Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Uma discussão tem tomado a moda brasileira nos últimos dias. Não que a discussão seja nova, mas foi acalorada por um “bate-boca” virtual em redes sociais entre Oskar Metsavaht, da Osklen, e Rony Meisler, da Reserva. Tudo teve início quando o estilista da Osklen insinuou uma cópia pela Reserva, e como era de se esperar, Rony não deixou barato e devolveu a ofensa postando fotos nas redes em que aparecem coleções da Osklen e suas “inspirações” ao lado.

O fato é que muitos estilistas brasileiros entraram na discussão, sendo alguns defensores da inspiração ou busca de referências na criação, e outros, que defendem que criador é apenas aquele livre dessas referências. Em meio a tudo isso, fica evidente que o Brasil ainda precisa de muita profissionalização na análise e crítica do que de fato é criação e o que é cópia. Na falta de uma legislação específica que proteja as criações, o senso comum diz que não há mais nada de novo a inventar na moda e que mudar um detalhe, uma linha, um corte, já é suficiente para não ser considerada cópia.

A cópia é mesmo algo antigo e recorrente no universo da moda, universo este que exige um ritmo de criação (e criatividade) exagerado, além de querer ser certeiro em suas previsões de tendências, de forma a garantir a roda da moda girando. Em matéria sobre o assunto para a Folha de São Paulo do dia 01/12/2013, a estilista da marca Triton (hoje pertencente ao conglomerado AMC têxtil) disse ser comum em grandes marcas haver cobranças da chefia sobre "alinhamento" com tendências estrangeiras.

Oskar tinha criticado o modelo brasileiro de criar e comercializar no Forum Mundial de Sustentabilidade ocorrido no AM em 2012, com a seguinte declaração:  "O Brasil é cópia do modismo americano e da alfaiataria italiana. Está na hora de termos nossa própria identidade". Alguns acreditam que esse modelo propagado pela marca pode ser “fake”. Será? Para provocar, Rony, da Reserva, postou várias fotos de marcas nacionais e internacionais em que diz perceber inspiração literal da Osklen.
Então, em meio a tudo isso, fica a pergunta: “se o Brasil precisa se “alinhar” às tendências estrangeiras, olhar para trabalhos de marcas de fora para se inspirar, por que ele acredita que é um país que forma criadores?”.

Talvez algo esteja fora dos eixos e falte na verdade “alinhamento” entre indústria, comércio e formadoras de talentos (universidades, principalmente), e quem sabe também, abandonar um pouquinho o complexo de colonizado. Criar não é difícil, mas criatividade exige esforço e impor uma cultura de moda é trabalho árduo, mas não podemos desistir, não é mesmo?


Fonte: Folha




Por Gabriela Maroja
Professora e Coordenadora da Graduação e Pós-Graduação em Moda no Unipê/JP

Exibições: 653

Responder esta

Respostas a este tópico

  Talvez algo esteja fora dos eixos e falte na verdade “alinhamento” entre indústria, comércio e formadoras de talentos (universidades, principalmente), e quem sabe também, abandonar um pouquinho o complexo de colonizado.

. Criar não é difícil, mas criatividade exige esforço e impor uma cultura de moda é trabalho árduo, mas não podemos desistir, não é mesmo?

Responder à discussão

RSS

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço