Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Moda brasileira em 2015: Thomaz Azulay fala sobre Fashion Rio, a crise e a sua nova marca

O ex-diretor criativo da Blue Man esclarece as nossas dúvidas sobre a moda brasileira em 2015, com foco especial no Rio de Janeiro

Modelo veste look da marca The Paradise ao lado dos sócios da etiqueta Thomaz Azulay e Patrick Doering, respectivamente (Foto: Divulgação)

 

Com mil coisas acontecendo na moda brasileira  - crise financeira, Fashion Rio sendo replanejada e parcerias de estilistas com etiquetas de fast fashion pipocando - nada melhor do que tirar as nossas dúvidas com talentos que respiram essas questões. O estilista carioca Thomaz Azulay, ex-diretor criativo da Blue Man, é a fonte perfeita pra mergulhar nesse emaranhado. Em parceria com o sócio e namorado, Patrick Doering, Thomaz acabou de lançar a marca The Paradise, nadando contra a corrente das etiquetas que estão fechando. Confira nossa entrevista concedida por e-mail:

Glamour:Quando você pensou em criar a marca The Paradise, o que sentiu que estava faltando no mercado de moda brasileiro?
Thomaz Azulay: Senti e sinto falta de gente empreendendo ideias. Fala-se muito em crise e pouco em novas ideias.
                                                                  

Glamour: De que maneira The Paradise é diferente da Blue Man?
Thomaz Azulay: De muitas e poucas ao mesmo tempo. Queremos desfrutar da mesma liberdade e irreverência que a Blue Man alcançou, mas o formato da The Paradise é totalment diferente. Somos uma marca pequena, o foco não é beachwear e pensamos nos produtos um a um, como a estampa vai ficar em cada peça. 
                                    

Glamour:O símbolo da sua marca é um unicórnio. Explica pra gente o motivo?
Thomaz Azulay: Achamos no unicórnio a síntese de tudo que a Paradise representa pra gente – é mágico, utópico, carismático e traz sorte!                                                                                         

Glamour: A sua grife tem uma pegada artística. De que maneira isso é interpretado?
Thomaz Azulay:Fazer uma estampa pode levar o mesmo tempo que pintar um quadro. E é isso que valorizamos na The Paradise, a quantidade e a qualidade da energia concentrada em cada peça, cada desenho! Alguns chamam de slow fashion, nós preferimos chamar de valorização do trabalho. 

                                                                             
Glamour: Quais marcas você acha que são a sua competição direta?
Thomaz Azulay: Hoje em dia, cada vez mais, todas as marcas concorrem entre si. No nosso nicho, com a popularização da estamparia digital, qualquer marca consegue ter estampas exclusivas, mas nós garantimos na qualidade intelectual das estampas, o que poucas marcas têm! 
                                             

Glamour: Como você enxerga a moda carioca agora?
Thomaz Azulay: Cansada, sem forças. Eu sou testemunha, sem ter vivido, do que foi a moda carioca nos anos 70,80 e 90! Estamos muito longe disso, talvez numa entressafra de estilistas e empreendedores. As grandes marcas que restaram no mercado funcionam em modo automático. Mas é tudo uma questão de tempo, ciclos que se renovam. 

               
Glamour: Você lançou a sua marca em meio a uma crise financeira no Brasil. O que te deixa seguro de que vai dar tudo certo e que ela fará sucesso?
Thomaz Azulay: É na crise que surgem grandes ideias. Em meio a tanto desânimo na moda, viemos com uma história nova, personalizada, com produtos de primeira qualidade e preço acessível. Acreditamos no nosso produto e já tivemos essa resposta do público. Não penso na possibilidade de dar errado. Pode dar mais ou menos certo!                                                                                                     

Glamour: Por que você acha que estilistas estão cada vez mais interessados em fazer parcerias com etiquetas de fast fashion?
Thomaz Azulay: É um business muito interessante pra quem cria, ainda mais no Brasil, um país sem cultura de moda, mas com alguma cultura de consumo. Os estilistas têm uma mega estrutura à sua disposição, com mil possibilidades de produto, seu nome veiculado em rede nacional, DNA espalhado por enormes cadeias de lojas e dinheiro certo.          

Glamour: Como o Fashion Rio está passando por mudanças, a gente queria saber a sua opinião sobre como  a semana de moda deveria funcionar.
Thomaz Azulay: O que eu sempre penso é o que disse antes, não temos cultura de moda. Em qualquer das metrópoles de moda do mundo, quando acontece uma semana de moda, o lugar respira aquilo. No Brasil a moda ainda é vista como algo supérfluo, mesmo representando uma indústria que emprega milhões de pessoas e movimenta bilhões de reais. Ou se pensa num formato profissional, voltado realmente para profissionais da área, ou num formato comercial, onde o cliente possa assistir ao desfile e comprar a peça.

http://revistaglamour.globo.com/Moda/Fashion-news/noticia/2015/08/m...

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