Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A primeira semana de moda no metaverso teve lugar de 23 a 27 de março e contou com a presença de 70 marcas, da Puma, Perry Ellis e Forever 21 à Etro e Dolce & Gabbana, na plataforma Decentraland. Sem filas e com uma visão mais inclusiva, a Metaverse Fashion Week atraiu cerca de 108 mil pessoas.

[©Decentraland]

A primeira semana de moda no metaverso trouxe uma maior inclusão de diferentes públicos, que puderam participar em desfiles virtuais, aceder a NFTs vestíveis, aprender com os líderes da indústria e ir a festas com os seus avatares, apontando um possível caminho para o futuro da indústria da moda.

Não sendo o primeiro evento virtual dedicado à moda, a Metaverse Fashion Week destacou-se por atrair 70 marcas, entre showrooms e desfiles, permitindo a alguns designers estrear-se neste mundo virtual, como Colina Strada e Jonathan Simkhai, que mostrou as suas propostas para o outono-inverno 2022/2022 através do Second Life.

A Metaverse Fashion Week foi pensada para democratizar o acesso da moda ao público comum, uma vez que a plataforma Decentraland pode ser acedida através de qualquer computador, sem necessidade de hardware específico, embora, segundo o WGSN, tenha claramente falhas, abrindo mais possibilidades às pessoas que têm uma carteira criptográfica conectada. Para o gabinete de tendências, o evento teve «fracassos e sucessos», mas sobretudo mostrou para onde a moda pode caminhar, sobretudo à medida que o interesse pelo metaverso começa a descolar e a tecnologia se desenvolve – as projeções apontam para que, em 2026, 25% das pessoas passem pelo menos uma hora por dia no metaverso e que 30% das marcas tenham produtos neste espaço.

Marcas fazem experiências

Os eventos desta semana de moda aconteceram no chamado Fashion District da Decentraland, um espaço virtual com cerca de 550 metros quadrados comprado pelo The Metaverse Group por 2,4 milhões de dólares.


[©Etro]

Dentro dessa área, o público podia passear por bairros como o Luxury Fashion District, inspirado na Avenue Montaigne de Paris, e a Rarible Street, que tinha a chamada Fresh Drip Zone, inspirada na cidade de Nova Iorque e que serviu de palco para lojas pop-up da Puma e da Perry Ellis.

A Metaverse Fashion Week também foi escolhida para marcar o lançamento de lojas permanentes de marcas na Decentraland, como a da Forever 21 e a do designer Philipp Plein, que deu o primeiro passo para a Plein Plaza, um espaço superior a 16 mil metros quadrados que adquiriu em fevereiro por 1,2 milhões de dólares e que deve albergar no futuro um museu de NFTs, hotéis e lojas. Durante a semana de moda no metaverso, o designer apresentou um desfile, uma after-party e uma oportunidade para os fãs comprarem NFTs vestíveis.

Esta semana, que decorreu de 23 a 27 de março, foi igualmente um espaço de eleição para testar o futuro dos eventos de moda. Permitiu que os consumidores facilmente assistissem a desfiles – que estão, muitas vezes, reservados apenas para uma elite de ricos e famosos –, independentemente dos seus conhecimentos em relação a criptomoedas e da região geográfica em que se encontravam.

Além disso, do lado das marcas, possibilitou a realização de experiências criativas únicas, sem terem sequer de obedecer às leis da física. De acordo com o WGSN, durante a Metaverse Fashion Week, «a estética foi surreal, os manequins na passerelle não eram humanos e o público podia teletransportar-se entre os eventos». Uma realidade que deverá ganhar a mesma importância que as redes sociais assumiram há uns anos para a estratégia das marcas.

«Estamos a oferecer uma experiência baseada na web para as pessoas entrarem, vestirem os seus avatares e experimentarem o conteúdo das marcas de moda? Sim. E isso é progressivo? É entusiasmante? Acho que sim», aponta Kadine James, especialista em tecnologia criativa da Yahoo.

A Metaverse Fashion Week mostrou 500 coordenados de designers como a Etro e a Dolce & Gabbana, e atraiu 30 mil pessoas logo no primeiro dia. A Dolce & Gabbana colocou gatos como modelos e lançou 20 NFTs vestíveis, enquanto a Dundas apresentou um desfile com 12 coordenados que podiam ser comprados numa pop-up.


[©Dolce & Gabbana]

A Selfridges fez sucesso com o lançamento de uma flagship, semelhante à que tem, no mundo real, em Birmingham, com 12 NFTs com a Paco Rabanne. O Luxury District estava repleto de anúncios da DKNY e da Esteé Lauder através de outdoors virtuais OOH, apesar dos consumidores não terem a certeza se há lugar no metaverso para anúncios – um estudo revelou que 28% dos consumidores dos EUA dizem que não e 43% os consideram «um pouco aceitáveis«, embora 56% dos entrevistados mais jovens tenham uma visão favorável.

Tal como as semanas de moda físicas, a Metaverse Fashion Week contou com festas como a da Hogan, onde o público programou os seus avatares para dançar. De igual forma, no Metajuku Mall, a Tribute Brand organizou um sarau onde todos os avatares dançaram à chegada. A DJ Grimes criou um set para encerrar a Metaverse Fashion Week, onde vestiu um macacão da Auroborous, do qual a marca disponibilizou uma edição limitada para compra.

Afinar o futuro

As marcas de moda digital NFT XRCouture e a Rstless lançaram colecionáveis ​​durante o evento de quatro dias, ao lado de marcas físicas como a Giuseppe Zanotti. A marca italiana de calçado lançou mil NFTs dos seus ténis Cobra para avatares com a especialista em NFTs DeadFellaz e o marketplace de moda digital Neuno. A Estée Lauder deu aos avatares uma “aura radiante”, um filtro gratuito de meta beleza que promove o seu Advanced Night Repair Serum. A coleção de NFTs da Hogan, concebida em parceria com a Exclusible, desbloqueou ténis físicos, enquanto a Tommy Hilfiger também permite que os clientes acedam a NFTs para os seus avatares juntamente com versões físicas.

Num balanço do evento, o WGSN sublinha que «a premissa da Metaverse Fashion Week


Giuseppe Zanotti X Dead Fellaz X Neuno [©Dead Fellaz]

era desmantelar a dinâmica da semana de moda do mundo real – onde reina a exclusividade e só a elite tem acesso – e criar uma experiência mais democratizada para as massas. Embora houvesse elementos que conseguiram fazê-lo, surgiram preocupações em torno da capacidade da Decentraland em lidar com visuais de alta definição quando o público participa através de computadores domésticos. Muitos utilizadores relataram máquinas lentas, que sobreaqueceram e pararam. Localizar os eventos e navegar na plataforma provou ser difícil para muitos, especialmente para quem era novo no espaço. À medida que as marcas entram no metaverso e adotam a Web3, têm de garantir que alcançam o público e atuar como um amortecedor educacional quando necessário».

Para o gabinete de tendências, à medida que eventos como este surgem, as marcas devem fazer experiências, mas sempre em colaboração com quem está familiarizado com o conceito. Na Metaverso Fashion Week, as marcas trabalharam com criadores da comunidade Decentraland, que atuaram como consultores. Trabalhar de forma colaborativa ou capacitar equipas internas para construir estratégias pode ser a diferença entre um biscate e um evento que atrai e fideliza o público. «Nos próximos 12 a 18 meses, as marcas vão experimentar e fazer testes-piloto no metaverso. Algumas podem falhar, mas nos próximos dois anos as marcas não terão um livre-passe. Um diretor de marketing ou de inovação de uma marca que não tenha uma estratégia de metaverso, provavelmente não terá um emprego no futuro», afirma Justin Banon, cofundador do Boson Protocol, citado pelo WGSN.


[©Tribute Brand]


FONTEWGSN
https://www.portugaltextil.com/moda-migrou-para-o-metaverso/
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