Face às elevadas tarifas e restrições monetárias que prejudicaram os seus lucros, muitos retalhistas de artigos de luxo estão a abandonar este outrora lucrativo mercado. Ralph Lauren foi a mais recente perda num rol de partidas que já inclui Armani, Escada e Yves Saint Laurent.
O mais recente nome a abandonar o mercado da Argentina foi o designer norte-americano Ralph Lauren, cuja partida vai deixar um grande fosso na elegante Avenida Alvear, um símbolo do luxo de Buenos Aires. O encerramento da loja Ralph Lauren, um dos pilares do bairro Recoleta, segue ao da Giorgio Armani em 2009 e as saídas anteriores da Escada e da Yves Saint Laurent – marcas de gama alta que estiveram presentes em Buenos Aires durante décadas. Os relatos dos media sugerem que outro retalhista de luxo, a famosa loja de joias Cartier, vai provavelmente seguir o exemplo em breve.
«Na Argentina, estas marcas estão com problemas por causa das medidas de controlo cambial e da obrigação de exportação de uma quantidade equivalente aos bens que importamos», explcou o analista da indústria de bens de luxo Diego Schvartzman do MDL Consulting Group. «Eles estão a ter cada vez mais dificuldade para gerar lucros», acrescentou.
O êxodo decorre de uma decisão da presidente Cristina Kirchner de impor duras medidas de controlo cambial para conter a fuga de capitais e proteger as reservas do país. O Governo argentino também aumentou as barreiras à importação para tentar manter um superavit comercial. As novas regras incluem restrições na venda de dólares norte-americanos – incluindo restrições de compra aos viajantes, a menos que o dólar seja a moeda do seu destino.
Num comunicado enviado à AFP, a Ralph Lauren insistiu que não está a abandonar completamente a Argentina e que a sua ausência seria curta. «Não estamos a abandonar o país: nós revimos a nossa situação e decidimos fechar temporariamente três das nossas lojas», divulgou a empresa. Mas uma moradora de La Recoleta disse que não tinha tanta certeza, quando leu o aviso de encerramento na montra da loja do estilista norte-americano. «Eles vão todos sair porque não conseguem movimentar os seus lucros para fora do país», indicou a senhora de 65 anos de idade.
Algumas marcas de luxo, como a italiana Ermenegildo Zegna – conhecida no mundo inteiro pelas suas roupas de luxo para homem e presente em Buenos Aires desde 1999 -, têm soluções alternativas e estão a enfrentar os tempos difíceis cortando outros custos.
A Zegna não está pronta para abandonar «um dos mercados mais importantes da América do Sul com o Brasil e o Chile», revelou uma fonte da empresa à AFP, pedindo para não ser identificada. «A Argentina é estratégica para a marca e sempre deu bons resultados», acrescentou.
Schvartzman considera que as dificuldades enfrentadas por estas marcas de gama alta são ainda mais absurdas na medida em que o mercado de produtos de luxo está a registar um bom desempenho noutros países da América do Sul. «O mercado de luxo está a crescer na América Latina, especialmente no Brasil e México, mas também no Peru, Colômbia – ainda mais no Chile», apontou o analista.
Buenos Aires impôs controlos restritos sobre as operações de câmbio no final do ano passado, depois das reservas de divisas, necessárias para pagar a dívida do país, encolherem quase 6 mil milhões de dólares para os 46,6 mil milhões de dólares numa questão de meses.
Mas segundo especialistas, as medidas colocaram o aperto não apenas nos vendedores de produtos de luxo, para quem as transações ocorrem frequentemente em dólares, mas também nas transações imobiliárias e de construção, aumentando o risco de recessão. As medidas do governo também originaram restrições severas para os bancos, empresas e até mesmo pequenos aforradores que procuram combater a inflação que, de acordo com analistas independentes, atinge os 25%.
Fonte:|http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/41503/xmview/...
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