Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A indústria brasileira de jeans não ficou imune à crise do setor têxtil e de confecções dos últimos anos, mas foi a que melhor sobreviveu às adversidades. O segmento cresceu 3,5% em volume de peças e 7,9% em faturamento no ano passado, para R$ 7,3 bilhões, segundo uma projeção do Instituto de Marketing Industrial (Iemi). No mesmo período, a produção nacional de roupas como um todo encolheu 5,5% em volume e avançou apenas 2,5% em vendas brutas.

Para Delfino Neto, presidente da fabricante de tecidos Santana Textiles, o setor "foi o que melhor se armou" dentro da indústria têxtil na última década, período em que o jeans ganhou novo impulso como a roupa de trabalho da nova classe média. Aguinaldo Diniz Filho, presidente da fabricante mineira de tecidos Cedro Cachoeira, calcula que, em média, um brasileiro compre sete peças de jeans por ano.

O Brasil dispõe de uma oferta competitiva de denim (brim índigo) e de sarja (brim colorido) e, pelo menos por enquanto, a pressão dos importados é restrita. O maior custo de produção desses tecidos é o algodão, uma commodity, e não a mão de obra. "Isso tira a vantagem competitiva das dos asiáticos", diz Marcelo Villin do Prado, diretor do Iemi.

De 2007 a 2011, a Santana investiu quase R$ 250 milhões em expansão da capacidade produtiva, diz o executivo. No ano passado, no entanto, os investimentos foram congelados. "Foi um ano medíocre, principalmente devido ao desempenho fraco da economia no primeiro semestre", afirma.

A Santana faturou R$ 560 milhões em 2012, performance igual a de 2011. Para este ano, Neto prevê uma expansão de 10,7% nas vendas brutas.

A empresa teve prejuízo de R$ 30 milhões em 2011 e, no ano passado, "as perdas foram zeradas". A empresa está em processo de emissão de papéis no exterior, pela primeira vez. O objetivo é ter capital de giro mais barato e voltar a dar lucro ainda este ano, diz Neto.

Embora ainda represente uma fatia de apenas 6,1% do consumo de jeans no Brasil, as importações de produtos confeccionados cresceram 8,1% em 2012, ganhando uma pequena participação no mercado, de acordo com o Iemi. Com câmbio favorável a importações e gargalos como altos custos de produção, o preço do produto estrangeiro ficou atrativo, principalmente na área de confecções.

A Ásia não oferece concorrência aos fabricantes brasileiros de denim, considerados líderes mundiais, mas a presença crescente de peças estrangeiras prontas no mercado nacional cria impacto negativo em toda a cadeia, diz Ricardo Weiss, presidente da fabricante de denim Tavex Corporation, controlada pelo Grupo Camargo Correia.

Nascida em 2006 a partir da fusão com a brasileira Santista, a Tavex tem sede na Espanha, mas cerca de 74% do seu faturamento é proveniente da operação na América do Sul. No Brasil, estão quatro das cinco fábricas na região da companhia.

As vendas da operação sulamericana encolheram 10%, para € 174,5 milhões no primeiro semestre do ano passado, segundo as informações financeiras mais recentes da companhia. Houve efeito da desvalorização do real frente ao euro e também queda nos volumes vendidos. "A retomada da economia não ocorreu em 2012. Houve uma menor demanda por produtos de maior valor agregado, que é o foco da Tavex", diz Weiss.

Brasileiro compra, em média, sete peças de jeans por ano, afirma Diniz, presidente da Cedro Cachoeira

No total, a receita líquida caiu 5,9%, para € 233 milhões e o prejuízo aumentou de €308 mil para €12, 8 milhões de euros, reflexo de um resultado financeiro bastante adverso. " Já estamos tomando medidas para alongar o nosso passivo", diz.

Weiss se diz "otimista" com 2013, quando as medidas de estímulo a indústria e a queda dos juros devem surtir efeito nos negócios da companhia no Brasil.

A fabricante fornece para grifes como Levi's, Diesel, Prada, Calvin Klein e Hugo Boss.

O presidente da Cedro Cachoeira, diz que 2011 e 2012 foram muito difíceis para toda indústria têxtil e de confecções. Nos primeiros nove meses do ano passado, o faturamento da Cedro encolheu 11%, para R$ 381,2 milhões, em relação a um ano antes. Na mesma comparação, a empresa saiu de um lucro de R$ R$ 16,8 milhões para um prejuízo de R$ 626 mil.

A Cedro atua em diversos segmentos têxteis, como o de tecidos profissionais, mas cerca de 38% do seu faturamento vem da fabricação de denim e sarja. A categoria ligada ao jeans não foi a responsável pelos resultados fracos da companhia no ano passado, diz Diniz. "Antes, o jeans era associado a um consumidor mais jovem e informal. Isso mudou". Nos últimos cinco anos, a Cedro investiu R$ 130 milhões em modernização e ampliação de fábrica.

Braço têxtil do grupo Vicunha, controlador da CSN, a Vicunha Têxtil iniciou uma reestruturação após a crise de 2008 e perdas com operações de derivativos cambiais. A companhia fez um aumento de capital de R$ 170 milhões e focou a operação no mercado de denim e sarja, onde enxergava maior potencial, se desfazendo de ativos das áreas de malharia e poliéster.

A Vicunha traçou um plano de investir R$ 430 milhões nas unidades fabris instaladas no Nordeste, dos quais R$ 168 milhões já foram desembolsados nos últimos dois anos. Além disso, está destinando US$ 60 milhões para o aumento e modernização de unidades fabris adquiridas recentemente na Argentina, de acordo com informações públicas prestadas ao mercado.

Em paralelo, a Vicunha assinou um protocolo de intenções para construção de uma fábrica de fiação, tinturaria, tecelagem e acabamento de tecidos no Mato Grosso. O investimento estimado nesse projeto é de R$ 350 milhões e a previsão é de que as obras iniciem este ano.

Nos primeiros nove meses do ano, a receita líquida da Vicunha teve alta de 10%, para R$ 900 milhões, mas o lucro líquido caiu 11%, para R$ 80,5 milhões.

Em seu relatório de desempenho, a companhia diz que enfrentou desafios como aumento da importações de produtos têxteis no país, retração da economia mundial e brasileira, protecionismo argentino, aumento da inadimplência dos clientes e prejuízo operacional de R$ 7,7 milhões no negócio de fios.

.
.
.
.
.
.
.

Exibições: 656

Responder esta

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço