Dizem que quem faz a moda somos nós. E para aqueles que estão alguns quilos acima do peso considerado ideal (out até muitos quilos), essa frase parece nunca ter feito tanto sentido. Ao mesmo tempo em que 48,5% dos brasileiros estão acima do peso, segundo pesquisa da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), o mercado plus size cresce e ganha cada vez mais adeptos. Embora ainda seja hegemônico dentro da moda aquele padrão de beleza representado por modelos magérrimas, ele não é mais absoluto. A moda, agora, é para todos.
“Os padrões de beleza e da moda foram alterados e os concursos que temos hoje provam isso. Temos meninas belíssimas que trabalham como modelo plus size. Hoje a mulher não quer mais ser tão magra, elas têm uma certa dificuldade”, aponta Iria Tambosi, dona da loja Enigma G, especializada em moda plus size. “Eu diria, inclusive, que nos próximos anos não vou ser reconhecida como uma loja especializada, vai se tornar o padrão. A população não é mais magérrima e o comércio vai acompanhar essa mudança”, aposta a empresária.
Iria, inclusive, acompanhou as mudanças no mercado plus size. Quando ela abriu sua loja, há 20 anos, as opções de vestimenta para as mais cheinhas se limitavam, basicamente, a conjuntos de malha e moleton e looks preto total. Vislumbrando uma oportunidade, há 11 anos a Enigma G começou a trabalhar exclusivamente com a moda plus size. Hoje já são sete lojas distribuídas em Santa Catarina e no Paraná.
“O mercado plus size cresceu bastante, acredito que uns 40% nos últimos anos, se não for mais. Antes a mulher não se assumia, esse era o grande problema. Antigamente era até uma discriminação, a pessoa com sobrepeso chegava já acabrunhada nas lojas perguntando se tinha algo para o tamanho dela. Tínhamos clientes que chegavam na loja e omitiam tamanho. Hoje já não tem mais esse tipo de preconceito, essa vergonha”, conta a empresária.
Para Liliana Nakakogue, que mantém o blog CWB Plus Size —, e está à frente de alguns concursos e ainda trabalha na parte de relacionamento entre lojas, fábricas e clientes — os principais avanços conquistados pelo setor foram na questão da profissionalização. “Antes, colocavam qualquer pessoa com manequim maior e que fosse bonitinha para modelar. Agora já temos definido o manequim plus size (a partir de 44), o formato de corpo, o tipo de corpo. Mas a maior conquista é na modelagem de roupa. Antes tínhamos o que o mercado disponibilizava. Hoje a pesquisa para se criar uma roupa plus size é baseada na moda internacional, a pessoa que veste o manequim maior pode ter à disposição a mesma roupa, com mesmo caimento e corte, das roupas para manequim menores.”
Medidas — O Serviço Nacional da Indústria (Senai) do Rio de Janeiro vem desenvolvendo um estudo para padronizar as medidas dos brasileiros. Por meio de um scanner de corpo, as diferentes medidas são retiradas de voluntários para fundamentar um novo padrão no País. O estudo percorre o Brasil e em agosto passou por Curitiba. A padronização pode servir para a indústria do vestuário, mas também para a automobilística, moveleira e a calçadista.
Preço mais alto ainda é um problema a ser resolvido
Contudo, mesmo com todos os avanços, o setor ainda apresenta problemas que devem ser resolvidos. Um deles é o preço das roupas plus size, geralmente mais caras que os modelos menores. “As empresas justificam que as roupas maiores gastam mais tecido, mas precisa de um custo mais acessível”, critica Liliana. Além disso, mesmo com o crescimento do setor, ainda pode ser difícil encontrar peças com tamanhos maiores. “Hoje está um pouco mais fácil achar roupa, mas a gente tem que ficar garimpando para encontrar peças de tamanhos maiores. Se você for procurar uma calça acima do manequim 46, por exemplo, não vai achar em qualquer lugar”, afirma a modelo plus size Isabelle Campestrini.
No Paraná, as dificuldades são grandes para quem quer se tornar modelo plus size. Viver da profissão, inclusive, pode ser considerado um sonho difícil de se alcançar. É que os cachês pagos ainda não são tão altos. Por isso, modelos como Liliana e Isabelle trabalham também com outras coisas — a primeira é designer de interiores, enquanto a segunda é advogada. “Muitas mulheres querem mostrar o corpo, aceitam trabalhar por qualquer coisa e isso desvaloriza, como acontece com qualquer profissão”, aponta Liliana. “No Brasil, até é possível que uma modelo plus size viva exclusivamente da modelagem, mas são raros os casos e elas tiveram de batalhar por um tempo.”
Mesmo com as dificuldades e os desafios a serem enfrentados, o futuro que se desenha para o setor é otimista, segundo Liliana. “Já foi dado um passo bem grande, o respeito pelo menos está maior. Ainda tem bastante para caminhar, mas na moda estamos trilhando um caminho bacana. As lojas tem notado que são de grande ajuda, que podem não só oferecer o produto, mas também ajudar na questão da autoestima”, finaliza.
Miss Brasil Plus Size é do Paraná
http://www.bemparana.com.br/noticia/364445/moda-plus-size-tem-lugar...
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