Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI


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Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP


Excêntrica. Contemporânea. Atemporal. Muitos são os adjetivos paradoxais que tentam definir a artista japonesa Yayoi Kusama. Considerada um dos maiores nomes da arte contemporânea e também um ícone da moda, ela vive há mais de três décadas, por iniciativa própria, numa instituição psiquiátrica em Tóquio.

Kusama sofre de Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC) e alucinações desde a infância, o que a faz enxergar bolinhas coloridas por todas as partes. Essas, aliás, são a marca mais expressiva do seu trabalho, repleto também de conotação erótica e fálica.

Para Philip Larratt-Smith, curador de uma das exposições de Kusama, os diversos sintomas e manifestações do TOC da artista encontram equivalentes simbólicos em sua arte. “De uma maneira muito clara, e muito pura, ela encarna o mito do poeta doente; da ideia de que o artista faz o seu trabalho a partir do sofrimento e do trauma. A linha entre sua vida e sua arte é muito fluida e, algumas vezes, desaparece totalmente”.

Apesar da longa estrada artística, desde muito jovem Kusama já criava, foi apenas em 2011 que a artista ganhou sua primeira exposição internacional, sediada em Madri. De forma ascendente, a partir de então caiu nos holofotes da grande mídia e hoje figura como a terceira artista mulher que mais ganhou dinheiro com seu trabalho – atrás apenas das americanas Joan Mitchell e Mary Cassatt – o que lhe garante um faturamento estimado de US$127,7 milhões.

O Brasil, aliás, recebeu recentemente a exposição “Obsessão Infinita” que apresentou cerca de cem obras, produzidas de 1949 a 2012, incluindo pinturas, trabalhos em papel, esculturas, vídeos, apresentações em slides e, sobretudo, instalações. Tanta visibilidade e talento renderam parcerias e inspirações no campo da moda.

A marca de luxo Louis Vuitton promoveu uma parceria com Yayoi Kusama em 2012, chamada de “Infinitely Kusama”, a coleção contou com roupas, bolsas, sapatos e acessórios com a icônica estampa de bolinhas. Em entrevista Kusama afirmou: “A atitude sincera de Marc Jacobs em relação à arte é a mesma que a minha. Eu o respeito como um designer magnífico. A Louis Vuitton compreende e aprecia a natureza da minha arte. E não é assim tão diferente do meu processo de criar moda”. Além das peças, a marca Louis Vuitton abriu sete pop-store (lojas temporárias) para apresentar a parceria – e todas foram ricamente ambientadas com a estética peculiar de Kusama.

Confira o vídeo: http://vimeo.com/45486250

Imagens da pop-store Louis Vuitton que promoveu a coleção Infinitely Kusama em parceria com Yayoi Kusama.


A marca americana Altuzarra também foi outra a buscar inspiração no universo de Yayoi Kusama para ambientar sua coleção Inverno 2014. O projeto foi realizado por Alexandre de Beltak, inspirado no “Fireflies on the Water” da artista japonesa, que trata-se de uma instalação em um pequeno quarto escuro forrado com espelhos por todos os lados, uma piscina no centro e muitas pequenas luzes penduradas no teto, criando efeitos visuais que podem ser desorientadores para alguns espectadores.

Mais uma vez moda e arte se encontram e se fundem produzindo um lindo espetáculo de apreciação e consumo.

Na imagem de cima a instalação Fireflies on the Water com a artista Yayoi Kusama e abaixo imagens da ambientação da marca Altuzarra inspirada na mesma obra.

Por Eduardo Vilas Bôas
Professor de Moda do Senac SP

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