Um dos principais exportadores de algodão do mundo, o Brasil está sendo novamente penalizado com deságios no preço de venda da pluma. O principal problema é a falta de uniformidade nos lotes beneficiados, de acordo com a Anea, associação que representa as tradings que negociam a commodity. A entidade estima que metade do volume de 1,2 milhão de toneladas entregue até agora contenha fibras com diferentes características reunidas em um mesmo lote.
O algodão, da safra 2014/15, foi plantado a partir do fim do ano passado, começou a ser colhido em junho deste ano e agora está na fase final de beneficiamento (descaroçamento, limpeza, classificação e enfardamento). A previsão é que o ciclo será de uma produção de 1,5 milhão de toneladas de algodão em pluma, das quais 1,2 milhão já foram beneficiadas. Portanto, o problema envolve um volume já entregue de 600 mil toneladas.
Nas contas da Anea, esse deságio está, em média, em torno de 6%, o equivalente a um desconto de 500 a 600 pontos – ou 5 a 6 centavos de dólar por libra-peso – sobre o preço do algodão americano, referência no mercado internacional, conforme detalhou o presidente da entidade, Marco Antônio Aluísio.
É um desconto menor do que o praticado na temporada passada, a 2013/14, quando, em alguns casos chegou a 7,5% – 1.000 pontos, ou 10 centavos de dólar por libra-peso abaixo da cotação do algodão americano. "No entanto, está ainda elevado frente aos anos de auge da qualidade da pluma brasileira. Há quatro anos, esses descontos não passavam de 2,5%, ou 200 pontos", compara Aluísio.
Não que o algodão brasileiro seja ruim, esclarece o presidente da Anea. A falha está na mistura, em um mesmo lote, de plumas de diferentes espessuras e comprimentos, o que desvaloriza o lote como um todo. "Temos que vendê-lo pelo preço mais baixo para não gerar problema com o comprador". A outra opção, diz, seria desmontar os lotes, reclassificá-los e separá-los conforme as características comuns, o que torna a operação mais onerosa do que dar o desconto.
Há mais de dez anos o Brasil é um importante país exportador da pluma, e está atualmente entre os cinco maiores do mundo. Entre seus principais clientes estão fiações e indústrias têxteis da China, Turquia e Vietnã. A falta de qualidade do lotes começou a se destacar há cerca de três anos, e coincidiu com o avanço da área plantada com sementes geneticamente modificadas no país. À época, os produtores vinham de perdas bilionárias com a lagarta helicoverpa, e a transgenia oferecia uma maior proteção à lavoura contra essa praga. Desde então, a área de algodão cultivada com essa tecnologia saiu do patamar de 30% para 90%.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen, reconhece o problema e acredita que é uma questão de tempo para que o próprio produtor selecione as variedades transgênicas de desempenho mais uniforme no campo. Ele afirmou ainda que a entidade está modernizando os laboratórios de análise da fibra para que os produtores realizem em um tempo mais curto essas análises, possibilitando uma melhor separação de lotes dentro da algodoeira ainda na fazenda.
http://alfonsin.com.br/metade-da-colheita-de-algodo-do-pas-vendida-...
Tags:
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por