Aluguel, revenda, reparo e refabricação de produtos podem ser muito lucrativos ao mesmo tempo que reduzem o impacto ambiental.
Foto: Ksenia Chernaya | Unsplash
Um novo estudo da Fundação Ellen MacArthur mostrou o potencial que os modelos de negócio circulares oferecem para a indústria da moda. Os novos modelos tem o potencial de tomar 23% do mercado de moda global até 2030 e aproveitar uma oportunidade de US$ 700 bilhões.
O relatório Modelos de Negócio Circulares: redefinindo o crescimento para criar..., mostrou como os modelos de negócios circulares podem gerar uma receita maior, ao mesmo tempo que reduzem o volume de novas roupas e acessórios produzidos.
Foram abordados quatro exemplos de modelos de negócios circulares: aluguel, revenda, reparo e refabricação, que representam um mercado de US$ 73 bilhões. Espera-se que esses modelos continuem crescendo à medida que os clientes se tornam cada vez mais motivados por preços acessíveis, comodidade e consciência ambiental.
No entanto, a Fundação alerta que atualmente esses modelos nem sempre resultam em benefícios ambientais, particularmente, se forem vistos puramente como complementos para um modelo linear tradicional baseado no desperdício. Por exemplo, incentivar a devolução de produtos para revenda, refabricação ou reciclagem, oferecendo vouchers para novos produtos, pode fomentar mais produção.
Modelos de aluguel que oferecem roupas que não foram criadas para resistir a muitos usos e ciclos de limpeza aumentam as chances desse modelo ser econômica e ambientalmente inviável. Por fim, se não forem criadas para fazer parte do sistema em que estão, as roupas vão parar em aterros sanitários depois de poucos usos.
Para maximizar os resultados positivos dos modelos de negócios circulares e reconhecer todo o potencial para um crescimento econômico de melhor qualidade e melhores impactos ambientais, a Fundação recomenda quatro ações principais.
Mudar para um modelo de negócios baseado no aumento do uso de produtos, em vez de produzir e vender mais produtos, exige que a empresa repense como mensura o sucesso, e estimule seus clientes a optar por sua oferta circular por meio de incentivos cuidadosamente projetados e melhor experiência do cliente.
Para maximizar o potencial econômico e ambiental dos modelos de negócios circulares, os produtos precisam ser desenvolvidos e feitos para serem materialmente e emocionalmente duráveis e capazes de serem refeitos e reciclados ao final de suas vidas úteis.
Para manter os produtos em circulação com sucesso, as cadeias de abastecimento de moda, atualmente projetadas para um fluxo unilateral previsível de produtos, precisam ser transformadas em redes de abastecimento capazes de circular produtos localmente e globalmente por meio da colaboração e do uso de tecnologias digitais.
Dar escala a uma variedade de modelos de negócios circulares, que geram receita sem produzir novos produtos, pode aumentar a oportunidade econômica e ambiental geral a longo prazo.
“OS MODELOS DE NEGÓCIOS CIRCULARES FORNECEM UM CRESCIMENTO AINDA MAIOR PARA A INDÚSTRIA DA MODA. A PRODUÇÃO DE ROUPAS DOBROU ENTRE 2000 E 2015, ENQUANTO O TEMPO DE USABILIDADE DAS ROUPAS CAIU EM MAIS DE UM TERÇO. MODELOS DE NEGÓCIOS CIRCULARES PODEM AJUDAR A REVERTER ISSO E CRIAR UMA INDÚSTRIA PRÓSPERA QUE ASSUMA A LIDERANÇA NO ENFRENTAMENTO DE DESAFIOS GLOBAIS, COMO MUDANÇAS CLIMÁTICAS E PERDA DE BIODIVERSIDADE”.
Marilyn Martinez, gerente de projetos de iniciativas de moda na Fundação Ellen MacArthur
Para ajudar os designers de toda a indústria da moda a aprender como eles podem se tornar parte da transformação da indústria da moda, líderes de todo o mundo também juntaram forças com a Fundação Ellen MacArthur para desenvolver um novo livro.
A publicação Circular Design for Fashion (“Design Circular para a Moda”, em português) reúne algumas das principais vozes da moda para definir novas oportunidades para criadores de toda a indústria. O livro resolve alguns mitos comuns e estabelece os princípios fundamentais do design circular, que vai além do design de produtos e serviços únicos e, em vez disso, foca em como reformular todo o sistema.
O livro traz exemplos de aplicação do design circular na prática e insights de marcas de luxo (Gucci e Vivienne Westwood), marcas independentes (Kevin Germanier e Marine Serre), gigantes redes de departamento (Gap Inc, H&M Group e PFH Corp.), pioneiros da experiência de moda virtual (Alvanon e The Fabricant), e especialistas em revenda e aluguel de roupas (thredUP e Vestiaire Collective).
“A ECONOMIA CIRCULAR OFERECE OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS ESTIMULANTES E, AO MESMO TEMPO, TEM UM EFEITO POSITIVO NO PLANETA. A INDÚSTRIA DA MODA PRECISA ADOTÁ-LA.”
Stella McCartney
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