Marcas confiam no denim

[Romildo de Paula Leite]

Os jeans são hoje essenciais em qualquer guarda-roupa, oferecendo conforto e vida útil longa comparativamente a outros artigos de vestuário. Com muitos consumidores a comprar, em média, um par por ano, o denim tornou-se vital para as marcas que querem aproveitar esta tendência que não passa de moda. 

O denim pode ser fabricado com diferentes níveis de espessura e qualidades para responder às diferentes necessidades de cada cliente. Também pode ser produzido de forma relativamente barata em mercados emergentes como a Ásia. Como tal, os produtores estão interessados em capitalizar com o fascínio dos consumidores pelo denim, através da inovação constante ao nível de tecido, acabamento e corte.

De acordo com o recente relatório do just-style, “Global market review of denim and jeanswear - forecasts to 2020”, o mercado mundial de jeans está avaliado em 56,2 mil milhões de dólares a preço de retalho em 2014 e é composto por 2,1 mil milhões de pares de jeans comprados pelos consumidores.

No entanto, com a América do Norte a manter-se inalterada e a Europa em declínio, o crescimento está a ocorrer nos mercados com preços mais baixos. É a Ásia que deverá ser a região com maior crescimento no mundo até 2020.

Para as empresas sediadas na América do Norte ou na Europa, se não forem verdadeiramente internacionais, poderão enfrentar dificuldades, alertam os autores do relatório. O crescimento está na Ásia e, em menor grau, na América do Sul. Mas os autores apontam que a subcontratação tem que ser rentável, pois os pontos de preços médios globais vão diminuir.

Em geral, o consumo anual de denim deverá ser na ordem dos 3,35 mil milhões de metros lineares. A capacidade está na ordem dos 4,3 mil milhões de metros lineares. O relatório revela que um terço desta capacidade encontra-se na China. Bem mais de metade da capacidade está agora na Ásia, provando que a hegemonia dos EUA foi completamente ultrapassada e a quota da Europa está a desaparecer.

Globalmente, existem cerca de 500 fábricas relevantes produtoras de jeans, 300 das quais encontram-se supostamente na China. Cerca de 100 estão supostamente localizadas no resto da Ásia, principalmente na Índia e no Paquistão.

No entanto, o sucesso da indústria global de denim e jeanswear será influenciado por uma série de fatores e tendências de longo prazo. Estes podem variar desde questões comerciais e geográficas até à tecnologia, meio ambiente e questões sociais.

As principais questões, que a cadeia de fornecimento de denim e jeans deve ponderar com preocupação, prendem-se com a existência de alguma alternativa séria ao algodão. Onde no mundo será instalada a nova capacidade de tecelagem; se os países de baixo custo irão perder a sua vantagem competitiva e se existe algo de novo que ainda não foi desenvolvido?

Por outro lado, o modelo da cadeia de aprovisionamento está a mudar. De facto, a cadeia de aprovisionamento está a transformar-se num modelo em que umas partes “saltam sobre” outras ignorando-as, referem os autores do relatório. Os fabricantes continuam a trabalhar para as marcas, mas estão cada vez mais a contornar a marca para fabricar diretamente para retalhistas de moda que possuem marca própria.

O próprio retalho está a fazer a mesma coisa e, por conseguinte, a questão para os retalhistas internacionais é se o mundo em desenvolvimento seguirá o mesmo caminho. Para eles, isso poderia representar nunca estabelecer e expandir grandes cadeias de lojas, mas utilizar as lojas como um espaço físico para recolher e devolver mercadoria que foi, logo à partida, comprada online.

Uma coisa é certa, os consumidores não são suscetíveis de deixar de gostar de jeans, o que deixa a indústria bastante segura para o longo prazo. Aconteça o que acontecer com os vários elementos da cadeia de aprovisionamento, em qualquer parte do mundo, produtores e retalhistas estão confiantes que os consumidores vão continuar a comprar esta peça incontornável de vestuário. Os jeans são certamente uma aposta segura para os produtores de fibras, tecidos e vestuário, assim como para marcas e retalhistas.
 

http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/43624/xmview/...

[Romildo de Paula Leite]

Os jeans são certamente uma aposta segura para os produtores de fibras, tecidos e vestuário, assim como para marcas e retalhistas.