Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Loja de doações de roupas para moradores de rua atrai grande público

No Centro de BH, ação "The Street Store" oferece peças de segunda mão, provenientes de doações, à população carente na capital

A abertura da ‘loja’ estava marcada para às 8h, mas às 7h da manhã de hoje já tinha fila em frente ao Parque Municipal, no Centro de Belo Horizonte. Tanto interesse não era por nenhuma megaliquidação de eletrodomésticos, mas, sim, por doações de roupas e calçados usados. Na fila, estavam moradores de rua de vários pontos da cidade, convidados para o “The Street Store” (em português, loja de rua), evento realizado pela primeira vez na capital por alunos da Faculdade Kennedy e voluntários.
 
A iniciativa, que já percorreu várias cidades pelo mundo, transformou o calçadão da avenida Afonso Pena em um verdadeiro brechó a céu aberto. As grades do parque foram usadas como vitrines, onde o público pôde escolher a peça que mais gostava. Não havia preço nem limite de produtos por pessoa, mas a maioria levou apenas aquilo que realmente gostava e que podia carregar.“Tenho que pegar roupas leves que caibam na minha sacola e que sequem rápido, porque na rua a gente não tem onde secar direito”, disse Maria Aparecida dos Anjos, 61. 
 
Há mais de seis anos dormindo nas calçadas da área hospitalar de Belo Horizonte, ela contou que sempre foi sozinha na vida, e, ao ficar desempregada e doente, não teve mais como pagar aluguel. “Antes eu tinha onde morar, mas passava fome por falta de dinheiro. Agora, não tenho onde morar, mas pelo menos encontro o que comer”, contou Cida, como é chamada pelos colegas. A maioria das refeições ela faz no Restaurante Popular. Já as roupas vêm de doações.
 
Para o The Street Store Belo Horizonte, foram recolhidas milhares de peças em um mês de arrecadação. “Ficamos muito surpresos com a quantidade de doações e de pessoas querendo ser voluntárias. Percebemos que a população está interessada em criar seus movimentos para reduzir a desigualdade social”, afirmou a professora da Faculdade Kennedy Luciana Duarte, que trouxe a iniciativa para a capital.
 
O evento serviu como aula prática para os alunos de Engenharia de Produção da Kennedy e atraiu voluntários também de outras áreas, que ajudaram o público a encontrar as peças que mais agradavam. “Quero uma calça e uma camisa para ir à igreja, porque do jeito que estou tenho vergonha de ir”, disse João Alves Oliveira, 42.
 
Tênis era o produto mais disputado entre os homens. "Estava sem tênis nenhum, só com um chinelo. Agora já tenho mais condições de trabalhar e fazer meus bicos", disse Vanderson Oliveira Araújo Pereira, 24, que costuma trabalhar como carregador de mercadorias. Há dez anos morando na rua, ele disse que o mais difícil é aguentar o frio e o preconceito da sociedade. "As pessoas enxergam a gente como marginal. Mas não é verdade. Eu faço meus bicos para comer e tomar meu banho todos os dias na rodoviária", afirmou. 
 
Evento. O The Street Store começou na África do Sul e já se estendeu para vários países. Em Minas, a ideia da professora Luciana Duarte é levar o evento para Pouso Alegre, no Sul do Estado, em julho, e promover outra edição na região metropolitana ainda este ano.

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