Levantamento divulgado pela Fiemg aponta queda em indicadores de produção e emprego no Estado.
A desaceleração econômica, influenciada, em especial, pela alta taxa de juros, está prejudicando os resultados da indústria mineira. A pesquisa Sondagem Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mostra que o setor em abril voltou a apresentar queda da produção e do emprego. O indicador de produção ficou em 44,4 pontos, a oitava redução em 12 meses. E o emprego encerrou abril com 49,3 pontos.
Os estoques de produtos finais aumentaram e encerraram o quarto mês de 2023 acima do planejado pelas empresas, indicando que a demanda foi inferior à esperada, com 54,4 pontos. A utilização da capacidade instalada ficou abaixo da habitual para abril, sinalizando ociosidade da indústria e chegou a 43,2 pontos.
Os indicadores utilizados na sondagem variam no intervalo de 0 a 100 pontos. Valores acima de 50 pontos indicam evolução positiva.
A economista da Gerência de Economia e Finanças da entidade, Daniela Muniz, explica que o recuo na produção em abril era esperado, já que é um mês com menor número de dias úteis que em março, entretanto foi mais intenso que o usual para o período.
O número de empregados também recuou, após dois meses apresentando elevação, o que, segundo ela, não significa necessariamente uma tendência. “O cenário da economia ainda está marcado pelo endividamento e inadimplência elevados”, diz.
Ela ressalta que os juros elevados causam impactos negativos, desestimulando os investimentos. “Isso impacta todo o setor produtivo, com destaque para aqueles que necessitam mais do crédito para poder vender, como é o caso do segmento automotivo”, observa. Afinal, crédito difícil e caro reduz a capacidade de expansão do consumo.
A CNI já divulgou, em várias ocasiões, que considera equivocada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, e espera que, com a continuidade do movimento de desaceleração da inflação, o Copom inicie o processo de redução da Selic.
Sondagem do mesmo mês da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou cenário semelhante ao verificado em Minas, com queda no emprego e na produção, além de redução na utilização da capacidade instalada e aumento dos estoques.
Para a economista, ainda é precoce falar em mudança na perspectiva de crescimento para este ano em razão dos últimos resultados. “Antes de falar se o crescimento será robusto ou menor em 2023, é necessário avaliar uma série de variáveis macroeconômicas. Também é importante considerar como será o arcabouço fiscal, se ele será crível e se o governo vai de fato conseguir equilibrar as contas públicas”, diz.
Para o coordenador do curso de Ciências Econômicas do Ibmec BH, Ari Francisco de Araujo Junior, a médio prazo a situação é bem complicada devido ao ambiente econômico, marcado por várias incertezas. “Talvez a principal seja que o governo atual ainda não disse ao que veio”, diz.
Ele acrescenta que o governo brasileiro não tem um programa fiscal bem desenhado. “O governo se apresenta num contexto de déficits orçamentários relativamente elevados, o que implica em precisar demandar recursos do mercado financeiro. Portanto, o próprio governo acaba gerando taxas de juros mais elevadas, dado que ele é um demandante de recursos do mercado financeiro”, observa.
Além disso, o professor ressalta que com gastos altos, o governo se torna incapaz de reduzir impostos de modo generalizado na economia.
Conforme a sondagem da Fiemg, o otimismo dos empresários do Estado apresentou recuo, mesmo com as perspectivas positivas quanto à demanda, à compra de matérias-primas e ao número de empregados nos próximos seis meses. As expectativas foram as menores para o mês de maio desde 2020.
Para a economista da Fiemg, a recuperação do setor passa pela redução da taxa de juros com cenário propício para que isso ocorra, o que passa pelo equilíbrio das contas públicas e redução da inflação. Ela acrescenta que é importante que o governo implemente as reformas tributária e administrativa.
Ainda conforme a sondagem, as intenções de investimento também diminuíram e ficaram abaixo das registradas há um ano. O indicador de intenção de investimento registrou 57 pontos em maio. Esse resultado é 3,2 pontos abaixo do observado no mês anterior (60,2) e 3,4 pontos a menos do que o alcançado em maio de 2022 (60,4).
Por Juliana Gontijo
https://diariodocomercio.com.br/economia/juros-elevados-impactam-a-...
Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI
Tags:
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por