O novo programa, denominado Refashion, facilita a alteração de peças de roupa, permitindo criar novos artigos a partir de outros já existentes, podendo ser usado quer por profissionais da indústria, quer por consumidores sem experiência em design.

[©Rebecca Lin]

O Refashion, um programa que ajuda os utilizadores a criar roupa modular e ecológica, capaz de se transformar e adaptar a novas necessidades e estilos, foi desenvolvido por investigadores do Laboratório de Ciências da Computação e Inteligência Artificial (CSAIL) do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e da Adobe.

O programa permite, por exemplo, converter umas calças num vestido ou reconfigurar uma saia para uma ocasião formal. Cada componente pode ser substituído, reorganizado ou remodelado, tornando o guarda-roupa mais sustentável e versátil.

«Queríamos criar peças de vestuário que considerassem a reutilização desde o início», explica Rebecca Lin, doutoranda no Departamento de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação do MIT, investigadora no CSAIL e no Media Lab, e autora principal do artigo que apresenta o projeto. «A maioria da roupa que compramos hoje é estática e acaba descartada quando já não a queremos. O Refashion, em vez disso, tira o máximo partido das nossas peças, ajudando-nos a desenhar artigos que podem ser facilmente redimensionados, reparados ou reinventados em diferentes conjuntos», indica.

Através de um editor visual, os utilizadores – sejam profissionais ou consumidores comuns – podem desenhar formas e ligá-las num esquema que define como as peças de roupa serão cortadas e montadas. Entre as funcionalidades estão opções como pregas, franzidos, para criar volume em saias e mangas, ou pinças, que permitem ajustar o corte à cintura ou ao tronco. Além disso, o sistema sugere métodos simples de ligação entre componentes, como molas metálicas, velcro ou pinos, tornando a reconfiguração rápida e prática.

«O trabalho da Rebecca está numa interseção entre computação, arte, artesanato e design», afirma Erik Demaine, professor do MIT e investigador principal do CSAIL. «Estou entusiasmado por ver como o Refashion pode tornar o design de moda personalizado acessível a quem veste as peças, ao mesmo tempo que torna a roupa mais reutilizável e sustentável», sublinha.


[©Rebecca Lin]

Num estudo preliminar, tanto designers como utilizadores sem experiência conseguiram criar protótipos com o Refashion em menos de 30 minutos, incluindo peças como um top assimétrico extensível em macacão ou vestidos formais adaptáveis, sugerindo que o Rafashion tem o potencial para tornar a prototipagem de vestuário mais fácil e eficiente.

O programa também permite simular as peças em modelos 3D de diferentes tipos de corpo, facilitando a visualização do resultado final antes de qualquer corte de tecido.

A equipa do MIT e da Adobe está atualmente a aperfeiçoar o sistema, procurando alargar o suporte a materiais mais duráveis e incluir novos módulos. Estão também a estudar formas de otimizar o uso dos têxteis e incorporar materiais reciclados, como denim reaproveitado ou blocos de croché, numa abordagem de “patchwork”.

«Este é um ótimo exemplo de como o design assistido por computador pode ser fundamental para apoiar práticas mais sustentáveis na indústria da moda», destaca Adrien Bousseau, investigador sénior no Inria Centre da Université Côte d’Azur. «Ao promover a alteração das peças desde o início, desenvolveram uma interface de design inovadora e um algoritmo de otimização que ajuda os designers a criar vestuário com uma vida útil mais longa, graças à reconfiguração. Embora a sustentabilidade imponha frequentemente restrições adicionais à produção industrial, estou confiante de que investigações como a de Lin e dos seus colegas irão capacitar os designers a inovar apesar dessas limitações», conclui.

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