Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Por: Carlos Padula, atual Diretor Comercial da Marcyn

Analisando o atual panorama da indústria têxtil, acredito que temos uma matriz de força com vetores atuando em sentidos opostos.  Por um lado, temos um grande movimento de uma classe C que viu seu poder aquisitivo aumentar significativamente. Esses consumidores começaram adquirindo bens de necessidade, como os eletrodomésticos, e sem seguida estão dispostos a gastar mais em itens como vestuário e lazer. Se junta a este cenário o bônus demográfico, fenômeno que o Brasil está vivendo no qual a participação da faixa economicamente ativa segue rumo ao seu ápice, e, portanto contribui de forma significativa para o crescimento do Produto Interno Bruto.

Sem dúvidas, um dos principais vetores de crescimento do segmento têxtil foi a expansão do varejo. Além do crescimento das grandes redes varejistas, o movimento da indústria liderada pela inciativa da Hering, uma das primeiras a desenvolver sua plataforma de varejo, foi seguida por várias outras indústrias como Lupo, Scala, Hope, Puket, entre outras.

Porém, no sentido oposto vivemos a questão do Custo Brasil. Se até pouco tempo atrás podíamos discutir a capacidade de competir do empresário brasileiro, hoje assistimos empresas internacionais se instalando no Brasil e indo embora. A Mango, empresa com mais de 2.400 operações em 107 países, encerrou suas opções no Brasil. Após instalar mais de uma dezena de lojas, o seu presidente decidiu abandonar o País. Ele atribuiu esta decisão à complexa e elevada carga tributaria, à grande burocracia brasileira e aos impostos de importação de bens.

Podemos ainda ver outras dezenas de exemplos quando visitamos o recém-inaugurado Shopping JK Iguatemi, onde marcas internacionais como Sephora, Bvlgari, Chanel, Christian Louboutin, Dolce & Gabbana, e outras, aportaram no Brasil. Aqueles que têm a oportunidade de viajar sabem a enorme diferença entre os preços dos produtos que estas marcas oferecem em sua operação no Brasil, quando comparado aos valores no exterior. A Zara precisou buscar um ponto de equilíbrio para se adequar ao Brasil, vendendo produtos com qualidade inferior do que vende no exterior, para assim conseguir competir com preço mais baixo.

Ainda analisando o mercado interno, assistimos nos últimos anos um crescente fluxo de importações no segmento têxtil, vindas de países como China, Índia, Vietnã, Siri Lanka, entre outros. Esse movimento resultou em uma queda de 26% na produção da indústria têxtil no Estado de São Paulo e um aumento de 45% nas importações.  Como consequência, mais de 17 mil postos de empregos foram perdidos em 2012.

Assim, acredito que em 2013 o setor têxtil continuará a vivenciar este cenário, em qual o setor têxtil estará à mercê destes vetores de força. De um lado temos um mercado interno fortalecido e mesmo que não se mantenha o crescimento dos últimos anos, ainda assim é um ponto positivo.  Por outro lado, o empresário brasileiro buscando todas as alternativas para conseguir sobreviver ao custo Brasil, resultado principalmente de nossa alta carga tributaria, aos custos gerados por nossa péssima infraestrutura e burocracia. Precisaremos ainda continuar enfrentando a concorrência desleal das importações.  O crescimento do varejo começa a mostrar sinais de cansaço, resultante do grande aumento nos custos dos imóveis e nos custos de ocupação. Há dez anos, as negociações com as administradoras de shopping tinham como objetivo uma taxa de ocupação (aluguel, condomínio e funcho de promoção) ao redor de 10% do faturamento mensal. Hoje, dificilmente se consegue uma taxa de ocupação abaixo de 15%, sendo comum lojas operando com 20% a mais.     

Em resumo, acredito que 2013, tal qual 2012, será um ano difícil.  O resultado estará a cargo de cada empresa que mais do que nunca precisará estabelecer planos estratégicos assertivos e principalmente trabalhar espartanamente seus orçamentos.

Fonte:|http://alllingerie.com.br/mais-consumidores-versus-crise-textil/

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