Refletir sobre liderança faz parte do contexto de todas as empresas, especialmente daquelas que buscam diferenciar-se no mercado, além de atingir novos patamares de excelência.
Gestores e profissionais que estejam dispostos a analisar este tema com maior aprofundamento, assim como considerar suas implicações práticas no relacionamento com suas respectivas equipes de trabalho, também sairão na frente no quesito resultados.
Ao considerarmos o curriculum da maioria dos profissionais voltados para o campo da manufatura, quase tudo o que estudaram, ao longo de suas carreiras acadêmicas, está muito mais ligado à área técnica do que à área humana. Assim, ao se depararem com a primeira promoção para um cargo de chefia, faltam-lhes expertise para conduzir sua equipe em direção às mudanças necessárias, para que a empresa enfrente os tantos desafios impostos pelo mercado.
Não raro, encontramos peritos em tecnologia que pouco sabem sobre como converter a perícia técnica que possuem em comprometimento e resultados por parte de seus respectivos liderados. A esses profissionais tão capacitados em lidar com a racionalidade da produção mecânica, seria necessário acrescentar, também, a habilidade de lidar com a emocionalidade das relações interpessoais. Para tanto, não é necessário que façam um curso completo de psicologia ou psicanálise, mas ao menos deveriam passar por algum tipo de treinamento que os ajudasse a melhorar seus níveis de percepção sobre como suas atitudes podem influenciar, positivamente, o comportamento das pessoas sob seus comandos.
Considerando que inovar é um pré-requisito para qualquer empresa manter-se no mercado, sendo ao mesmo tempo lucrativa, veremos que a liderança torna-se uma condição sine-qua-non. Ainda que muito se invista em máquinas e equipamentos, inovação é algo inerente aos seres humanos e para que esses se movam, na direção desejada, é preciso liderança!
Este tema talvez seja o mais amplo de toda a literatura voltada para o desenvolvimento humano e organizacional. Sendo assim, existem muitas lições a serem aprendidas, pois a liderança não é uma posição ou um conceito. Trata-se de uma escolha, uma jornada.
Gostaria de começar essa reflexão com um pequeno teste. Você saberia responder o que os líderes abaixo têm em comum?
Adolf Hitler, Bernardo Rezende, Henry Ford, Jack Welch, Nelson Mandela e Luiza H. Trajano.
Achou difícil? Ficou confuso?
Bem, vou passar algumas dicas que talvez possam ajudá-lo.
Esqueça as características pessoais de cada um deles, como traços de personalidade, comportamento ou estilos de liderança. Estas pessoas são completamente diferentes uma das outras. Esqueça também o que essas pessoas fizeram, disseram ou quando viveram. Alguns líderes e os seus grandes feitos são especialmente inesquecíveis e atemporais.
Por que todas essas pessoas listadas acima foram verdadeiros líderes?
O que todos eles tiveram em comum foram os seguidores voluntários.
Sabemos que isso parece simples, mas na verdade não é. Ter seguidores voluntários é a única condição que qualifica um verdadeiro líder e o diferencia claramente daqueles que não o são.
E para conquistar seguidores voluntários, pouco importa conhecimento técnico ou experiência. São necessárias atitudes específicas, que reflitam bons valores e especialmente a força do seu caráter.
Costumo dizer que, para algumas profissões, é necessária uma boa dose de coragem física, a exemplo dos bombeiros, policiais e paramédicos, que executam seu trabalho em situações de risco extremo. Já para os líderes, é necessária uma boa dose de coragem psicológica, ou seja, coragem para manter a coerência entre o discurso e a prática, coragem para feedbacks sinceros e honestos em relação ao comportamento e ao desempenho das pessoas, coragem para abrir mão de uma necessidade pessoal em prol da necessidade de outros, coragem para servir à sua equipe, coragem para construir propósito e significado, coragem para estimular e manter a motivação das pessoas e, acima de tudo, coragem para dar bons exemplos.
Existe uma frase muito inspiradora de Albert Schweitzer que diz “Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única”. Liderança não se faz pelo discurso, se faz pela prática. Tudo aquilo que o líder deseja construir na sua equipe, ele deve oferecer em primeiro lugar. Só assim conseguirá demonstrar sua credibilidade e desenvolver com a equipe o vínculo de confiança necessário para extrair o verdadeiro potencial das pessoas e transformar a realidade.
Os verdadeiros líderes são capazes de transformar a forma como as pessoas pensam sobre a empresa e sobre si mesmas. Inclusive a palavra que mais combina com a liderança é transformação, ao invés de mudança. A mudança normalmente reflete reação, estabilização frente a uma nova demanda ou realidade. Já a transformação remete à evolução, à proatividade e à motivação, seja por parte da empresa ou do indivíduo. Nesse aspecto a mão da liderança é essencial. Assim, embora muitas vezes isso não aconteça, é recomendável que todo aquele que separa um bom tempo para pensar nos investimentos em máquinas, ferramentas e equipamentos, não deixe de dar a devida importância também ao fator humano. Gente feliz costuma produzir muito mais e melhor.
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