Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A indústria de vestuário no Camboja tem há muito tempo uma vantagem de custo sobre os seus rivais, praticando um dos salários mais baixos do mundo. Mas o país está a sentir dificuldades para manter-se concorrencial, com a subcontratação a enfrentar uma série de problemas laborais. 

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Mais ou menos competitivo?

O desenvolvimento do sector de vestuário no Camboja tem sido robusto, com as exportações a crescerem 32% em termos anuais nos primeiros seis meses do ano para chegarem aos 1,56 mil milhões de dólares, de acordo com o ministério do comércio do país. No entanto, à semelhança do seu concorrente de baixo custo, o Bangladesh, o país sofreu com as más condições laborais e com a agitação industrial provocada pelas baixas remunerações.

A tendência negativa ao nível da conformidade com as normas laborais nas empresas e um número crescente de greves estão a agitar o sector de vestuário, que responde por cerca de 80% das exportações do Camboja. Mas o país está a tentar melhorar os seus padrões, reforçado pela iniciativa Better Factories Cambodia (BFC) que está a ser monitorizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A partir de janeiro, a iniciativa BFC vai começar a tornar públicos os resultados das suas avaliações às empresas, em 21 pontos onde se encontram trabalho infantil, direitos sindicais, condições de segurança e pagamento de salários corretos. Os defensores dizem que a iniciativa irá colocar pressão adicional sobre as empresas não-cumpridoras, para que atuem em conformidade e ajudem o Camboja a recuperar algum do seu brilho perdido.

«Não se trata de punir as más empresas», explicou Jason Judd, especialista técnico da BFC. «É uma questão de dar às empresas aquilo que chamo de pressão pública suave para melhorar. Também é uma questão de mostrar que as empresas têm fugido do seu caminho no cumprimento da lei. E algumas empresas vão ficar muito bem», acrescentou.

Diversas grandes marcas têm manifestado publicamente o apoio ao movimento, incluindo a H&M e a Walmart, bem como os sindicatos cambojanos da indústria têxtil e vestuário. Os produtores, por outro lado, estão preocupados que a iniciativa BFC possa afetar negativamente os seus negócios.

«Uma repercussão muito provável é que os compradores reduzam as encomendas ou parem de fazer negócios quando os nomes das empresas forem divulgados publicamente», sustentou Ken Loo, secretário-geral da Associação de Fabricantes de Vestuário no Camboja. Loo argumentou que nem a associação nem o governo foram suficientemente consultados antes da BFC anunciar o seu plano. A associação tem aconselhado aos seus membros a fazer com que a equipa da BFC, que realiza as visitas às empresas, seja acompanhada por funcionários governamentais.

As empresas que são identificadas em violação de qualquer um dos pontos terão a oportunidade de efetuar melhorias antes dos relatórios iniciais serem divulgados, uma disposição que foi instituída a pedido da associação, segundo a BFC.

As greves têm efetivamente atormentado a indústria este ano. De acordo com a associação, os trabalhadores de vestuário realizaram 83 greves de janeiro a julho, em comparação com um total de 121 no ano passado.

Ath Thorn, presidente da C.CAWDU (coligação sindical dos trabalhadores de vestuário do Camboja), revelou que os salários permanecem a principal preocupação para os trabalhadores de vestuário. O salário-base atual é de 80 dólares, o qual foi aumentado dos 61 dólares em maio de 2013, mas Thorn referiu que ainda está muito aquém de um salário de subsistência para os trabalhadores.

«Propomos pelo menos 150 dólares», indicou o responsável sindical. «Mas vamos ter algumas negociações com os empregadores. Talvez saibamos no final deste ano». Em setembro, o ministério dos assuntos sociais do Camboja criou uma força de trabalho para estabelecer um novo salário mínimo para os trabalhadores de vestuário.

Por conseguinte, se o Camboja não conseguir encontrar o equilíbrio adequado entre salários, produtividade e condições laborais irão os compradores começar a procurar outros locais?

Os salários base no Bangladesh são ainda mais baixos e o país introduziu uma série de iniciativas de segurança que cobrem cerca de 1.600 empresas na sequência do trágico desastre no edifício Rana Plaza em abril deste ano. O Mianmar também é visto como um concorrente emergente, embora a sua indústria e infraestrutura estejam muito menos desenvolvidas do que no Camboja.

«Pessoalmente, só estaria preocupado com o Mianmar dentro de cinco anos», revelou Loo, acrescentando que as recentes iniciativas do Bangladesh para melhorar a segurança das empresas não devem afetar o Camboja. «Estamos muito à frente deles em termos de protocolos de segurança. O Camboja não é, de longe, o Bangladesh. (…) O que eles estão a fazer agora, a tentar fazer, temos vindo a fazer desde o primeiro dia», justificou-

Os desafios para o Camboja não são exclusivos. Os vencimentos em países como o Vietname, que paga aos seus trabalhadores nas principais cidades um salário mínimo de 112 dólares, estão também a subir. «Do ponto de vista de muitos compradores, estes países são muito parecidos», sublinhou Jason Judd. «O Camboja vai ter de ultrapassar [a concorrência] em termos de divulgação e cumprimento, se quiser reconstruir a sua reputação de condições laborais dignas», concluiu.
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