Já sabemos que a indústria têxtil é uma das maiores poluidoras do mundo. Todo ano, cerca de 80 bilhões de peças de vestuário são produzidas mundialmente gerando um enorme impacto ambiental - desde a fabricação de matérias-primas, produção e descarte pós consumo.
Com esse problema em mente algumas empresas do setor estão buscando matérias-primas alternativas para minimizar os impactos gerados.
Abaixo, listamos algumas das inovações que já estão acontecendo e podem revolucionar a indústria têxtil e da moda.
Tecido feito de cogumelos
A empresa italiana Grado Zero Espace desenvolveu um tecido feito a partir de cogumelos. Chamado de Muskin, o material é altamente resistente e parecido com a camurça. Seu processo de fabricação é similar ao do couro de origem animal, que é curtido, mas com a vantagem de ser 100% natural. Nos testes feitos em laboratório o tecido apresentou alta performance, não apresentando proliferação de bactérias, além de apresentar uma alta capacidade de absorver umidade e depois liberá-la, sendo um material ideal para palmilhas, sapatos ou pulseiras de relógio, por exemplo.
O Muskin é fabricado em quantidade suficiente para garantir a produção em pequenas séries. Esse tecido pode ser usado em bolsas, chapéus, calçados, jaquetas e acessórios gerais.
“Couro” feito a partir das folhas do abacaxi
A empresa londrina Ananas Anam, criada pela designer têxtil Carmen Hijosa em parceria com o Real College of Art de Londres. desenvolveu um inovador couro ecológico totalmente natural e sustentável a partir das fibras das folhas de abacaxi, que normalmente são descartadas.
Chamado de Piñatex™ esse couro é macio, leve, flexível, moldável e facilmente tingido para aplicações em sapatos, bolsas e estofados.
Foi durante uma visita a Filipinas que Carmen Hijosa percebeu que as fibras das folhas do abacaxi tinham um enorme potencial para a produção têxtil, além de usar as habilidades e matérias-primas locais.
Sendo um subproduto da colheita de abacaxi, para a produção do Piñatex ™ não é necessário consumo extra de água, fertilizantes ou pesticidas, gerando menos impactos ambiental e uma alternativa sustentável ao couro tradicional.
Saiba mais sobre o processo de produção do Piñatex™ nesse video.
Tecido feito a partir do leite
O Qmilk foi desenvolvido através de um processo inovador que produz fibra de tecido a partir do leite impróprio para o consumo. A empresa alemã, Qmilch GmbH, é a primeira a usar fibras de leite para produzir roupas sem adicionar químicos e com o mínimo de consumo de água em seu processo - para a produção de 1 kg de fibra Qmilk são necessários, no máximo, 2 litros de água enquanto que para produção de 1 kg de algodão são necessários cerca de 20 mil litros de água.
Além das vantagens ambientais, o tecido é macio e confortável, com toque sedoso na pele e ao ser lavado seca duas vezes mais rápido do que o algodão. Também ajuda a regular a temperatura corporal, é dermatologicamente testado e totalmente biodegradável.
Tecido feito de banana
A companhia têxtil especializada em tecidos eco no Reino Unido, Warehouse Offset, em parceria com uma organização não governamental no Nepal desenvolveu um tecido feito 100% de banana.
Os resíduos e sobras das colheitas da fruta são usados na produção desse tecido que possui o fio grosso e quente, mas macio. A textura pode ser comparada ao cânhamo e ao bambu e pode ser usado para confeccionar jaquetas, calças, camisas, mochilas, além de artigos de decoração.
O processo, desde a extração até a tecelagem, é artesanal, tem baixo consumo de energia, baixo impacto no processo de tingimento e branqueamento, e baixo consumo de água.
“Couro” feito a partir de chá fermentado
Talvez uma das inovações mais peculiares! Pesquisadores da Universidade de Iowa, EUA, encontraram um método que transforma chá fermentado - Kombucha - em couro. As bactérias do chá fermentado criam uma película de composto de fibra de celulose que, uma vez recolhida e seca, dá origem a um material muito similar ao couro e, pode ser, no futuro, uma alternativa para indústria da moda. Como as fibras são totalmente biodegradáveis, os produtos produzidos a partir deste tipo de couro falso têm um ciclo de vida ainda mais sustentável. Para saber mais sobre essa técnica veja aqui.
Alternativa para resíduos jeans
O designer holandês Marc Meijers, após quatro anos de pesquisa, desenvolveu um material chamado DenimX que é produzido a partir da combinação de fibras recicladas de jeans e bioplásticos. Esse material é versátil em acabamento e composição e pode ser adequado dependendo do produto final - pode ser duro, forte, leve e de espessura fina, por exemplo. Esse material é ideal para ser aplicado em mobiliários, objetos de decoração e acessórios.
É uma ótima alternativa para reutilizar o desperdício têxtil e jeans descartados transformando-os em novos produtos. Saiba mais aqui.
Há muitas outras inovações sendo adotadas pela indústria, além dessas citadas acima, é só fazer uma busca rápida no google e é possível encontrar diversas empresas que estão investindo no desenvolvimento de novas tecnologias e matérias-primas mais sustentáveis e menos nocivas ao meio ambiente.
O papel do consumidor é fundamental nesse ciclo, de questionar as marcas, buscar alternativas de consumo e fazer melhores escolhas, para incentivar, cada vez mais, mudanças no setor.
Referências
http://ciclovivo.com.br/noticia/tecido-feito-de-cogumelos-pode-subs...
http://www.stylourbano.com.br/couro-ecologico-utiliza-fibras-da-fol...
http://www.ecouterre.com/faux-leather-made-from-fermented-tea-could-revolutionize-fashion/
http://www.themarysue.com/tea-leather/
http://www.thealternative.in/lifestyle/sustainable-fabric-innovatio...
http://www.ecoera.com.br/2015/04/13/que-tal-um-tecido-feito-100-de-...
http://www.slowdownfashion.com.br/single-post/2016/07/29/Mat%C3%A9r...
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