreditáveis de ciúmes.”
Com o kaiser, Jacques teve um relacionamento de 18 anos que, segundo Lagerfeld, não envolvia sexo. “Ele era tudo que eu não podia, não seria e não deveria ser.” Fascinado por sexo, o gigolô — reconhecido por seu estilo dândi que foi ficando cada vez mais refinado com o passar dos anos — não tinha medo de nada: S&M, drogas e sex clubs faziam parte do seu dia a dia. Até porque, diferente da maioria dos gays da época, o francês não escondia a sua homossexualidade. Pelo contrário, usava seu tesão para desafiar o establishment. “O jogo da conquista era o que ele mais gostava. Quanto mais difícil fosse seduzir alguém, mais ele se sentia intuído a realizar suas fantasias”, relembra seu amigo, o fotógrafo Philippe Heurtault.
Em 1989, Jacques foi um dos primeiros a morrer em decorrência do vírus HIV. Deixou para trás dois homens alucinadamente apaixonados, um mundo da moda dividido entre os grupinhos de Lagerfeld e Saint Laurent e um rancor dolorido engasgado no coração de Pierre Bergé. Sua história está no livro Jacques de Bascher, dandy de l’ombre publicado pela editora Séguier, na França, custando € 21. Leitura (sedutora) e indispensável.
Por Pedro Camargo
http://elle.abril.com.br/moda/jacques-de-bascher-o-gigolo-que-divid...
Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI
Tags:
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2025 Criado por Textile Industry.
Ativado por