Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Marisa vende direitos creditórios de natureza fiscal por R$ 100,1 milhões

Mercado já aguardava movimento inicial de redução de alavancagem da rede por meio desses créditos fiscais, e outras ações vem sendo aguardadas, após mudanças na linha de frente da empresa.

Por Adriana Mattos

Dentro do intuito de reequilibrar a sua estrutura de capital, a varejista de moda Marisa anunciou um acordo para vender parte de seus direitos creditórios, no montante inicial de R$ 100,1 milhões (mais um adicional a depender da performance) para fundos de investimento administrados pela Quadra Gestão de Recursos.

O mercado já aguardava que viesse algum movimento inicial de redução de alavancagem da rede por meio desses créditos fiscais, e outras ações vem sendo aguardadas, após mudanças na linha de frente da empresa. A varejista publica o seu balanço de quarto trimestre no dia 31 de março.

A respeito dos diretos creditórios, tratam-se de títulos de créditos de imposto originários de um processo judicial finalizado referente a incidência de ICMS na base de cálculo de PIS e Cofins. Varejistas frequentemente acumulam esses créditos a receber, oriundos de disputas judiciais, e, após processo finalizado e ganho, podem negociar no mercado a venda parcial desses montantes.

Em março de 2019, a Marisa teve deferido o pedido de habilitação desse créditos pela Receita Federal, estando a empresa apta para compensações futuras. Em 30 de setembro de 2022, o saldo era de quase R$ 512 milhões (R$ 488 milhões em 31 de dezembro de 2021). Os recursos negociados agora vieram dessa linha.

A concretização da transação está condicionada ao cumprimento de certas condições, como conclusão da “due diligence”, e a assinatura dos documentos definitivos.

Com a negociação, apesar do deságio natural sobre os créditos, a Marisa obtêm uma injeção rápida de caixa num momento crucial para a cadeia, que está em processo de reestruturação de suas dívidas e revisão de seu modelo de negócio.

Desde que a crise contábil na Americanas veio à tona, a percepção de risco do mercado aos negócios de varejo cresceu rapidamente, e linhas bancárias foram reduzidas ou fechadas, mesmo para empresas de grande porte.

Crédito já caro ficou mais escasso, afetando negócios que, exatamente neste momento, sentem o efeito da escalada da taxa Selic de um ano para cá. Ainda pesa nessa conta, na visão de alguns consultores do varejo, decisões de gestão e investimento de determinadas redes que não funcionaram e maior captação de dívida nova nos primeiros anos de pandemia, quando a taxa de juros estava a 2% ao ano — hoje está 13,75% ao ano.

No caso da Marisa, em 8 de fevereiro, a companhia anunciou a contratação da BR Partners para assessorá-la na renegociação com bancos credores de suas dívidas de curto prazo, que vencem em 2023 (são cerca de R$ 200 milhões) e a Galeazzi Associados para ajudá-la a restruturar seus custos. Desde o dia 8 de fevereiro, a ação caiu 42% (fechou ontem a R$ 0,65).

Um plano, liderado por João Nogueira, no cargo de CEO desde o dia 16, já vem sendo implementado internamente, e deve passar por revisões de gastos e de projetos — para alguns analistas, ela deve colocar foco e investimento em questões mais “core” do negócio no curto prazo. A empresa cresceu em receita em 2022, até setembro, em 16%, mas após se descontar o peso das linhas de custos e despesas totais, houve uma piora do prejuízo operacional (subiu 55%).

Paralelo a isso, ainda é preciso avançar em frentes de novas entradas de recursos, e um outro caminho pode ser a reabertura de um acordo de negociação na área de cartões de crédito — a parceria com Itaú Unibanco foi finalizada. Varejistas antecipam recursos com essas parcerias — em 2008, a rede recebeu R$ 120 milhões do Itaú.

Fonte: Valor Econômico

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