Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Metodologia inovadora garante eficácia do Projeto Japuíra - Santa Cruz do Capibaribe

15/05/2013

Metodologia inovadora garante eficácia do Projeto Japuíra

Você já ouviu falar de Santa Cruz do Capibaribe? Pois é esta cidade situada no Agreste pernambucano – o segundo maior polo têxtil do Brasil, atrás apenas de São Paulo – que serve de inspiração para Romero Sobreira, consultor do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) e responsável pela metodologia que tem sido um dos diferenciais do Projeto Japuíra. Diante de mais uma turma de costureiras sendo treinadas pelo projeto, Sobreira se entusiasma com o exemplo da população pobre de Santa Cruz do Capibaribe que, sem apoio governamental, mudou sua história por meio da indústria de confecção.

Quando foi contratado para tocar o projeto de qualificação de mão de obra para o setor de confecção em Mato Grosso, o consultor trouxe a experiência adquirida na fábrica da Hering na Grande Recife, em que teve que elaborar uma metodologia que formasse costureiras de maneira rápida e eficiente para substituir centenas de profissionais que deixaram a indústria durante o Plano Cruzado (lançado em 1986). Essa mesma metodologia, aplicada com sucesso em Angola, na África, vem sendo utilizada no treinamento de mais de 3 mil pessoas em 26 municípios mato-grossenses desde a implantação do Japuíra – um projeto criado pelos produtores de algodão para estender os benefícios da cotonicultura à população em geral.

“A atividade de costureira depende de habilidade, que você consegue com prática, treinamento. É como aprender a dirigir carro: uma vez aprendido o básico, quanto mais você treina melhor dirige”, explica Sobreira. Mas será que qualquer pessoa pode se tornar um costureiro profissional? O consultor garante que sim e conta o caso de uma jovem aprendiz do Japuíra em Poxoréu que chorou quando ele disse que uma boa costureira em sua função conseguia fazer uma média de 700 peças por dia. Quando Sobreira retornou à cidade do Sudeste mato-grossense um tempo depois, a moça disse - e provou - que estava conseguindo fazer 750 peças por dia sem jamais ter visto uma máquina de costura antes do curso.

Segundo ele, um dos segredos da metodologia utilizada pelo Japuíra é o posicionamento das máquinas de costura industriais: equipamentos de overlock, interlock, pespontadeira, travete e reta, entre outras, são utilizados pelas alunas ao longo de três meses de curso, o que permite elaborar uma peça completa em poucas semanas. “Isso entusiasma os alunos, que veem o resultado de seu trabalho”, afirma Sobreira. Os cursos do Japuíra são realizados em parceria com outras instituições – em geral, prefeituras municipais – que ficam responsáveis por disponibilizar um local para o treinamento, assim como a infraestrutura básica. O IMAmt fornece as máquinas de costura industriais, o material inicial (tecidos, linhas, etc) e instrutoras com domínio da metodologia consagrada. Os cursos para treinamento e formação de mão de obra, como os do Japuíra, são realizados pelo IMAmt com recursos do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).

O Japuíra oferece vários tipos de treinamento - confecção de peças de jeans, malha, tactel – e a definição do curso a ser oferecido é decidida em conjunto com a instituição parceira. No caso dos treinamentos oferecidos em Cuiabá, em parceria com a Sociedade Beneficente Evangélica, foram criadas duas turmas, sendo a primeira voltada para a confecção de camisetas de malha e a segunda para saias de jeans. “Este mês, serão iniciados cursos em Sapezal (no oeste mato-grossense) e Jangada (na baixada cuiabana), ambos em parceria com as prefeituras locais”, informa Osmar Rodrigues, coordenador do Projeto Japuíra.

 

Falta mão de obra – Incentivar o desenvolvimento profissional na área de costura industrial foi uma alternativa encontrada para a geração de emprego, trabalho e renda em Mato Grosso e uma forma que os cotonicultores reunidos em torno da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA) encontraram para promover o crescimento socioeconômico no Estado. “A cotonicultura estava se consolidando em Mato Grosso e pensamos numa forma de compartilhar nossas conquistas com outros setores da população que não estavam ligados diretamente às fazendas”, recorda Milton Garbugio, atual presidente da AMPA e do IMAmt.

Desde o primeiro treinamento, 34 grupos já se formaram em diversos municípios e os mais atuantes até hoje são os de Poxoréu, Nortelândia, Nova Olímpia, Pedra Preta e Barra do Bugres, que atendem em parte à demanda crescente por mão de obra especializada na indústria de confecção mato-grossense. O empresário Eloi Gongora Silveira, dono de uma das empresas mais tradicionais de Cuiabá na confecção de uniformes profissionais (Master), é um dos que vem utilizando grupos de costureiras do interior formados a partir do Japuíra.

“Elas são muito bem treinadas. O método utilizado pelo Japuíra faz com que elas se tornem costureiras profissionais”, comenta Silveira, que envia para grupos sediados em Pedra Preta, Nova Olímpia, Poxoréu e Barra do Bugres itens de vestuário (como avental, jaleco, calças) já cortados para serem finalizados. De acordo com ele, a demanda por mão de obra na indústria de confecção aumentou muito em Cuiabá por causa das obras de preparação para a Copa do Mundo. Sua empresa também tem muitos clientes em supermercados, restaurantes e oficinas mecânicas, entre outros setores, mas faltam costureiros aqui e em polos de costura de outros estados. “Os jovens não querem trabalhar no setor, pois preferem trabalhar em escritórios, ser recepcionistas”, lamenta, acrescentando que no interior de Mato Grosso, onde há menos opções de emprego, é mais fácil conseguir novas costureiras.

O empresário reconhece que os valores pagos aos costureiros podem não ser os mais atrativos, embora o salário de um profissional em início de carreira esteja na faixa de R$ 1 mil. “Quem trabalha com moda, consegue agregar valor à peça e remunerar melhor o profissional, mas no caso da indústria de uniforme a margem de lucro é mais apertada”, argumenta.

Na opinião do consultor Romero Sobreira, não falta trabalho para costureiros mesmo num estado como Mato Grosso onde aproximadamente 99% das roupas consumidas pela população vêm de fora. Embora ache que muitas empresas constituídas ainda não empregam a mão de obra capacitada pelo Projeto Japuíra, ele aposta mais no caminho do empreendedorismo.“Acho que falta às costureiras treinadas ter um espírito mais empreendedor. O ideal é que elas trabalhem por conta própria, se transformem em empresas e confeccionem suas próprias peças”, opina. O case de sucesso de Santa Cruz de Capibaribe está aí para quem quiser conhecer: no município com menos de 100 mil habitantes (IBGE 2012), há aproximadamente 10 mil indústrias de confecção que empregam a maioria dos moradores.

Fonte: Assessoria de Imprensa da AMPA

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