Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Microbiorrefinarias: solução é aposta para o desenvolvimento econômico e sustentável da biodiversidade brasileira

Sendo um país com uma das maiores biodiversidades do planeta, o Brasil possui um potencial vasto para explorar soluções que alinham sustentabilidade e inovação. Assim, as microbiorrefinarias, unidades modulares e compactas instaladas em contêineres, emergem como uma alternativa estratégica para o aproveitamento eficiente e sustentável de recursos naturais, permitindo a produção descentralizada de bioprodutos a partir de biomassa local e seus resíduos.

Nesse sentido, o Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI B&F) lançou, em setembro do ano passado, uma nota técnica que tem como objeto de estudo a microbiorrefinaria de cacau. Somente em 2024, o Brasil foi o sexto maior produtor global do fruto, com 5% da produção mundial. Contudo, destaca-se que cerca de 10% da massa do fruto é aproveitada para a produção de chocolate, a partir da amêndoa, resultando em um grande volume de biomassa sendo subaproveitado. Para ler a nota técnica na íntegra, clique aqui.

Para o pesquisador Igor Nardi, que atua na coordenação de Processos Químicos, o estudo aponta resultados significativos de caráter financeiro desse tipo de investimento:

“Considerando uma capacidade de processamento de 1.000 toneladas de cacau por ano, estimamos que as microbiorrefinarias apresentariam lucro líquido cerca de 37% maior que um cenário-base que considera somente produção de amêndoas. O sistema proposto também possui um valor presente líquido acima de 20% em relação a esse caso base. Ainda precisamos detalhar essa análise, baseando-a em desenvolvimento experimental e projetos de engenharia, mas esse estudo preliminar nos dá indícios da atratividade econômico-financeira nesse tipo de investimento”, explica Igor.

As microbiorrefinarias e as suas vantagens

Ao contrário das biorrefinarias tradicionais, que exigem grandes investimentos e infraestruturas complexas, as microbiorrefinarias são projetadas para incorporarem tecnologias mais acessíveis a comunidades locais, gerando produtos que tenham aplicações regionais, mas que também podem ser comercializados em outros estados ou mesmo países. Elas podem gerar produtos alimentícios liofilizados, biochar para agricultura regenerativa, biogás/biometano, extratos com aplicação cosmética, dentre outros.

De acordo com o gerente do ISI, Jeiveison Gobério, as microbiorrefinarias podem ser fundamentais para o crescimento do país:

“O Brasil é um país de dimensões continentais com a mais rica biodiversidade do planeta e cadeias de insumos renováveis bem estabelecidas. Identificar e promover modelos de negócios que considerem essa variedade de biomassas e possibilitem o desenvolvimento regional é fundamental para alavancar de fato a bioeconomia sustentável em nosso país”, afirma Gobério.

Além de ser uma solução tecnológica inovadora, as microbiorrefinarias têm o potencial de fomentar a inclusão social, especialmente em comunidades tradicionais e rurais. Essas unidades podem gerar empregos e capacitar a população para o manejo sustentável de recursos naturais, fomentando a manutenção de biomas e gerando renda em regiões do Brasil que muitas vezes apresentam baixos índices de desenvolvimento humano.

Para a pesquisadora-líder da coordenação de Inteligência de Negócios do ISI B&F, Fernanda Cardoso, há claras vantagens socioeconômicas para essas comunidades:

“Nós temos trabalhado muito próximo a associações e cooperativas de diversos estados, como Rondônia e Pará. Vemos que existe uma competição pelo uso da terra, geração concentrada de biomassa e um êxodo da população mais nova das florestas, devido à reduzida perspectiva econômica na região. Acreditamos que a implementação de microbiorrefinarias com base em biomassas locais e/ou oriundas de Sistemas Agroflorestais (SAFs) pode gerar melhores resultados econômico-financeiros para as cooperativas, proporcionando melhores perspectivas econômicas para a população local e incentivando a manutenção dos biomas e das florestas de pé”, comenta a pesquisadora.

Projetos e articulações

Além de realizar avaliações de configurações para essas unidades modulares, estudando o potencial de diferentes biomassas e seus resíduos, o Instituto também já possui projetos aprovados junto à Financiadora de Estudos e Projeto (FINEP), para a construção das primeiras microbiorrefinarias, em parceria com instituições como o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia do SENAI (SENAI CIMATEC), por exemplo.

Ainda de acordo com Gobério, o ISI B&F e seus parceiros vêm se articulando para entregar essas microbiorrefinarias, em diferentes biomas:

“É um trabalho inerentemente colaborativo. Precisamos de parceiros de PD&I para incorporar tecnologias viáveis no menor tempo possível, do apoio público ou privado para os investimentos e, mais importante, ouvir as comunidades locais para entender o que estão buscando e quais são suas dores”, conclui o gestor.

Para saber mais sobre as oportunidades em torno das microbiorrefinarias, entre em contato pelo e-mail: isibios@cetiqt.senai.br

por Jaqueline Crruz

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