Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

– Fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) encontraram trabalhadores em condições análogas a de escravos, em uma oficina a serviço das Lojas Renner, onde foram resgatados 37 trabalhadores bolivianos, em condições subumanas. A oficina, flagrada no final do mês passado, fica localizada na Zona Norte de São Paulo. As Lojas Renner receberam 30 autos de infração, no valor aproximado de R$ 2 milhões.
 
  – Segundo a fiscalização do MTE, foram constatadas condições degradantes de alojamento, jornada de trabalho de 16 horas, retenção e descontos indevidos de salários, servidão por dívida, utilização de violência psicológica, verbal e física, além da manipulação de documentos contábeis trabalhistas e fornecimento de alimentação sempre com base no mesmo cardápio, com alimentos vencidos, deteriorados, servidos com baratas e outros insetos. Foram contraídas infecções intestinais sérias pelos trabalhadores, em consequência.
  
– Em nota oficial, as Lojas Renner declararam “não compactuar e repudiar a utilização de mão-de-obra irregular”. A Renner acrescentou que a oficina Leticia Paniágua Verdugues MF, onde os auditores fiscais flagraram as irregularidades, é contratada de dois de seus fornecedores, a Kabriolli e a Betilha.
  
– A nota da empresa acrescenta ainda que “todos os fornecedores da companhia assinam contratos em que se comprometem a cumprir a legislação trabalhista vigente, bem como um termo de compromisso e conduta responsável que proíbe qualquer tipo de violação aos dispositivos legais.”
  
– A Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX, www.abvtex.org.br), criada em 1999, lançou no ano seguinte o certificado, que é uma iniciativa de grandes empresas varejistas para demonstrar que estão empenhadas em “coibir especialmente o uso de mão de obra análoga à escrava e atuar em defesa da formalização da cadeia de fornecedores”.
  
– A ABVTEX acrescenta que “a certificação tem passado por aprimoramentos desde sua criação, mas como qualquer processo de certificação, este é impotente ante a má-fé de algumas empresas de confecção”, sem dar os nomes das empresas de confecção de má-fé. Possuem a certificação 7.024 empresas do setor, enquanto 2.059 estão em vias de obte-la.
  
– Entre outras, chama a atenção nas afirmações da ABVTEX o retumbante sucesso que é certificar mais de 7 mil empresas em cerca de quatro anos, quase cinco empresas por dia, incluindo finais de semana, feriados e Copa da Fifa!
  
– O sucesso da ABVTEX chega a ser quase inacreditável, considerando-se, como consta no seu site (www.abvtex.org.br/pt/quem-somos), que “o segmento do varejo está disperso em todo o território nacional, através de micro e pequenas empresas, dificultando sobremaneira o trabalho associativo”.
  
– A ABVTEX entende que “o processo de certificação estimula o desenvolvimento de uma cadeia de fornecimento ética e responsável para a evolução do setor de varejo de moda no país. As empresas varejistas que são signatárias do programa assumem, além da promoção da certificação em suas respectivas redes de fornecimento, o compromisso de monitorar continuamente seus fornecedores e subcontratados”.
  
– Em comunicado, a ABVTEX informou que, a oficina Leticia Paniágua Verdugues MF foi imediatamente suspensa da sua certificação de fornecedores. Em um abraço de afogado, acrescentou que a auditoria de certificação da oficina foi realizada pelo Bureau Veritas. Mui amiga...
  
– Então funciona assim. A FGV e a Fecomércio atribuem à ABVTEX os prêmios de sustentabilidade do varejo de 2012 e de 2013, respectivamente; a Renner atribui à Kabriolli e Betilha a delegação da contratação da oficina Letícia Paniágua Verdugues; a ABVTEX atribui ao Bureau Veritas a responsabilidade de auditar a oficina Letícia Paniágua Verdugues, que atribuiu à Renner um certificado que lava e enxuga as suas mãos e permite à ABVTEX declarar que “mantém-se fiel aos seus princípios que são a ética e o respeito à legislação, apoiando ações que visem a responsabilidade social, a formalização nas relações comerciais e o combate à concorrência fraudulenta”.



– A culpa do adoecimento dos trabalhadores deve ser atribuída às baratas...
 
 
 

FONTE: http://www.monitormercantil.com.br/index.php?pagina=Noticias&No...

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