Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Jovem de família pobre vira estilista e faz vestidos de até R$ 12 mil em RR

Ramon Barboza, de 25 anos, aprendeu a desenhar e costurar sozinho. 
Hoje, ele mantém uma lista de clientes fiéis à marca que carrega o nome.

Emily CostaDo G1 RR

Ramon Barboza, de 25 anos, (Foto: Emily Costa/ G1 RR)Ramon Barboza, de 25 anos, além de estilista, é arquiteto e servidor público (Foto: Emily Costa/G1 RR)

O roraimense Ramon Barboza, de 25 anos, não tem dúvidas de que a paixão pela moda o permitiu mudar de vida. Ele, que na infância não tinha dinheiro para comprar revistas sobre corte e costura ou adquirir as roupas que sonhava ter, hoje empilha pedidos de clientes e fãs dos seus vestidos, que chegam custar até R$ 12 mil.

Filho de servidora pública e de um ex-garimpeiro, Ramon diz que não se lembra do primeiro contato que teve com a moda. "Foi tão natural e espontâneo que não sei dizer quando foi que comecei a gostar de moda. Lembro que aos quatro anos já gostava de vestir bonecas. Aos sete, desenhava e aos oito anos costurava as roupas das bonecas", narra.

Na mesma época, o jovem conta que sentia na pele os reflexos de não ter dinheiro suficiente para aprender mais sobre moda. "Tudo era muito difícil e limitado para mim, mas eu me esforçava. Lembro que desde pequeno assitia a muitos programas de TV e foi assim que aprendi meus primeiros conceitos sobre moda", relata.

Anos mais tarde e já em situação melhor, Ramon começou a ganhar mesada da mãe e gastar tudo em tecido, linha e agulha. "Eu cheguei a uma fase em que comprava vestidos para transformar em outras peças", descreve o jovem que é autodidata e diz nunca ter feito cursos de corte, costura ou design voltado à moda. "Aprendi tudo sozinho".

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É preciso ter coragem para lutar pelo que se quer"
Ramon Barboza, estilista

Preconceito
Quando começou a produzir vestidos - sua grande paixão - Ramon tinha apenas uma cliente: a própria mãe. "Ela usava os vestidos só para me agradar, mas com um porém: só vestia se fosse em casa, jamais para sair porque eles eram malfeitos", relembra.

Na mesma época, o preconceito e as críticas eram constantes, mas a vontade de fazer carreira no mundo da moda era maior. "Pelo fato de ser homossexual, sempre tive de enfrentar comentários do tipo 'essa profissão [estilista] não é coisa de homem'. Foquei em não me importar, porque acredito que o preconceito vem de dentro da própria pessoa, então escolhi não dar ouvidos a isso", conta.

Aos 23 anos, e depois de muita persistência e treinos com a máquina de costura da avó, Ramon 'pegou gosto de vez pelo trabalho' quando fez um intercâmbio na Europa. "Cursei arquitetura na UFRR [Universidade Federal de Roraima] e terminei o curso fora do Brasil. Aproveitei muito o tempo em que fiquei na Europa para estudar e conhecer tudo que podia sobre moda, mas também me mantive focado na arquitetura, que hoje também exerço".

Ao voltar para o Brasil, o jovem começou a investir na produção de vestidos para mulheres 'ousadas, extravagantes, sensuais e viajadas'. "O meu grande público são as noivas, as jovens que vão se formar e misses", conta, acrescentando já ter feito vestidos até para uma  Miss Brasil. "Já produzi mais de 180 vestidos e os mais caros, que são os de noiva, custam até R$ 12 mil".

Planos
Fã de grandes estilistas como Zuhair Murad, Yves Saint Laurent e Channel, Barboza tem vontade de largar a profissão de servidor público e se manter apenas com os trabalhos de arquiteto e estilista.

Futuramente, a ideia do jovem é abrir pontos de venda nos grandes centros nacionais e até internacionais. "Quando comecei a produzir, fazia tudo sozinho, desde o desenho, até a costura e o acabamento. Hoje, conto com a ajuda de bordadeiras, que me auxiliam na produção, e futuramente quero vender minha marca fora de Roraima", planeja.

Aos outros jovens que também sonham em seguir a profissão e enfrentam dificuldades, Ramon aconselha: "É preciso ter coragem para lutar pelo que se quer. Os elogios são o que me movem, mas às vezes as pessoas vão fazer críticas duras e você deve aprender a lidar, porque pode tirar um grande aprendizado disso".

http://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2015/10/jovem-de-familia-pob...

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Respostas a este tópico

Bom dia, Ramon a nossa profissão requer coragem e não si importar com que os outros falam, já passei muito por isso superei tudo hoje é passado, hoje trabalho como estilista na minha própria marca TANA-ROOLL e hoje tudo que si passa na marca com relação a criação e produção passa por mim!...Esteje sempre na frente Ramon e tudo fluira bem.

  "É preciso ter coragem para lutar pelo que se quer. Os elogios são o que me movem, mas às vezes as pessoas vão fazer críticas duras e você deve aprender a lidar,

Barboza, inteligente, encontrou a chave que abre portas. Parabéns ao jovem. Muitos poderão alcançar estas possibilidades. Quixá ocorra, com frequência.

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