Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Moda Responsável... O que esconde o preço (médio) de uma T-Shirt vendida a 29€ nas grandes varejistas?

Patagonia, marca americana de artigos desportivos, foi pioneira desde a sua criação em 1972 da moda e comércio responsável, e consagra 1% do seu volume de vendas ao financiamento dos seus programas prioritários. Isto não a impediu de se tornar um major no sector.
A sua última iniciativa consiste em dar a escolher aos trabalhadores dos seu fornecedor indiano entre construir uma creche ou distribuir um bónus. 
Uma preocupação rara, como o mundo teve a oportunidade de constatar com o acidente de Rana Plaza, em 2013, no Bangladesh, que fez 1137 vítimas. Descobrimos, então, uma indústria têxtil desumana, de sub-contratação, feita por fábricas asiáticas ou indianas “oficiais” que devem responder aos prazos de entrega e preços impostos pelos seus clientes internacionais, como Mango, Primark, Carrefour ou Auchan - as suas etiquetas foram encontradas entres os escombros do edifício. 
Patagonia sabe que não pode mudar da noite para o dia, a vida destes trabalhadores na India ou no Sri Lanka, mas com as suas iniciativas, tenta melhora-las.
As crianças que trabalham em caves insalubres na manufactura das nossas sapatilhas de marca, são com efeito, ainda uma realidade.


Os gigantes das marcas de vestuário e calçado usam uma fábrica vitrina que é auditada, mas não querem saber do que se passa nas caves com os sub-contratados. Esta produção é a pedra angular do seu negócio, e ergueram este sistema ilegal num paradigma.
Os grandes compradores - como H&M - que encomendam 1 bilião de produtos por ano ao Bangladesh - transformaram-se em plataformas logísticas, perdendo todo o contacto com as suas unidades de fabricação. 

O que esconde o preço (médio) de uma T-Shirt vendida a 29€ na grande distribuição?
Items
Valor
Salário do Trabalhador
0,18
Gastos Gerais
0,27
Margem da Fábrica no Bangladesh
1,15
Intermediário
1,20
Custo do Transporte
2,19
Custo dos Materiais (Tecidos, botões, etc.)
3,40
Margem da Marca
3,61
Margem da Cadeia de Distribuição
17,00
Total
29,00

A diferenciação entre uma marca ética e as outras, caracteriza-se pelo seguinte exemplo: à porta de uma fábrica chinesa um par de sapatilhas de uma marca não responsável custa 2,1€ e será vendido em Paris a 69€. Para um preço de venda equivalente a marca Veja, paga 17€ pelo par. Veja faz chegar o seu algodão bio do Brasil em fardos de 15 kg. Este algodão é duas vezes mais caro e pago à cabeça ao agricultor que se obriga, na sua parcela de terreno, a não utilizar fertilizantes e pesticidas. 
Veja já vendeu um milhão de sapatilhas desde o seu lançamento em 2005, o que demonstra a existência de uma mercado para o comércio de produtos responsáveis, desde que a mensagem seja bem construída e apreendida pelo consumidor.
Entretanto Patagónia foi o primeiro a propor polares em matéria reciclada ou algodão bio. Os consumidores na Ásia, Europa e nos Estados Unidos interessam-se cada vez mais por este tipo de produto.
Porque é que a utilização de algodão bio não está generalizada? Mistério. Mas as mudanças estão em curso face à pressão dos consumidores. 

Em 2011 o algodão bio, representava 1,1% da produção mundial de algodão. Poucos sabem que os campos de algodão estão cheios de pesticidas (uma T-Shirt representa 165g de pesticidas segundo o site da marca dinamarquesaKnowledge Cotton Apparel). Sem falar dos corantes químicos ou do crómio (utilizado para o acabado dos couros) que contamina os rios. Ou as jeans, cujo um só modelo necessita de 11 000 litros de água. 
Patagónia fez também das economias de energia uma das suas prioridades. Trabalha com a Universidade de Hong Kong para desenvolver e testar novos processos no fabrico de jeans. Os parceiros de Patagónia na China são inovadores e têm perfeita consciência destes problemas e do seu impacto. Assim, desde 1998, o seu fornecedor Esquel Garment Manufacturing Co.contracta a totalidade da cadeia do algodão bio até ao produto final, com uma rastreabilidade robusta.

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Respostas a este tópico

Em que língua foi escrito esse troço? Português degradante só faz aumentar a injustiça social...

Caro Heitor, Este texto esta escrito no português de Portugal! Este artigo é de José de Brito Pires e esta publicado conforme fonte em seu BLOG

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