Principal produto agroindustrial do semiárido brasileiro, o sisal é uma das poucas culturas produzidas na região com alto potencial econômico e viabilidade diante do clima. Líder mundial na produção da fibra, o Brasil chegou a produzir, em 2009, cerca de 50% do volume total do produto no mundo, segundo dados da FAO.
A demanda pela fibra de sisal vem crescendo com a procura por parte das indústrias automobilísticas, imobiliária, moveleira e aeronáutica por materiais naturais em substituição à fibra de vidro e amianto (proibido em diversos países). Quase toda a produção brasileira de fibras de sisal é destinada à exportação.
Apesar desse potencial, a forma rudimentar como é feita a extração do sisal e o baixo aproveitamento que da planta por falta de instrumentos tecnológicos têm sucumbido a cadeia produtiva da fibra. Nos atuais moldes de produção, apenas 4% do peso bruto da planta é aproveitado. Na Paraíba, segundo maior produtor de sisal do país – atrás da Bahia, que detém cerca de 95% da produção nacional – das seis agroindústrias que existiam na região produtora, apenas uma resiste com os trabalhos de beneficiamento.
Em uma análise de mercado divulgada recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o órgão destacou medidas que podem ampliar a capacidade de aproveitamento da planta em 100%, além de abrir novas perspectivas de usos dos resíduos derivados da extração da fibra. “Hoje em dia, a planta é desfibrada de modo rudimentar através de uma máquina, da década de 1950, que desfibra 4% de todas as plantas e as sobras ficam no campo. A sobra tem o suco, a bucha (que não tem uso comercial como fibra) e a mucilagem. Tanto a Embrapa como universidades fizeram estudos e viram que se for possível ter uma máquina desfibradora, centralizada, de forma que, quando desfibrar a planta, colher o suco, a mucilagem e bucha, poderá ter subprodutos”, explica o técnico de sisal da Conab, Ivo Neves.
As secretarias de Ciência e Tecnologia (Secti) e de Agricultura da Bahia (Seagri) estão investindo quase R$ 4 milhões em projetos para a construção de uma unidade de processamento central para colher os resíduos que hoje são desperdiçados e de usinas para aproveitamento de forma industrial. “Isso tudo vai possibilitar esse novo arranjo produtivo para o sisal de uma forma associativa para aproveitar isso que hoje fica pelo campo. Nós estamos num momento de transição entre esse modelo primitivo e esse novo”, completa Neves.
A previsão é de que as unidades piloto entrem em operação a partir de 2013.
Estudos já mostraram as possibilidades de uso dos derivados do sisal, como o suco, que representa cerca de 75% do peso da planta, com o qual é possível fazer produtos farmacêuticos, como xampu para caspa, além de fungicidas e herbicidas.
Já a mucilagem é bastante usada na alimentação de rebanho bovino, protegendo-o, inclusive, de doenças e pragas. “A mucilagem já é usada hoje na alimentação animal em 30% do seu volume. Agora, na seca, esse percentual subiu para 80%, ou seja, alguma coisa que se jogava fora antes está gerando riqueza. Isso deve se manter”, revela o presidente do Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais da Bahia (Sindifibras), Wilson Andrade.
“Todos os nossos equipamentos da cadeia produtiva do sisal estão ultrapassados. Há um trabalho muito grande Seagri e da Secti em trazer novas máquinas, mais seguras e que gerem melhor qualidade de produtos”, afirma Andrade.
Andrade ressalta que, assim como é preciso dar continuidade às pesquisas tradicionais do uso da planta, é necessário estimular novos mercados para o sisal, principalmente pela importância social da atividade. “As exportações são US$ 100 milhões, mas o PIB chega a US$ 200 milhões. O que não é muito em relação ao PIB da Bahia, mas o peso social é muito mais forte. Segundo o IBGE, o sisal gera renda para mais de meio milhão de pessoas no semiárido nordestino, que não tem muitas opções”.
Segundo o superintendente da Coban da Paraíba, Gustavo Lima, as condições de trabalho nas lavouras de sisal são aspectos a serem vistos. “O sisal é uma cultura que hoje afasta um pouco os jovens porque machuca a mão, exige muito esforço físico, e muita gente prefere trabalhar em outras áreas na cidade do que trabalhar no sisal. Esse é um quadro de momento. Só que as expectativas para a produção do sisal são boas”, destaca.
Fonte:|http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,EMI323763-1807...
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