Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Nicolas PousthomisGalperin, da MercadoLivre: receita líquida de US$ 472,6 milhões em 2013

O argentino Marcos Galperin encerrava um mestrado na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em 1999, quando teve a ideia de abrir uma empresa de comércio eletrônico na América Latina. "Isso é loucura", disseram os colegas latinos que ele consultou. O consumidor da região onde eles nasceram não parecia ser o tipo de pessoa que algum dia compraria coisas pela internet. A história da MercadoLivre, empresa que ele fundou, mostra que a turma da faculdade estava errada.

Dos 20 colegas consultados, três apostaram na ideia de Galperin, que à época tinha 27 anos. Os quatro amigos fizeram um teste para colocar mil produtos à venda pela internet. Hoje, a quantidade de produtos na "prateleira" chega a 25 milhões.

Fundada na Argentina e com sede nos Estados Unidos, a MercadoLivre adaptou-se aos tempos e hoje é líder em tecnologia de comércio eletrônico na América Latina. O conceito inicial, de servir de canal para as pessoas venderem aquilo que não precisam mais, deu lugar a um trabalho de aproximação com fabricantes e varejistas de produtos de diversos setores. Hoje 80% dos itens vendidos são novos.

Essa aproximação com empresas que buscam a parceria para oferecer seus produtos na internet é um dos caminhos que têm garantido a expansão da atividade. Há um ano e meio, 11 lojas de marcas próprias ou multimarcas expunham produtos no site da MercadoLivre. Hoje já são 100. A categoria moda, uma das mais fortes nas vendas, começou a ser expandida na Argentina e ainda este ano será ampliada também no Brasil, onde se concentra metade dos negócios.

O segmento de vestuário era o nono mais vendido pelo MercadoLivre em 2011 e hoje é o quinto. Só no ano passado, o crescimento foi de 40%. Das 100 lojas oficiais do portal, 42 são de moda. No mercado brasileiro como um todo, a categoria, incluindo roupas e acessórios, liderou as vendas do comércio eletrônico no ano passado, com 19% de participação, segundo dados da consultoria e-bit.

A recessão argentina, que começou a se agravar depois que o país entrou em "default", e a expectativa de crescimento menor da economia brasileira não parecem abalar as projeções de expansão da MercadoLivre. Segundo Galperin, para o comércio eletrônico, o aumento da oferta de internet de banda larga e a queda nos preços de dispositivos como smartphones são fatores muito mais importantes do que oscilações no nível de consumo.

Os aparelhos celulares foram o canal usado por 16% dos clientes que compraram 45 milhões de produtos por meio da MercadoLivre no primeiro semestre. Os valores desse volume de itens somaram US$ 3,6 bilhões. Durante todo o ano passado, foram 83 milhões de itens, num total de US$ 7,3 bilhões. A receita líquida da empresa alcançou US$ 472,6 milhões, 26% mais que no ano anterior.

Com 109,6 milhões de usuários cadastrados em toda a América Latina, Galperin diz que expansões fora do continente não estão nos seus planos. "A América Latina tem 600 milhões de habitantes; temos muito a fazer por aqui ainda."

Aos 42 anos, Galperin vive hoje no Uruguai. Mas é no escritório do moderno edifício instalado em Saavedra, tradicional bairro residencial ao extremo norte de Buenos Aires, que ele comanda os negócios. Os outros três amigos da faculdade que o ajudaram a fundar a empresa não seguiram com ele no empreendimento. Mas desde 2007 a MercadoLibre Inc é empresa listada na Nasdaq.

Decorada com desenhos como sofá, carro, computador, relógio, casa, a parede da recepção do escritório mostra que ali se vende, compra ou anuncia qualquer produto. No caso das casas e carros, o site serve só para classificados.

Galperin comunica-se em português e dois brasileiros são seus principais executivos. Criado na Argentina, Pedro Arnt é o vice-presidente de finanças e Stelleo Tolda, vice-presidente de operações nos 13 países onde a empresa atua, foi também o responsável pela implantação da empresa no Brasil, onde trabalham 660 dos 2,2 mil funcionários.

Em 2004, a MercadoLivre conseguiu resolver o problema de quem se sentia inseguro para pagar um produto antes de recebê-lo. Criou o MercadoPago, serviço por meio do qual a empresa de comércio eletrônico é responsável pelo pagamento que o cliente faz on-line. O dinheiro só vai para o vendedor após o produto chegar ao destino.

O desafio seguinte foi operar o sistema de entrega, um dos pontos essenciais para o sucesso de qualquer empresa que trabalha com comércio eletrônico. Numa parceria com empresas de logística e Correios, no ano passado foi lançado o MercadoEnvios. Entregar o mais rápido possível tem sido o maior desafio, diz Arnt. Ninguém quer esperar muito. Provavelmente nem os amigos de Galperin, que um dia duvidaram que os latinos se renderiam às compras pela internet.


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Por Marli Olmos | De Buenos Aires

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