Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Após uma breve desaceleração no frenético ritmo da moda durante a Covid, jovens estilistas estão de volta em pleno vigor!.

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Foto: Reprodução/Instagram @marineserre_official

Em Paris, os criadores mais influentes da cidade compartilham sua visão moldada por suas próprias experiências, a atitude francesa, e o estado atual do mundo. Conheça dez estilistas que têm impacto na moda hoje, na capital francesa e mais além:


Alexandre Mattiussi, AMI

Como o seu trabalho traduz o nosso tempo?
Cada época tem um estilo diferente; assim, as silhuetas AMI – pragmáticas, mas feitas com materiais de alta qualidade – se encaixam perfeitamente na nossa. Eu também crio minhas coleções de acordo com as expectativas da época; as pessoas querem usar roupas que gostem e nas quais se sintam bem.


De que maneira Paris é novamente o centro da moda?
Paris mon amour, Paris pour toujours! Não estou certo de que Paris tenha perdido alguma vez seu brilho na cena da moda internacional. Entretanto, nos últimos dois anos, pós-Covid, tenho a impressão de que há uma nova energia, um novo dinamismo e o desejo de celebrar a moda francesa juntos. Mais do que em qualquer outro lugar, Paris dá as boas-vindas, como sempre deu, à criatividade, que é tão única na cidade.


Como você definiria a atitude francesa?
Acho que existe uma sofisticação inata na abordagem que os franceses têm em relação à moda, e somos reconhecidos por isso no exterior. Na França, nós temos esse gosto pelo “pouco esforço”, o que está ligado ao nosso modo de vida: tomar um café com croissant, encontros para o almoço, descansar no terraço com amigos depois do trabalho. Viver uma vida imbuída de prazer influencia a atitude francesa e dá essa descontração, mas pelo lado sexy.

Marine Serre

Como você definiria seu trabalho?
Se eu tivesse que definir meu trabalho, eu usaria a expressão “vestuário do futuro”. Alguns falam sobre o “pronto para vestir”; nós falamos sobre o “vestuário do futuro”.


Qual é o seu mantra?
Ser radical e corajosa. Eu sempre tento ir além dos limites que o sistema impõe sobre nós. Foi o mesmo com a reciclagem. Todos me disseram que não daria certo, mas eu disse “OK, mas vamos tentar”. A coisa é que se ninguém tenta quebrar as regras, tudo fica sempre igual... Nessa indústria, tendemos a esquecer isso.


Como é o seu processo criativo?
Está intrinsecamente ligado às matérias-primas. Eu gosto de transformá-las em algo novo, mas respeitando o artesanato e o trabalho que foi feito anteriormente — mudando a maneira como olhamos para os produtos descartados e restaurando o valor deles.


O que é criar para você?
Eu não acredito na criatividade pela criatividade. Eu quero dar significado ao que faço, explorar os limites da moda, combiná-la com outras artes e colocar a imaginação a serviço da transformação.

Guillaume Henry, PATOU

Como o seu trabalho traduz o nosso tempo?
Sou mais um estilista do “pronto para vestir” do que um estilista do prêt-à-porter, como costumávamos dizer. A noção de gênero mudou e isso se reflete na Patou. Nossa abordagem responsável orienta nosso trabalho — estamos dispostos a fazer menos e melhor, utilizando materiais ecologicamente responsáveis, orgânicos e reciclados. Só mostramos o que vendemos e só vendemos o que mostramos.


De que maneira Paris é novamente o centro da moda?
Depois da Covid houve o desejo de nos divertirmos e estarmos juntos, de uma maneira que não acontecia há muito tempo. Ser um estilista hoje em um sistema de moda que nunca foi tão competitivo é ser chamado a fazer a diferença. Fazer meu primeiro desfile com a Patou em julho passado demonstrou que eu não queria voltar para a programação usual da moda. Queríamos fazer um desfile à la Patou. Foram, portanto, essencialmente nossos amigos que desfilaram. Chamamos a Maison Ernest para colocar nossos modelos e organizamos nosso desfile em casa, no nosso showroom. A moda está mais do que nunca na convergência da música, da arte, do cinema, da Netflix, da política... Então, por que Paris? Porque Paris oferece criatividade de verdade e discurso em sua semana da moda.


Como você definiria a atitude francesa?
Eu prefiro falar sobre o toque francês, o que para mim evoca a noção do saber fazer. Não significa que saibamos melhor que os outros, mas gosto da ideia do artesanato e das oficinas. Há uma atenção para o detalhe e a forma.

Ludovic de Saint Sernin

Como o seu trabalho reflete nossos tempos?
Hoje em dia, a moda é muito mais do que simplesmente criar roupas. Acredito que o que torna meu trabalho único é que eu olho para minhas coleções como um diário — cada uma é um testemunho de minhas experiências, meus sonhos, nostalgia e o futuro. Minha primeira coleção contou sobre a minha chegada e o quanto eu aprendi para descobrir minha identidade. Outra foi sobre o término com meu ex e a última é um comentário sobre o papel do estilista no mundo da moda de hoje e como sua imagem se torna tão importante quanto as imagens que ele cria para sua marca. Eu crio moda que fala com sensibilidade e sensualidade para aqueles que se identificam com nossos valores e me cerquei de uma comunidade de pessoas orgulhosas e talentosas que amam brincar com a moda e vesti-la com naturalidade.


De que maneira Paris é novamente o centro da moda?
Creio que Paris foi, é e sempre será a capital da moda. Nenhuma outra cidade do mundo reúne tantos talentos e ateliês quanto Paris. O que me toca particularmente hoje é o sentimento de solidariedade que a nova geração de estilistas criou. Somos todos amigos, apoiamos uns aos outros, vamos aos desfiles uns dos outros e, acima de tudo, há espaço para todos. Isso é bastante único, porque, quando eu estudava moda, ou mesmo quando eu trabalhava em outros estúdios, havia uma competição feroz. Hoje me parece que essa competição não existe mais e que todos estamos cientes de que o mais importante é podermos evoluir em um ambiente criativo, honesto, saudável e benevolente.

Nicolas de Felice, COURRÈGES

Como você descobriu a moda?
Eu venho de uma pequena cidade perto de Charleroi, Bélgica. Quando eu era jovem, eu não sabia que existia uma indústria da moda; eu estava mais interessado nos looks dos músicos. Um novo horizonte pareceu se abrir para mim no Pays Noir, como essa parte da Bélgica é chamada, por causa da fina camada de poeira escura que o vento sopra dos montes de entulho.


O que inspira você?
É o talento e o romantismo de André Courrèges, que deu um salto para o desconhecido com sua marca. Sempre se falou que Courrèges é otimista e entusiasmado, então toda a abordagem deve ser dinâmica. Eu nunca copio arquivos; tento fazer algo que invoque os mesmos sentimentos, mas usando as técnicas e os materiais de hoje.

Charles de Vilmorin

Como o seu trabalho é emblemático do nosso tempo?
Acho que vivemos em um tempo em que precisamos de liberdade, não nos trancarmos em caixas. Minhas roupas não são elaboradas para um tipo específico de pessoa; quero que todos possam estar aptos a vestir minhas criações de acordo com sua personalidade e desejo. Os valores que defendo por meio do meu trabalho são a riqueza da diversidade e da liberdade.


De que maneira Paris é novamente o centro da moda?
Há toda uma geração de estilistas que estão influenciando as grandes maisons. Paris sempre foi a capital da moda, mas está recuperando seu estilo e sua audácia. Está se arriscando.


Como você definiria a atitude francesa?
É uma forma de elegância, descuidada e excêntrica.

Antonin Tron, ATLEIN

Como o seu trabalho traduz o nosso tempo?
É uma estética feminina forte e sensual, combinada com um profundo compromisso de encontrar soluções para combater os danos ambientais causados pela superprodução de roupas. Utilizamos principalmente materiais reciclados e desenvolvemos têxteis inovadores. O nome Atlein se refere ao Oceano Atlântico — seu poder e movimento —e isso está refletido em nossas roupas.


De que maneira Paris é novamente o centro da moda?
Paris está vivenciando um intenso momento criativo, com uma rica vida underground, assim como muitas novas marcas com pontos de vista poderosos.


Qual é o toque francês?
Influências multiculturais e precisão nas assinaturas dos estilistas.

Nix Lecourt Mansion

Como o seu trabalho reflete os nossos tempos?
Acho que sou inspirada pelas pessoas de hoje e pelos artistas ao meu redor. É isso o que faz a especificidade e a modernidade do meu trabalho – minhas maiores inspirações existiram recentemente e tornaram o presente inspirador.


De que maneira Paris é novamente o centro da moda?
Acho que recentemente Paris viu uma onda de novidades que refrescou todos os aspectos da moda. Independentemente de serem estilistas, editores, agentes ou revistas, uma energia totalmente nova está se fazendo sentir. É bom ver o ecossistema se movimentando e eu espero que as boas lições pós-pandemia permaneçam!


Como você definiria a atitude francesa?
Só posso dar uma interpretação bem pessoal — como uma mulher francesa, acho que é ousadia e incorreção política.

Simon Porte Jacquemus

Como foi o início da sua marca?
Quando lancei minha marca, preferi pensar em uma ideia geral, uma história com um título, como Jean-Luc Godard com seu filme O desprezo. É muito francês contar uma história e ficar perto de personagens muito reais. Tenho uma obsessão por mulheres desde a minha juventude, mas o início da minha marca está ligada a uma mulher em particular: minha mãe, que manteve seu nome de solteira, Jacquemus, e é quem está no coração da minha marca.


Como é o seu processo criativo?
Quando eu era mais jovem, sonhava em ser um grande estilista. Hoje eu simplesmente quero fazer as coisas de uma maneira simples e bonita; estar atento ao que acontece ao meu redor enquanto permaneço fiel e próximo aos meus clientes. Este é meu maior objetivo e também minha maior satisfação. Desenho minhas coleções de A a z, de um simples cinto a um complexo vestido ou casaco. Estou por trás de tudo, sincera e honestamente. É o que me faz feliz na vida.

Christelle Kocher, KOCHÉ

Como o seu trabalho reflete nossos tempos?
Eu não tenho uma visão cínica da moda; acredito na beleza do que fazemos. Adoro aquela cena de Os desajustados em que Marylin Monroe pula para dentro e para fora de casa enquanto ri e dança. Sinto-me dessa maneira – um pé para dentro, um pé para fora, com uma imensa alegria por fazer meu trabalho.


De que maneira Paris é novamente o centro da moda?
Acho que ninguém concorda sobre o que é a moda em Paris e é por isso que ela é legal, diversa e criativa. A moda não precisa ser uma coisa só, e não há melhor exemplo do que Paris para expressar isso. Olhe para os estilistas, para o número de desfiles, para a alta-costura, as marcas luxuosas – as vibrações são muito diferentes. E ainda a cena da arte e da música, os clubes, a cena da gastronomia... tudo isso faz de Paris única e faz de Paris a cidade da moda por definição. Ela incorpora um misto de história e modernidade. Paris é a cidade das histórias, da busca pela beleza guiada por vozes, e essas vozes estão gritando bem alto atualmente.

por Laure Ambroise

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