Kingpins Amsterdam mistura reencontros e tensão com possível tsunami de tarifas sobre o denim

[Romildo de Paula Leite]

A edição Spring/Summer 26 da Kingpins Show em Amsterdã foi marcada por sentimentos mistos. Por um lado, o clima de reencontro entre a comunidade global do denim trouxe aquela energia boa de sempre, com coleções inéditas, papos inspiradores e muita troca. Por outro, a sombra das novas tarifas norte-americanas pairou pesada sobre o evento, deixando muitos expositores e compradores com a pulga atrás da orelha.

A preocupação é real: caso as propostas se confirmem, países-chave na produção de denim — como China, Paquistão, Vietnã e Bangladesh — podem encarar tarifas altíssimas para exportar aos EUA. Estamos falando de números como 145% para a China, 29% para o Paquistão, 46% para o Vietnã e 37% para Bangladesh — tudo isso já nos próximos três meses, a menos que haja uma reviravolta política.

Os burburinhos nos corredores eram: como o mercado vai reagir? Marcas vão tentar dividir esses custos com fornecedores? Quem já opera no limite vai conseguir segurar a onda? As negociações estão em curso, e o momento exige jogo de cintura e estratégia. Enquanto isso, muitos já especulam sobre a migração de operações para países com tarifas mais brandas ou até mesmo uma reestruturação da cadeia de suprimentos.

Mas nem só de preocupação vive a Kingpins. A feira manteve sua programação de peso com painéis como o Future Fits, liderado por Michelle Branch, e uma discussão sobre o uso consciente da água no denim com Carmen Silla (Jeanologia) e Alexander Bock (BluConnection).

Uma das áreas que mais chamou atenção nesta edição foi a dedicada ao denim japonês, com a presença de tecelagens renomadas como Kurabo e Kuroki, além das marcas Big Tommy e Betty Smith. O destaque ficou para a conversa entre Doug Gunn (The Vintage Showroom), Yuji Honzawa (o “Doctor Denim”) e Tsuyoshi Shimizu (Big John), que mergulharam na história e na singularidade do jeans japonês.

Outros destaques:

• A consultoria The Cotton Diaries, com Ani Wells e Anne Oudard, promoveu um papo necessário sobre conexão com os produtores de algodão, especialmente na Turquia.

• No foyer, rolou de tudo um pouco: uma exposição da Tonello com efeitos a laser precisos (Denim Renaissance), hologramas 3D de peças vintage da colaboração entre Endrime e d_archive, uma parceria artística entre a Cone Denim e o AMK Atelier e até peças exclusivas do projeto Future Fits, com tecidos elásticos da Hyosung aplicados em clássicos Levi’s vintage.

Em breve, a gente traz os detalhes das coleções e dos avanços tecnológicos que brilharam em solo holandês. Fica ligado!

Fonte: Iolanda Wutzl | Foto: Divulgação

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Fonte: Iolanda Wutzl | Foto: Divulgação

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