Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Até pouco tempo, elas eram vitais para os shoppings centers americanos. Agora, as lojas de departamento estão sendo substituídas por varejistas menos tradicionais.

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Até pouco tempo, elas eram vitais para os shoppings centers americanos. Agora, as lojas de departamento estão sendo substituídas por varejistas menos tradicionais que estão se revelando mais aptos a atrair consumidores e elevar as vendas.

Lojas de departamento como a Nordstrom, a Saks Fifth Avenue e a Lord & Taylor hoje estão sendo substituídas em vários shoppings dos Estados Unidos por lojas de produtos esportivos, redes de moda rápida, supermercados, academias de ginástica, restaurantes, cinemas e outros tipos de entretenimento, à medida em que os proprietários dos shoppings batalham para dar relevância ao varejo em lojas físicas em um mundo cada vez mais dominado pelas compras on-line.

“A definição de âncora mudou”, diz Stephen Lebovitz, diretor-presidente da proprietária de shoppings CBL & Associates Properties Inc. “A rede de restaurantes Cheesecake Factory hoje faz tantos negócios quanto a [loja de departamentos] Sears costumava fazer.”

A CBL subdividiu uma antiga loja da Sears de 17 mil metros quadrados no shoping CoolsSprings Galleria em Franklin, no Estado de Tennessee, em lojas menores que agora abrigam uma loja de bonecas e roupas para meninas American Girl, uma loja de roupas H&M e uma Cheesecake Factory. O Simon Property Group Inc, que tem o shopping Florida Mall entre suas propriedades, já substituiu 50 lojas de departamento nos últimos 15 anos, ou cerca de 11% de todas as lojas de departamento de seus centros comerciais, por novos inquilinos como as lojas de roupas e acessórios Primark, e Forever 21 Inc. e a rede Target Corp.

Os shopping centers americanos já foram tão dependentes de lojas de departamento que alguns dos primeiros shoppings foram construídos por elas próprias. Um antecessor da Dayton-Hudson Corp., que administrava lojas de departamentos antes de vendê-las e mudar de nome para Target Corp., é apontado como o construtor do primeiro shopping center dos EUA, no subúrbio de Minneapolis. O shopping, batizado de Southdale Center, abriu em 1956 colocando concorrentes sob o mesmo teto em um ambiente de clima controlado — uma novidade na época.

O desenvolvimento de shoppings nos EUA foi sempre vinculado à garantia de que as lojas de departamento seriam âncoras na expectativa de que seu prestígio atrairia outras lojas e consumidores. Como resultado, as lojas de departamento ou eram proprietárias diretas de suas unidades em shoppings ou pagavam pouco aluguel, dizem executivos do setor imobiliário.

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No Brasil, essa dependência nas lojas de departamento terminou há décadas e hoje, a própria definição de âncora se baseia em outros critérios. “Consideramos como âncoras todas as lojas bem conhecidas e que oferecem condições diferenciadas para o consumidor pagar, e não aquelas multimarcas”, diz Glauco Umai, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Dentro deste perfil estariam lojas como a Renner, Riachuelo, Lojas Marisa e até a Livraria Cultura. Por esse conceito, um shopping pode ter até mais de uma loja-âncora. Pesquisa feita pela Abrasce com os 528 shoppings espalhados pelo Brasil revela que o espaço ocupado por âncoras subiu de 43,6% da área total em 2012, para 45,9% em 2015. Umai também cita outra pesquisa feita pela GSK com frequentadores de shoppings em que mostra que o número de consumidores que vão até o shopping por causa de uma loja-âncora cresceu de 69% em 2014, para 72% em 2016.

As assessorias de imprensa das principais administradoras de shoppings do país — Multiplan, Grupo Iguatemi e BRMalls —informaram que todos os seus empreendimentos possuem âncoras e que não há planos para trocá-las por outras lojas.

Umai, da Abrasce, diz também que, ao contrário dos EUA, há décadas os shoppings brasileiros não são mais apenas para compras. Segundo ele, o shopping se tornou um lugar que oferece serviços e entretenimento, com restaurantes, cinemas, academias, escolas e até bancos como parte de sua estrutura. “Nos EUA, esses serviços estão sendo introduzidos agora, mas nós já os incluímos [nos shoppings] há muito tempo sem precisar se livrar das âncoras.”

Nos EUA, esse movimento vem ganhando força agora. Por exemplo, desde 2011, a General Growth reassumiu o espaço de 65 lojas de departamento, cerca de 15% de suas âncoras, e o dividiu com novos locatários como a H&M, a academia de ginástica 24 Hour Fitness, os supermercados Wegmans Food Markets Inc., a rede de lanchonetes Dave & Buster’s e outros restaurantes.

No auge das lojas de departamento americanas, nos anos 80, havia 56 grandes redes, diz Sandeep Mathrani, diretor-presidente da General Growth Properties Inc., outra grande proprietária de shoppings . Hoje, o número caiu para cerca de dez. Centenas de lojas foram fechadas nos últimos anos, abaladas pela concorrência das vendas on-line de empresas como a Amazon.com Inc. e a mudança do comportamento do consumidor, que tornou as lojas de departamento antiquadas.

Nos shoppings da General Growth, as vendas das lojas de departamento caíram 1,9% nos 12 meses encerrados em março, ante uma alta de 4% nas lojas especializadas nos mesmos shoppings. Entre 2005 a 2015, a disparidade é ainda maior, com as vendas das lojas de departamento caindo 10% ante um aumento de 33% nas vendas das lojas especializadas.

Mas as lojas de departamento nos shoppings não estão mortas. Em 229 shoppings analisados pela empresa de monitoramento imobiliário CoStar Group Inc durante os últimos 10 anos, uma marca de loja de departamento substituiu outra em 46% do espaço de âncora que ficou vago. Mas o restante desse espaço, ou cerca de 54%, foi para lojas especializadas em alimentação, decoração e material esportivo.

A reformulação do espaço das lojas tem um custo para as operadoras de shoppings mas prometem retornos substanciais ao substituir as lojas de departamento que pagavam aluguel em torno de US$ 22,2 por metro quadrado, dizem executivos do setor. Se o espaço é dividido em áreas menores para varejistas especializados, o aluguel pode chegar a US$ 1.100 por metro quadrado.

Ao mesmo tempo, os novos inquilinos mais produtivos ajudam a levantar as vendas totais dos shoppings ao atrair mais consumidores, dizem os executivos.

Fonte: The Wall Street Journal

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