Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Manufatura Enxuta Pode Ser Arma Contra Concorrência Chinesa

 

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 Filosofia de gestão, criada no Japão há 75 anos, prega redução radical de desperdícios para garantir qualidade, preço, prazo – e cliente. 

São José do Rio Preto possui cerca de 800 empresas de confecções, um polo que luta para sobreviver em meio a uma das piores crises que o setor já enfrentou. Uma das causas é a concorrência da China, o maior produtor e exportador mundial de roupas. É uma briga desleal: lá, a carga tributária é praticamente 75% menor e a mão de obra muito mais barata. Aqui, os impostos beiram os 40%, a carga tributária praticamente dobra o custo do salário e a mão de obra especializada está desaparecendo. “Acredito que todos nós aqui hoje, que acreditamos e ainda estamos no ramo das confecções, somos heróis, principalmente aqueles que possuem micro e pequenas empresas”, disse Erivaldo Estivanelli, um ex-modelo que há trinta anos criou sua própria marca, reconhecida nacionalmente. “Produzir roupas no Brasil hoje requer planejamento, coragem e, sim, heroísmo.”

O apoio ao polo de confecções de São José do Rio Preto, por meio da criação de um grupo de trabalho, é um dos principais projetos do Sebrae-SP na região para este ano. O primeiro passo foi dado ontem, num workshop realizado no auditório da Associação Comercial e Industrial (Acirp), com a participação de cerca de 100 empresários. O tema foi exatamente os benefícios da manufatura enxuta, um sistema que na verdade se parece mais com uma filosofia empresarial criada pela Toyota em 1937, no Japão, para enfrentar a concorrência das grandes empresas americanas.

Panorama - Os participantes obtiveram também um panorama atualizado do setor de confecções no mundo, apresentado pelo consultor Ronaldo Alves. É um mercado de números gigantescos: são 150 bilhões de peças por ano, que movimentam 900 bilhões de dólares (calculados aí somente os preços de fábrica) e cuja maior produção está na Ásia: 73%. A produção brasileira representa apenas 2,8% deste bolo. Ou seja, a indústria nacional deste setor ainda tem muito a crescer, já que sequer consegue atender à demanda: 30% do que é consumido precisa ser importado.
No entanto, a maior preocupação dos empresários agora não é exatamente crescer, mas sobreviver à concorrência internacional. E uma das melhores opções em curto prazo pode ser a implantação da manufatura enxuta em suas indústrias. “A gente diz que ela é mais uma filosofia do que um sistema de gestão porque exige envolvimento total, principalmente do empresário, e deve estar em constante desenvolvimento”, disse o palestrante Domingo Cavallini Neto, do Sebrae-SP. “Na Toyota, por exemplo, a manufatura enxuta foi colocada em prática há 75 anos, mas continua sendo tratada como algo atual, a empresa se mantém atenta para ‘enxugar’ qualquer desperdício.”

Enxuta - Desperdício, em termos de manufatura enxuta, não é somente perda de material, por exemplo. Podem ser também os estoques enormes, a produção mal dirigida, a movimentação de funcionários etc. “O essencial é atender aos prazos do cliente, e da maneira mais racional possível. Se ele encomendou trinta peças, por exemplo, para que aproveitar a máquina de corte para preparar cem? O excedente vai significar capital de giro parado, ocupação de área útil, estoque desnecessário e, o pior, se o cliente não quiser mais depois, foi tudo desperdiçado: material, mão de obra, tempo de máquina, enfim, dinheiro jogado fora”, exemplificou Cavallini.

“Nós contamos com esta parceria do Sebrae-SP para fomentar e fortalecer este setor em nosso município”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Carlos de Arnaldo. “Nós temos cerca de 800 empresas de confecções, a maioria micro e pequenas. Mas estamos criando alternativas para que cheguem a mil nos próximos anos: temos 13 parques industriais e já abrimos licitação para o décimo quarto. E acreditamos que o Sebrae-SP pode ajudar esses empresários a se capacitarem para administrar melhor o negócio e se destacarem no mercado”, finalizou o secretário.

“Nosso objetivo é formar um grupo de empresários interessados em receber informações e conhecimento atualizado sobre gestão e mercado”, disse Valéria Prado Scott, gestora do projeto pelo Escritório Regional do Sebrae-SP em São José do Rio Preto. “Entre os benefícios, estão consultorias coletivas e individuais, atendimento na própria empresa, cursos, palestras, oficinas e participação em feiras e congressos do setor.”

Os confeccionistas saíram do encontro com a promessa de uma parceria. O Sebrae-SP tinha convidado dois empresários renomados do município para um bate-papo com os consultores. Erivaldo Estivanelli (que já fez o Empretec) e Cinira Martins, da Pelmex, que já tem várias franquias pelo país. Os dois, que juntos representam 65 anos de experiência bem sucedida no mercado de confecções, se colocaram à disposição dos empresários presentes: no futuro, quem tiver alguma dúvida em que eles possam ajudar, é só procurar. Ou seja, os mais experientes deram um exemplo de que o associativismo também pode ser uma ótima arma contra chineses ou o que mais aparecer no mercado. “A gente não pode desistir, por maiores que sejam as dificuldades”, afirmou Cinira. “Precisamos buscar todo dia uma empresa que funcione como uma orquestra, muito bem afinada, para tocar o que o cliente quer ouvir.”

Paulo Rezende
Andreoli MSL Brasil a serviço do Sebrae-SP
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Fonte:|http://www.sebraesp.com.br/PortalSebraeSP/Noticias/SalaDeImprensa/R...

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