Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Malha, a iniciativa carioca que reflete o novo momento da moda

Galpão no centro do Rio de Janeiro fomenta projetos inovadores através do coworking.

Ao entrar no galpão da Malha, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, uma placa exibe a afirmação “o justo é o novo preto.” Sem inibição, o espaço exibe logo na entrada seu propósito: apoiar iniciativas justas, projetar designers e pequenas marcas brasileiras, fomentar a comunidade local, e, com tudo isso, dar o gás necessário para que a moda brasileira trilhe caminhos inovadores. Calcada no diálogo e na troca entre conhecimentos diversos e entre pessoas diferentes, a Malha é um respiro de alívio para quem deseja um mundo fashion divertido e antenado, mas também mais aberto, justo, inclusivo e sustentável. “Você é responsável pelo que usa. Por quem produziu o que você usa. Pelo que acredita. O que compramos – ou deixamos de comprar – determina o destino de milhões de pessoas. Qual a marca que você quer estampar no mundo?”, finaliza o manifesto.

A iniciativa ocupa os 3.000 m2 de uma antiga gráfica no coração têxtil do Rio desde julho de 2016. Apesar do espaço impressionante, a Malha é, como indica o nome, feita pelos encontros que tecem o que acontece por lá. “Ela é um movimento que tem uma sede num galpão. Nasceu desenhada por muitas mãos, com muita vontade e intenção de cofundadores incríveis”, conta Letícia Magalhães. O projeto surgiu em almoços despretensiosos no jardim do Templo — o primeiro espaço de coworking criativo do Rio — e leva as mãos e ideias de Herman Bessler (que assim como Letícia é também sócio do Templo), André Carvalhal, Caio Braz e Renata Abranchs.

Leia mais: Moda e transparência: para onde vamos?

“O primeiro formato da Malha foi um manifesto por uma moda mais colaborativa, independente, sustentável. Nesse tempo, aprendemos muito sobre as limitações do mercado também. É difícil fazer moda, difícil pra caramba!” declara Letícia. “O mundo da moda ideal, pra gente, é colaborativo, feito por todos.”

Para alcançar esse ideal, a Malha organiza ações que conectam criadores, empreendedores, produtores, entusiastas e consumidores; oferece espaços de coworking e cosewing (uma sala convidativa repleta de máquinas de costura); além de uma Escola, onde são oferecidos cursos e aulas independentes, e um laboratório de experimentação. Os idealizadores também confiam em quem ocupa o espaço: são 42 containers destinados à lojas pop up e escritórios, tudo arranjando ao longo de encontros, conversas e identificação mútua.

Atualmente a Malha conta também com o apoio de grandes marcas como C&A, Do Bem e IED Rio. Foi com o incentivo do Instituo C&A, da gigante belga da moda, que o grupo desenvolveu cadernos de previsão de tendências que são a cara do novo momento da fashion — e liberados ao longo do ano e com download gratuito. “Acredito que todo conteúdo deve ser livre, todos devem ter direito ao conhecimento. Por isso lançamos um material denso como esse relatório, que normalmente tem um custo alto, gratuitamente em sob licença Creative Commons (licença aberta)”, declara Letícia.

O mais novo documento fala sobre identidades fluidas e o poder do eu, assim como a força dos movimentos sociais e culturais e como eles estão transformando a atualidade. Se você olhou ao seu redor, se deparou com mudanças recentes: midiáticas, mudanças no marketing, mudanças nas formas de se comunicar com os outros, de fazer trocas e, certamente, mudanças em si mesmo e em seu próprio mundo. “Pra nós é muito evidente a nova distribuição de poder na moda: se antes a relevância era detida pelas grandes marcas, agora ela está na mão do consumidor. São as pessoas comuns que ditam as novas regras do mercado, e as marcas estão tendo que se reinventar nesse novo paradigma. Com um despertar de consciência sobre o coletivo, também abrimos espaço, uns para os outros, de sermos nossas versões mais verdadeiras e “fora da caixinha”. Esse é o grande tema por trás desse relatório: as essências múltiplas das pessoas finalmente sendo colocadas pra fora e reconhecidas”, fala Letícia sobre o relatório.

“Queremos que a Malha ajude e influencie uma visão da moda como estilo de vida, expressão do self, ferramenta de narrativa, interface estética entre o “eu” e o mundo, ato político. Moda é tão mais do que roupa”, finaliza Letícia. Na Malha, a sensação é de que o mundo está em ebulição — mas ao invés de barrar a entrada de quem questiona o que é moda hoje, transforma os visitantes em catalisadores, principalmente através do diálogo e da troca.

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    "Moda é tão mais do que roupa

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