A anfitriã das Olimpíadas 2012 exerceu papel determinante nos modos...
Por: Raquel Medeiros
A Londres cosmopolita que abriga os Jogos Olímpicos 2012 tem uma participação marcante na história da moda contemporânea. Sobretudo, na década de 1960, que sucede a austeridade dos difíceis anos de reconstrução do pós-guerra. A capital inglesa configura o cenário da contraposição assinalada pela metamorfose da juventude que reclama mudanças sociais. Nesse contexto, a moda surge como identidade e canal de expressão para vestir os desejos do futuro que foram embalados ao som dos Beatles e dos Rolling Stones.
A revolução no vestuário abriga a antítese do que até então domina Paris. A alta-costura francesa em declínio abre espaço para que o movimento "boutique britânica" ganhe adeptos em nome de uma roupa mais informal, juvenil e acessível. Nos bairros londrinenses pequenas lojas prosperam em ritmo pulsante - com ares de verdadeiros clubes sociais - e apresentam jovens estilistas recém saídos das escolas de desenho. Elas são a manifestação da liberdade no mais amplo sentido. Nas prateleiras de boutiques como Bus Stop, Trip, Biba e Miss Mouse estavam criações de John Bates, Jeff Banks, Ossie Clark, Sally Tuffin e Zandra Rhodes.
Tamanha euforia provocada pela efervescência cultural que invade a capital inglesa ganha nome de batismo. Em 1965, a Vogue publica ensaio sobre a moda avant-garde londrina, onde a editora-chefe Diana Vreeland adota o termo "swinging" para definir o estilo vibrante e descolado desfilado nas ruas. Na sequência, a revista americana Time produz uma reportagem sobre a cidade e atribui pela primeira vez a denominação de Swinging London para sintetizar o modernismo britânico que decola além das fronteiras. O termo é, também, uma alusão à mais recente emissora de rádio pirata da época, a Swinging Radio England.
No bloco da nova geração que costura a atmosfera do estilo britânico está Mary Quant. A ela e seu pioneirismo é atribuída, em 1962, a tesourada que encurta a minissaia e revela mais que palmos de pernas. A bainha dá um salto e vai às alturas, deixando transparecer a vontade de jogar fora códigos de condutas considerados ultrapassados. E mais que isso: amplia o sentimento libertário que faz do corpo templo para cultuar ídolos e ideologias nas formas, cores e estampas das roupas com caráter individual.
À época, imagem constitui tudo e projeta por trás e diante das lentes certos "anônimos" que congelam e são congelados em cliques instantâneos que entram para o álbum da própria história da moda. "Fotógrafos sem experiência como David Bayley, Terence Donovan e Brian Duffy mudaram o estilo da fotografia, esquecendo a foto-retrato feita em estúdio e captando a realidade em imagens tomadas nas ruas cheias de vitalidade. As modelos com quem trabalhavam, Twiggy, Jean Shrimpton, e Verushka, chegaram a ser ícones de seu tempo com suas poses descontraídas e looks extravagantes", descreve Emma Baxter-Wright em seu livro Moda Vintage.
A aparência excêntrica que circula na Carnaby Street e king's Road - diante das boutiques tipicamente pequenas, escuras e ruidosas - populariza decotes pronunciados com laços, gabardinas cruzadas, boleros de pele sintética, longos coletes, tricôs de gola rolê, túnicas, calças bocas-de-sino e, claro, minissaias. Chapéus, lenços, botas, cintos largos e meias de nylon adicionam a pitada pessoal. Nesse jogo da moda, a regra se faz irrestrita e Londres se converte no campo aberto às experimentações. Até hoje!
Fonte:http://www.nasentrelinhas.com.br/noticias/costurando-ideias/292/lon...
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