Crescimento gera crescimento ainda maior. Esse é o modelo de negócios da companhia de varejo têxtil Hering, cada vez mais evidente. No segundo trimestre, o lucro líquido da empresa aumentou 80,8% na comparação anual, para R$ 77,3 milhões, enquanto a receita líquida teve expansão de 37,2%, alcançando R$ 346,9 milhões.
O diretor de relações com investidores, Frederico Oldani, disse ao Valor que a principal explicação para os números se deve à "alavancagem operacional" da atividade. A empresa mistura produção própria com varejo franqueado, em sua maioria. Com isso, quanto mais as vendas crescem, mais diluídos ficam os custos e despesas fixas, ampliando as margens.
No segundo trimestre, contudo, a última linha contou ainda com um benefício extraordinário não recorrente. A empresa teve uma receita financeira líquida de R$ 9, 7 milhões. O número conta com quase R$ 5 milhões de correção de ação judicial de IPI que a companhia ganhou no período.
A expansão das vendas, contudo, passou da casa dos 40% para dos 30%. Oldani explicou que, com bases de comparação cada vez mais elevadas, é normal que percentualmente de crescimento seja menor - ainda que continue significativo em termos absolutos.
A companhia encerrou junho com 472 lojas, considerando todas as bandeiras, que agora incluem também a Hering Kids. São 90 unidades a mais do que há um ano. A meta continua sendo a de chegar ao fim deste ano com 418 lojas Hering, que estavam em 375 ao fim do primeiro semestre.
De acordo com Oldani, a companhia está "cautelosamente otimista", em função das preocupações com Europa, Estados Unidos e os reflexos na economia doméstica, além das questões locais como inflação e juros. "O cenário é pouco mais incerto, mas todas as previsões e planos estão mantidos."
O maior desafio que a companhia acredita ter enfrentado foram as pressões de custo, por conta da explosão dos custos do algodão - que já recuaram significativamente nos últimos três meses.
No segundo trimestre, a diluição das despesas por conta do modelo de negócios compensou a perda na margem bruta por conta do algodão. Enquanto o custo do produto vendido subiu de 51,2% para 53,4% da receita líquida, as despesas operacionais caíram de 23,8% para 21,1%.
Esse ganho de eficiência é o que explica também o aumento do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), que passou de R$ 69,1 milhões para R$ 97,5 milhões, com alta de 41,2% na comparação anual, acima da receita. Portanto, a margem subiu de 27,3% para 28,1%.
"Já superamos nossa previsão. Por causa do algodão, acreditávamos que conseguiríamos ficar igual a 2010 em margem, mas no acumulado do ano já superamos em 1,5 ponto percentual", disse Oldani. Segundo ele, o cenário de margem para os próximos trimestres é ainda melhor, já que o custo do algodão começou a recuar.
A Hering fechou junho com R$ 86,5 milhões de caixa líquido, quase R$ 10 milhões a mais do que tinha acumulado há um ano. No segundo trimestre, a empresa investiu R$ 9,8 milhões - R$ 4,3 milhões na área industrial e R$ 4,1 milhões na reforma e abertura de lojas.
A capitalização de mercado da companhia é de R$ 5,3 bilhões, alta de 22% no ano.
Fonte:|http://www.valoronline.com.br/impresso/investimentos/119/464011/mod...
