Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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As cisões no seio da família Lacoste levaram à venda das ações dos descentes de René Lacoste ao grupo suíço Maus Frères, que controla agora 93,3% da marca do crocodilo. O negócio, que avalia a Lacoste entre 1 e 1,25 mil milhões de euros, não deverá, contudo, afetar a sede nem os empregados da empresa.

Lacoste nas mãos dos suíços

Em menos de dois meses, a Lacoste mudou definitivamente de mãos, deixando a família que a geriu desde 1933 para ser controlada pelo grupo suíço Maus Frères. Depois de, no final de outubro, Michel Lacoste, ex-presidente da empresa, ter anunciado a venda de 30,3% do capital, a sua filha e atual presidente, Sophie Lacoste Dournel, anunciou agora que irá vender a sua quota, marcando o fim das ações familiares e a tomada de controlo da marca do crocodilo pelo distribuidor suíço Maus Frères.

Sophie Lacoste Dournel revelou em comunicado ter vendido, juntamente com os seus aliados, 28% do capital da marca ao Maus. «Após o estudo de várias possibilidades, Sophie Lacoste Dournel e os acionista familiares que ela representa constataram que todas as ações para oporem de forma duradoura dois grupos de acionistas iria prejudicar os interesses da empresa e dos seus empregados», explica um comunicado da Lacoste. Como tal, decidiram ceder as suas ações ao grupo Maus Fréres, acrescenta o comunicado.

O Maus, que estava presente no capital através da filial Devanlay, irá controlar agora 93,3% do capital da marca do crocodilo. A transação entre o Maus e Sophie Lacoste Dournel irá fazer-se «nas mesmas condições» que a transação com o seu pai, em outubro. O preço da compra valoriza a Lacoste entre 1 e 1,25 mil milhões de euros. Sobre este pressuposto, a quota de Sophie Lacoste Dournel e dos seus parceiros vale entre 280 e 350 milhões de euros.

«É com uma grande tristeza que decidimos ceder a nossa participação na empresa que o meu avô criou», declarou Sophie Lacoste Dournel. «Tínhamos um projeto ambicioso e a vontade firme de assegurar a perenidade do controlo familiar», contudo, «a nossa responsabilidade é garantir a estabilidade da empresa e assegurar-lhe um desenvolvimento sereno e harmonioso» e «pensamos que o Maus Frères, nosso parceiro de longa data, o vai atingir», acrescentou.

Num outro comunicado posterior, a ainda presidente do conselho de administração do grupo assegurou que a Lacoste «vai manter a sua sede em França» e «os empregos serão completamente preservados». Sophie Lacoste Dournel indicou ter «discutido muito as condições da compra» com o grupo Maus e estar «ainda em discussões com eles sobre o facto da empresa permanecer em França, manter-se autónoma com a sua administração própria» e com «muitas garantias para os assalariados».

Além disso, explicou Sophie Lacoste Dorunel, «a perder o controlo da empresa, é muito importante que seja o nosso parceiro que desenvolva a marca», já que «está na estratégia desta marca há 15 anos».

A presidente do grupo lembrou que o grupo Maus comprou há 15 anos a empresa Devanlay, que assegura a produção do vestuário Lacoste. «A Devanlay manteve a sua sede em França» e «os empregos foram completamente preservados», realçou. «A Devanlay é parte integrante da estruturação da estratégia da empresa, por isso vai desenvolvê-la, vai continuar a apoiá-la como o faz há 15 anos», assegurou.

Sophie Lacoste Dournel, de 36 anos, foi eleita a 24 de setembro para a presidência não-executiva da Lacoste SA pelo conselho de administração renovado pelos acionistas. Sucedeu ao pai Michel, de 69 anos. Mas este último recorreu aos tribunais para contestar esta decisão, considerando-a irregular, antes de decidir vender a sua quota ao Maus Frères. Michel Lacoste colocou em dúvida as capacidades da sua filha, afirmando «que ela nunca passou um único dia da sua vida numa empresa e não tem as competências para dirigir um grupo que tem um bom comportamento». Numa entrevista ao diário Le Monde, Michel Lacoste atribuiu ao Maus Frères as divisões na família Lacoste, tendo afirmado que o grupo suíço terá «convencido metade da família a aliar-se a ele para tomar o controlo».

A Lacoste, fundada em 1933 pelo campeão de ténis René Lacoste, realizou em 2011 um volume de negócios de 1,6 mil milhões de euros. Um valor que deverá aumentar este ano, de acordo com o CEO da marca, Cristophe Chenut. «Antecipámos um crescimento no volume de negócios de 14% para 2012, mas certamente estaremos acima disso», revelou, depois de no primeiro semestre do ano ter registado um crescimento de 25% do volume de negócios, graças a um aumento das vendas aos retalhistas e a uma taxa de câmbio favorável.

O Maus Frères, por seu lado, é um grupo familiar constituído em 1902 pela associação das famílias Maus e Nordmann. Na Suíça, está sobretudo ativo no comércio a retalho, com os grandes armazéns Manor, Jumbo e Athleticum. No estrangeiro está presente com a marca Lacoste, mas também com a Gant, a Aigle e a Parashop. Em 2011 registou um volume de negócios de 5,3 mil milhões de francos suíços (4,4 mil milhões de euros) e emprega 22 mil pessoas.
 Fonte:http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/41753/xmview/...

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