Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Lojas de departamento aceleram o passo e copiam a moda rápida

Redes de lojas de departamento adotam estratégias que aceleram a produção dos itens mais procurados.

 

Bob D’Loren, da Xcel, diz que o modelo de trabalhar com altos estoques e liquidar os itens encalhados está ultrapassado. PHOTO: RYAN C. JONES FOR THE WALL STREET JOURNAL

A rede de lojas de departamento americana Lord & Taylor está injetando velocidade na sua cadeia de suprimentos para acompanhar melhor as tendências de moda populares. Este ano, quando uma blusa que deixa os ombros descobertos da grife Isaac Mizrahi quase esgotou dias depois de chegar às lojas, a rede conseguiu reabastecê-las com o produto em seis semanas. Antes, costumava levar nove meses.

A rápida reposição foi resultado de uma parceria com a Xcel Brands Inc., de Nova York, dona da marca IMNYC Isaac Mizrahi, entre outras grifes, que está tentando construir um negócio vendendo produtos de “moda rápida” para os varejistas tradicionais, com lojas físicas.

“Com o mundo girando tão depressa, precisamos que as roupas estejam aqui mais rápido”, diz Liz Rodbell, diretora-superintendente do grupo de lojas de departamento Hudson’s Bay Co. (HBC), que inclui a Lord & Taylor e a Hudson’s Bay no Canadá.

Acelerar a produção é um problema que quase todo grande varejista e fabricante de roupas está tentando resolver, desde a Gap Inc. até a Ralph Lauren Corp., à medida que o crescimento nas vendas tem migrado para rivais de moda rápida como a Zara, da Inditex SA, e a H&M, da Hennes & Mauritz AB.

A varejista de roupas J.C. Penney Co. planeja reduzir em seis semanas o tempo de produção de suas marcas próprias fazendo encomendas iniciais menores às fábricas em Bangladesh. Após identificar os modelos mais vendidos, ela faria novos pedidos desses itens a fábricas na América Central, onde o processo é mais rápido, segundo a empresa.

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Para as lojas de departamento, que dependem de atacadistas para desenhar e produzir uma grande porção de seus produtos, é especialmente desafiador. No velho modelo, os atacadistas criavam uma coleção, mostravam aos varejistas, que faziam compras por estação, até seis vezes ao ano. Entre a criação do conceito e a chegada dos produtos às lojas pode-se levar até 15 meses, e nove meses para as reposições.

As redes de departamento estão enfrentando uma queda nas vendas e mudanças nos hábitos de consumo. A Macy’s Inc. tem anunciado o fechamento de lojas e demissões diante do recuo da receita e queda do tráfego nas lojas. Enquanto as vendas da HBC cresceram 1,7% no primeiro semestre, a Inditex registrou expansão de 11%.

“O modelo atual de inflar os estoques e depois liquidá-los quando as vendas são fracas está arruinado”, diz Robert D’Loren, diretor-presidente da Xcel.

Sua solução é encontrar mais fornecedores ágeis para as marcas próprias, um modelo criado para ajudar os varejistas a vender mais produtos sem desconto ao entregar as mercadorias em tempo real, com base na demanda do consumidor. “A meta das entregas rápidas é ajudar a reduzir as liquidações e identificar o próximo campeão de vendas mais cedo”, diz Rodbell, da HBC.

D’Loren, um veterano do setor que já foi dono da rede de lojas de calçados esportivos Athlete’s Foot, contratou ex-executivos da Zara para ajudá-lo a criar um modelo de produção que procura imitar as vantagens da moda rápida. Ele planeja vender o serviço para mais varejistas e prevê que o negócio possa gerar US$ 1 bilhão para a Xcel em três anos. A rede Hudson’s Bay e o canal de TV de vendas QVC Inc. também são clientes.

Nesse serviço, a Xcel mantém estoques de tecidos não-acabados, que estão disponíveis para rapidamente serem tingidos, cortados e costurados, seguindo a tendência mais recente. A equipe de compras da Lord & Taylor passa dois dias por semana na sede da Xcel em Nova York, onde trabalham junto com designers técnicos das fábricas asiáticas que produzem as roupas, o que acelera a tomada de decisão.

A Lord & Taylor consegue obter os produtos a um preço menor ao eliminar os intermediários, comprando diretamente das fábricas. Isso ajuda a anular o alto custo de transporte aéreo de alguns itens. A Xcel recebe uma taxa de royalty da Lord & Taylor com base nas vendas no varejo.

A Xcel não é única fornecedora ágil da rede de 50 lojas da Lord & Taylor. A Lord & Taylor também vende a marca Miss Selfridge, do britânico Arcadia Group, que, segundo Rodbell, gira os produtos em três meses. O laboratório de design de coleções de marcas próprias da Lord & Taylor pode repor os estoques de roupas em oito semanas, dependendo da disponibilidade do tecido.

“Tentar ser mais rápido e ágil é a decisão certa”, diz Liz Dunn, diretora-presidente da Talmage Advisors, consultoria de varejo. “Mas há mais barreiras para implementar o processo de aceleração que só derrubar o prazo de desenvolvimento do produto.”

A Zara, por exemplo, abastece suas lojas com novos produtos duas vezes por semana usando um sistema em que designers, negociantes e executivos operacionais trabalham juntos na sede da empresa, em Arteixo, Espanha. Eles estão em contato constante com gerentes das lojas para ajudá-los a calcular a demanda. Sua controladora tem 12 fábricas e produz metade de suas mercadorias na Espanha, Portugal e Marrocos, uma proximidade que permite que ela reaja rapidamente às preferências do consumidor.

A Xcel, ao contrário, não tem fábricas. Seus produtos chegam às lojas da Lord & Taylor uma vez por semana. Mesmo assim, D’Loren está pressionando a Xcel para reduzir ainda mais seus prazos. Ele quer que as fábricas enviem os produtos nos cabides diretamente para as lojas da Lord & Taylor, evitando os centros de distribuição. Ele estima que isso reduziria o prazo em mais uma semana.

Fonte: The Wall Street Journal

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