Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Vestido em exposição no Fashion Institute of Technology, em Nova York: entrelaçamento de moda e tecnologia

Embora nos tempos em que vivemos possa parecer que avanços em roupas "inteligentes", capazes de administrar calor e sudorese, são novidades no mundo da moda - como ilustra uma exposição no museu do Instituto de Tecnologia da Moda (FIT, na sigla em inglês), em Nova York - moda e tecnologia, na realidade, estão interligadas há bem mais de dois séculos.

A designer Angel Chang, que mora em Nova York e é conhecida por seus estampados em cores cambiantes, tecidos luminescentes e forros para autoaquecimento, diz: "A moda é impulsionada por novas ideias e se desenvolve à base de inovações. Moda e tecnologia, portanto, andam de mãos dadas. A invenção da máquina de costura e de processos de tingimento químico coincidiu com o nascimento da moda masculina, no fim do século XIX".

A mostra no FIT, com 100 peças de seus arquivos, destaca algumas das maneiras como a tecnologia vem influenciando as roupas. De tecidos laváveis em máquinas passando pela criação do zíper de plástico à adoção por vezes revolucionária da tecnologia por estilistas famosos, como Alexander McQueen, Rei Kawakubo, Issey Miyake, Pierre Cardin, Elsa Schiaparelli e Hussein Chalayan.

"Já vimos diversas mostras que abrangem os séculos XX e XXI, mas nunca realmente vimos algo que remonte à revolução industrial", diz Emma McClendon, que organizou a mostra com curadoria de Ariele Elia, Colleen Hill e Lynn Weidner. "Essa exposição é mais sobre contexto histórico e para trazer à luz coisas sobre as quais as pessoas já nem pensam."

Na verdade, diz a historiadora da moda e curadora Akiko Fukai, "uma das figuras mais importantes da tecnologia e da moda é o químico William Perkin". Perkin é considerado como o pai dos corante químicos, tendo descoberto a anilina roxa no século XIX.

A exibição abre com a apresentação de um elenco de acontecimentos marcantes na moda tecno (um termo que remete a novidades criadas no século XXI, como e-têxteis com componentes digitais neles embutidas, vestidos com controle remoto, bordados eletrônicos com tecnologia de LEDs e cibercostura sob medida via internet).

Há um vídeo de desfiles de passarela na temporada primavera/verão da coleção Hussein Chalayan em 2007, em Paris, quando foram apresentados cinco vestidos metamorfoseando-se automaticamente ao longo de três décadas de moda graças a um sistema de computador projetado pela 2D3D.

Ao lado, há um vídeo exibindo o desfile holográfico da Burberry numa passarela em Pequim em 2011, bem como um vestido produzido por impressão 3D e uma bolsa, ambos criados por designers da holandesa Freedom of Creation (que usou um laser controlado por computador para esculpir o vestido). Faz uma década que o FIT tornou-se o primeiro museu a aceitar um tecido produzido por uma impressora 3D em sua coleção permanente, ao adquirir uma peça anterior da Freedom of Creation.

"O museu no FIT é uma instituição especializada em moda, com foco em novos rumos para a moda - inclusive têxteis produzidos por impressão 3D", diz a diretora e curadora-chefe do museu, Valerie Steele. "Essa tecnologia já é usada há cerca de 20 anos em engenharia mecânica e na área de desenho industrial para criação de protótipos. Mas Janne Kyttänen e Jiri Evenhuis, ambos da Freedom of Creation, são os primeiros estilistas a usar essa tecnologia de prototipagem rápida para criar têxteis."

Em última análise, porém, os trabalhos mais antigos e menos tecnológicos exibidos são os mais notáveis, a começar pela peça mais antiga em exibição: uma cueca e um casaco tecidos a máquina (1780-1800), incluídos para ilustrar como a tecelagem recém-mecanizada permitiu que costureiras criassem roupas mais bem ajustadas aos corpos. Um século mais tarde, Schiaparelli começou a incorporar zíperes plásticos em seus modelos. Dois desses projetos estão em exposição: um vestido para o dia, "circa" 1933, e um terno para a noite, "circa" 1937, confeccionado com tiras de papel celofane entretecidos com lã.

Ao passo que, segundo McClendon, "na década de 1950, a máquina de lavar roupa tornou-se um aparelho comum nas casa suburbanas modernas. Os designers reagiram a essa nova tecnologia criando tecidos que pudessem ser facilmente lavados nesses equipamentos". Assim, um vestido de Claire McCardell, de 1956, fez parte de um anúncio de máquina de lavar Philco.

Outros exemplos do desenvolvimento de materiais avançados por criadores de moda incluem um vestido de Pierre Cardin de 1968 confeccionado de Cardine, um tipo de tecido Dynel, foi moldado e prensado com calor para produzir superfícies angulares. Há também dois pares de sapatos feitos de Corfam - um material revestido de plástico desenvolvido pela DuPont para imitar diversos tipos de couros. Com efeito, observa McClendon, os anos 1960 foram o auge do plástico, aqui representado por uma capa de PVC da grife Yves Saint Laurent e uma cota de malha Paco Rabanne com entrelaçamento de plástico e metal. Como aponta Ariele Elia, porém, sem a experimentação com celofane acontecida anteriormente, nenhuma dessas peças de vestuário teria sido viável.

"Nós consideramos os anos 1960 como sendo a era do celofane, mas também o encontramos em 1920 e 1930", diz Elia. "Houve experiências com esse material até mesmo já em fins do século XIX". Em outras palavras, esta pode ser a era da tecnologia, mas ela não nasceu ontem.

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